PADRE BELARMINO
Belarmino Silvestre Torres nasceu na cidade de Nazaré/BA, em 31 de dezembro de 1829. Filho legítimo do Capitão José Antônio Torres e Rosália Maria de Santana.
O casal José Antônio Torres e Rosália Maria de Santana teve os seguintes filhos: Virgínia Torres (1827), Maria Berlinda de Nazaré (1828) e Belarmino Silvestre Torres (1829). Todos nascidos em Nazaré. José Antônio Torres faleceu aos 93 anos, em Condeúba, no dia 14 de junho de 1889, sendo enterrado na Igreja Matriz (1796-1889).
Depois de completar o curso de Humanidades na capital baiana, Belarmino optou pela carreira eclesiástica. Em 30/11/1850, recebeu as ordens do presbitério. Durante o curso teológico foi nomeado capelão cantor da Sé, pelo então arcebispo da Bahia, D. Romualdo Antônio Seixas. Em 1852 recebeu o rito de ordenação pelo mesmo arcebispo e logo foi promovido como sub-chantre (funcionário eclesiástico que dirige o coro) da Catedral da Sé em Salvador, onde permaneceu por cinco anos.
Por Decreto imperial de 25 de setembro de 1857 foi nomeado vigário da freguesia de Santo Antônio da Barra (Condeúba), pelo arcebispo D. Romualdo Antonio de Seixas – Arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil. O padre Bellarmino Silvestre Torres exerceu como vigário colado da freguesia de Condeúba desde 15 de dezembro de 1857 e tomou posse em 05 de abril de 1858. Foi o primeiro pároco a residir em Condeúba, onde permaneceu por 38 anos, teve atuação religiosa de destaque na região. Antes dele, atuava ali, esporadicamente, o vigário José Joaquim Andrade, de Vitória da Conquista, falecido em 1857.
Dotado de espírito ativo e trabalhador, desempenhou, com dedicação e fé fervorosa, aos cuidados religiosos da sua freguesia, levando a palavra de Cristo a todos os fiéis, cumprindo a sua obrigação sacerdotal. Lutou com afinco pela evangelização que lhe foi confiada, atendia na sede e em todos os distritos: Santa Rosa (atual Guajeru), São João do Alípio (atual Presidente Jânio Quadros), Bom Jesus do Tremedal (atual Tremedal), Lagoa da Tábua (atual Piripá), Caraíbas, São Felipe (hoje distrito de Tremedal) e outras comunidades. O seu meio de transporte era o lombo do animal e sua companhia era o sacristão.
Incentivou o povo de Santa Rosa para a construção da igreja, inaugurada em 17/07/1876, e intermediou a compra da imagem padroeira em 1883, por encomenda a um artesão de Salvador. A imagem Santa Rosa de Viterbo, padroeira da comunidade de Santa Rosa, custou sessenta mil reis. Em 02 de fevereiro de 1883, deslocou-se de Santo Antônio da Barra especialmente para a ocasião e entronizou a imagem na Igreja. Destaque-se que o padre Belarmino foi o primeiro pároco da capela de Santa Rosa.
Pela sua determinação e inteligência, por 18 anos, exerceu o cargo de Comissário de Instrução Pública e Inspetor Literário em Santo Antônio da Barra. Envolveu-se em política com o objetivo de mais facilmente conseguir melhoramentos para a sua paróquia e desenvolver o município.
Com visão progressista, afiliou-se no Partido Liberal e, mais tarde, ao Partido Conservador, exercendo o domínio político na sua freguesia. Pela sua atuação política e prestígio pessoal na comunidade, foi indicado pelo Partido Conservador para ocupar, as legislaturas de 1882/1883 e 1886/1887, o cargo de deputado provincial.
A sinceridade e a dedicação com que defendia a sua maneira de compreender, de perceber determinadas situações políticas com ideias nobres, levaram-no a enfrentar lutas renhidas com seus adversários que, sem êxitos, tentavam defenestrá-lo da causa que esposara.
Organizado, distribuía o tempo de acordo com as funções a serem exercidas, sem prejuízo dos seus deveres espirituais. Atendia uma vasta freguesia com núcleos localizados a grande distância da sede da matriz, que visitava pelo menos duas vezes por ano para o desempenho da sua função sacerdotal (missas, batizados, casamentos).
O vigário Belarmino exerceu a cidadania política em favor da sua freguesia, do engrandecimento e prosperidade do lugar. Não se limitava ao templo religioso, tinha, também, a obrigação cívica para com a pátria.
Em 1854, uniu-se à viúva Umbelina Emília dos Santos, nascida em Maragogipe, no dia 12/10/1824. Filha de Umiliana dos Santos. Dessa união, nasceram os seguintes filhos, por ele reconhecidos civilmente: João Nepomuceno Torres (Salvador, N. 1855), Belarmina Augusta Torres (Salvador, N.1857), Tranquilino Leovigildo Torres (Santo Antônio da Barra, N. 1859), Américo Arnulfo Torres (Condeúba, N. 1861), Elpídio Benigno Torres (Condeúba, N. 1865) e Cecílio (natimorto).
Registre-se que, anteriormente, Umbelina Emília dos Santos fora casada com José Rodrigues Coelho na Igreja da Sé, em Salvador, em 02/12/1843, sendo testemunhas José Caetano dos Santos e dona Ana Matildes Campos Pitombo. O marido faleceu em 1º/09/1850. O casal Umbelina/Rodrigo teve os seguintes filhos: Álvaro Rodrigues Coelho, Maria Amélia dos Santos Coelho, Umbelina Rosa dos Santos Coelho e José Rodrigues Coelho, todos nascidos em Salvador/BA.
Da segunda união de Belarmino Silvestre Torres com Francisca Benta de São José, natural de Salvador, nascida em 1857 e falecida na mesma cidade em 1934. Em Condeúba nasceram os seguintes filhos: Tercília Torres (N.1886), Leonídia Torres (N.1888), Juvenal Franklin Torres (N.1889), Benjamin Torres (N.1894) e Brasilina Torres (N.1896).
Em 1855, prestou relevantes serviços durante a epidemia da cólera, como capelão no Hospital da cidade de Cachoeira e também na Capital do Estado.
Em 1865, durante a Guerra do Paraguai, organizou, na sua freguesia, contingente para composição do Batalhão Patriótico. Ofereceu-se para seguir como capelão voluntário, contudo o Presidente da Província recusou a proposta.
Como pároco de Santo Antonio da Barra (Condeúba), promoveu a reconstrução e melhoramentos do templo, com embelezamento, segurança, conforto e tranquilidade. Aquele foi considerado o melhor templo do alto sertão, orgulho dos fiéis condeubenses.
Irmão de diversas ordens e confrarias religiosas, o vigário Belarmino foi, também, sócio fundador do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Fez várias doações à entidade, as quais enriqueceram as suas coleções.
Belarmino era um homem de porte atlético, de beleza singular, culto, inteligente e excelente orador. Contrariando a orientação e a tradição da igreja católica, o sacerdote não respeitou a castidade e relacionou-se com duas mulheres.
Um ano antes do falecimento (1895), Belarmino havia-se afastado das funções religiosas por motivo de saúde. O vigário Belarmino Silvestre Torres faleceu em 06 de agosto do ano de 1896, na Vila de Santo Antônio da Barra (Condeúba) e foi sepultado na igreja matriz, junto ao altar-mor. Umbelina Emília dos Santos faleceu em Condeúba, em 16/06/1887 e está enterrada no cemitério municipal local.
Sucedeu-lhe na direção da paróquia o cônego João Gualberto de Magalhães até 1919, quando foi substituído pelo padre Luiz J. Henriques – irmão de D. Manoel Raimundo de Mello, primeiro bispo da diocese de Caetité, criada em 1913. Em 26 de dezembro de 1921, foi nomeado pároco de Condeúba o padre Waldemar Moreira Cunha, filho de tradicional família Caetiteense que exerceu o seu ofício por 45 anos. Atualmente (2015) o pároco de Condeúba é o padre Osvaldino Alves Barbosa – padre DINO.
DOCUMENTOS:
Bellarmino Silvestre Torres, Presbytero Secular do Habito de S. Pedro, Vigário Collado da Freguezia do Santíssimo Sacramento e Santo Antônio da Barra.
Certifico que revendo um livro findo de assentos de baptismo, consta à fl. 90, o assento do theor seguinte: Aos quinze de janeiro de mil oitocentos e sessenta, [1860], o Reverendo Coadjutor Esperidião Gonsalves dos Santos baptizou solemnemente e poz os Santos Oleos a Tranquilino, branco, de quatro meses e meio, filho natural de Umbelina Emília dos Santos, fórão padrinhos o Comandante Superior Exupério Pinheiro Canguçú e sua mulher D. Umbelina Barbara de Souza Meira, por procuração que apresentou D. Maria Amália dos Santos e para constar fiz este assento. O vigário Bellarmino Silvestre Torres [Pai de Tranquilino].
E nada mais se continha no dito assento, que bem e fielmente transcrevi do próprio livro, a que reporto, em fé do que me assigno. Vila de Santo Antonio da Barra, 20 de junho de 1868. (a) Vigário Bellarmino Silvestre Torres. N.º 22 – Rs. 200. Pg duzentos reis. Barra 23 de junho 1868 – Silva.
CRONOLOGIA DE BELARMINO SILVESTRE TORRES:
1829 – Nasce em Nazaré; 1850 – Recebe o presbitério em Salvador; 1852 – Ordena-se padre; 1854 – une-se a Umbelina Emília dos Santos; 1857 – É nomeado vigário de Santo Antônio da Barra (Condeúba); 1858 – Toma posse como vigário da comunidade; 1865 – Na Guerra do Paraguai, organiza Batalhão Patriótico na comunidade e se oferece para servir como capelão; 1876 – Incentiva o povo santa-rosense a construir a igreja; 1883 – Intermedeia a compra da imagem de Santa Rosa de Viterbo para a Capela de Santa Rosa; 1882/1883 e 1886/1887 – Torna-se deputado Provincial indicado pelo Partido Conservador; 1885 – Une-se a Francisca Benta de São José; 1885 – Presta serviços no combate à cólera nos hospitais de Cachoeira e Salvador; 1887 – Falece em Condeúba.
FONTES DE PESQUISAS:
- OS TORRES – Genealogia escrita por Mário Torres;
- Wikipédia – enciclopédia livre;
- Memória descritiva do município de Condeúba, de Tranquilino Leovigildo Torres;
- Pesquisas no www.google.com.br.