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Covid-19: crescem buscas sobre “auto teste” na internet

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Especialistas explicam que autotestes para detectar o coronavírus feitos em casa servem apenas como triagem e podem apresentar falso negativo

 

Por: Luciano Marques/Agência Brasil 61 

 

Com o aumento de casos de Covid-19, cresceu também a busca na internet por informações sobre os autotestes. O mecanismo de tendência de buscas Google Trends registrou o aumento do interesse nos últimos dias.

Aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em janeiro, muitos ainda se questionam se são suficientes para detectar o Sars-Cov-2. Especialistas explicam que eles não devem ser considerados os únicos dispositivos de diagnóstico por aqueles que pensam estar infectados, principalmente por causa do falso negativo.

O manuseio errado do teste e as condições em que são feitos também podem atrapalhar o resultado. Segundo a biomédica sanitarista especialista em microbiologia clínica, Fabiana Nunes, há risco de o teste ser mal executado.

“É uma possibilidade que o indivíduo tem de realizar o teste em casa, sem o ambiente laboratorial ou sem a presença de um profissional. Qual é a grande preocupação? É o resultado falso negativo. É o fato de a pessoa realizar o teste, não colher de forma adequada ou não executar de forma adequada. E ter um teste falso negativo significa que ela tem o Sars-CoV-2 e ela transmite o Sars-CoV-2. E não foi detectado porque o teste não foi feito de forma adequada”, destaca a especialista.

Aurineide Santos, 43 anos, doméstica, descobriu que a colega de trabalho testou positivo para Covid-19 e ficou preocupada. O autoteste, comprado em uma farmácia, foi feito por ela em casa e deu negativo, mas a moradora de Planaltina (DF) teve receio de não conseguir realizar, sozinha, os procedimentos de forma correta.

“Fiquei com medo de não conseguir. Li e reli, porque tem de ler bem direitinho as orientações. Aí depois que você faz, espera o resultado, que leva de quinze a vinte minutos. E deu tudo certo, graças a Deus”, relata Aurineide.

O infectologista Hemerson Luz explica que os autotestes foram criados para serem utilizados pelos próprios pacientes como uma maneira de desafogar um pouco a fila nos hospitais, clínicas e laboratórios, mas que não podem ser levados em conta como diagnósticos definitivos. Segundo o especialista, a maior utilização do dispositivo não deve criar problemas de subnotificação e que o correto, caso a pessoa teste positivo, é procurar ajuda de profissionais.

“São exames de triagem. Caso tenham resultado positivo, os pacientes deverão procurar um médico para fazer um exame reconhecido. Não acredito que haja problemas e subnotificação por causa do autoteste. Quando uma pessoa encontra um resultado positivo, ela certamente procurará um médico para fazer o exame que é reconhecido e comprovar junto os seus trabalhos, junto às suas escolas que devem afastados”, destaca.

Como funciona?

O autoteste vendido nas farmácias é indicado para maiores de 15 anos que apresentem ou não os sintomas da Covid-19. O dispositivo é composto basicamente por uma placa com sensor, um cotonete específico para a coleta de secreção no nariz e um reagente,

Antes de fazer o teste, a pessoa deve higienizar bem as mãos, introduzir o cotonete na narina e rotacionar, de acordo com o manual do teste. O cotonete, então, é mergulhado no reagente, em um recipiente que acompanha a embalagem, e o passo final é pingar algumas gotas desse conteúdo no cartucho com o sensor. O resultado sai em até 20 minutos. Se o display mostrar apenas uma linha, o resultado é negativo para Covid-19. Se mostrar duas linhas, positivo.

Quando é recomendado o autoteste?

Segundo Hemerson Luz, o autoteste é apenas uma forma de triagem, portanto, deve ser utilizado por pessoas que desconfiem de uma infecção, como alguém que tenha tido contato com uma pessoa que testou positivo para Covid ou que identifique sintomas comuns da doença, como febre, tosse, dor de garganta e perda do olfato ou paladar.

Segundo a Anvisa, o autoteste não é indicado para os casos em que os sintomas apresentados são mais graves, como falta de ar. Nestes casos, o paciente deve procurar um serviço de saúde.

Também segundo a Anvisa, é preciso se certificar de que o autoteste vendido foi aprovado pela Agência. A consulta pode ser feita em uma planilha disponibilizada pela Anvisa.

Ao todo, 32 produtos foram autorizados, sendo um deles realizado por meio da saliva e 31 com swab nasal.

A recomendação também é de que o teste seja feito entre o primeiro e sétimo dia do início dos sintomas leves. Caso a pessoa não apresente sintomas, mas esteja em dúvida por possível contato com infectados, a recomendação é fazer o autoteste a partir do quinto dia de exposição à pessoa que estava infectada com Sars-CoV-2.

Falso negativo

O reagente do autoteste detecta a proteína do Sars-CoV-2 nas secreções nasais, colhida pelo cotonete, mas há a possibilidade de o vírus ainda não ter se replicado em larga escala na pessoa infectada, gerando o falso negativo. Segundo os especialistas, também é possível que o procedimento não tenha sido realizado de forma correta ou que as condições externas não tenham sido favoráveis. Em caso de negativo, a indicação é a realização de outro autoteste nas próximas 48 horas após o primeiro.

O teste RT-PCR, realizado por profissionais e em ambientes laboratoriais, ainda é o método com menor chance de apresentar um resultado falso negativo. Caso o paciente não apresente sintomas, mas permaneça em dúvida, o RT-PCR deve ser realizado entre o terceiro e o quinto dia. Vale ressaltar, ainda, que entre os vacinados, a replicação viral é menor e a detecção da proteína do vírus na região nasal é mais complicada de ser feita com precisão.

 

Foto da capa: Divulgação/SES

 

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