Segundo o Globo, outros ministros do Supremo alegam que a proposta fere não só a harmonia entre o Judiciário e o Legislativo, como também a cláusula pétrea da Constituição da separação entre os Poderes.
Essa posição foi compartilhada por membros da Corte com os presidentes Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do Senado, e Arthur Lira (PP-AL), da Câmara, que disseram que a proposta não avançará.
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Então, se me oriento pelo que vejo e sei, a harmonia entre os poderes é algo que o Supremo e só o Supremo pode violar. E viola. Viola quando os ministros falam demais; viola ao interferir, como agora, na questão das emendas de relator, quando até Arthur Lira reagiu; viola quando pressiona o parlamento contra o voto contável e auditável; viola quando legisla sobre direito penal; viola quando intervém em nomeações do Executivo; viola quando os ministros dão conselhos públicos ao Presidente da República, como se fossem editorialistas do Globo ou da Folha; viola quando se autoproclama “Poder Moderador” da República (nenhum dos três poderes políticos pode ser, também, poder moderador devido, exatamente, à necessária harmonia entre os poderes!). Essa obviedade, que passa despercebida pelo guardiães da Constituição e pelo Congresso, me foi proclamada pelo eminente professor de Direito Constitucional, Dr. Cézar Saldanha Souza Júnior.
Por fim, o “espírito de retaliação”, mencionado pelo ministro presidente. Retaliar, segundo o bom e velho Aurélio, é “revidar com dano igual ao dano recebido”. Aqui, desde o divã do analista onde fui jogado, vejo essa afirmação como confissão de que a tal harmonia entre os poderes recebeu, antes, um dano correspondente no sentido inverso, ou seja, dano do Supremo ao Legislativo, ou do Supremo ao Executivo.
Depois do sincericídio do ministro Toffoli sobre a condição de poder moderador assumida pelo STF, temos, agora, outro sincericídio, o do ministro Fux. Lira e Pacheco, porém, não dão bola para essas minúcias…