O negro no Brasil sofre com a falta de moradia, emprego e de respeito. Hoje tá na moda falar em reparação, mas será que todos já refletiram neste termo e sabem o que significa para os afrodescendentes? A discriminação acontece nas ruas, nas lojas, nos grandes centros e nos pequenos também. Essa situação perdura no Brasil por séculos e olhe que ultimamente estão sendo realizadas diversas companhas de combate a essa prática nefasta, podre e injusta que dizimou famílias por muito tempo.
Porém tudo começou no período de colonização do país. Naquela época não existia mão de obra disponível e os índios já não serviam mais para o trabalho porque algumas pessoas se posicionavam contra essa prática. A solução, então, veio da África. Os negros eram trazidos nas piores acomodações de um navio, nos porões. A viagem começava no continente africano e quando desembarcavam no Brasil eram vendidos aos fazendeiros para trabalhar pesado na roça e em outras tarefas. Isso tudo durou cerca de 300 anos.
A história do Brasil diz que a partir de 1870, a região sul do país substituiu os escravos por empregados brasileiros e imigrantes. Já no norte, as usinas substituíram os engenhos. E assim, os fatos começaram a acontecer visando acabar com essa aberração que era o homem escravizar o seu próprio irmão: extinção do tráfico negreiro (1850); Lei do Ventre Livre (1871); Lei dos Sexagenários (1885) e Lei Áurea em 13 de maio de 1888. Essa aboliu de vez a escravidão no Brasil.
Eu faço essa reflexão só para lembrar a todos que existe uma enorme dívida com os afrodescendentes que precisa ser paga. Mas não adianta pessoas sem conhecimento de causa dizer que brigam e apenas encenam uma situação, aquecem os termómetros da popularidade e depois abandonam o tema, só voltando a falar do assunto quando se aproxima o 13 de maio. É preciso que todos entendam que a escravatura disfarçada ainda acontece no campo de trabalho, nas cadeias e nas comunidades carentes, sem falar que nós sofremos com a onda de violência e discriminação racial.
Saliento que a luta pela reparação não vai acabar. Como vereadora de Salvador, criei um projeto para incentivar empresas a contratar afrodescendentes para compor seu quando funcional. Indiquei ao governo do estado e também ao Congresso Nacional que criassem projetos estabelecendo cotas raciais nos concursos realizados pelo poder público estadual e federal. Aqui em Brasília carrego na mente e na alma a coragem para lutar por projetos reais que reparem essa violência moral e psicológica que submeteram nossos irmãos afrodescendentes.