redacao@jornaldosudoeste.com

A menos de um ano da implantação obrigatória da BNCC, especialista comenta desafios a serem enfrentados em sala de aula

Publicado em

Segundo Vinícius Beltrão, formar os professores será um dos obstáculos das redes educacionais neste processo de mudança

 

Por Cíntia Moreira

 

Em dezembro de 2017, o Ministério da Educação homologou a Base Nacional Comum Curricular dos ensinos infantil e fundamental. Um ano depois, foi a vez da BNCC do ensino médio – conjunto de diretrizes que orientam a elaboração dos currículos das redes municipais, estaduais e federal de ensino médio, tanto de escolas públicas quanto particulares. Neste domingo (28), em que se comemora o Dia Mundial da Educação, vamos falar sobre o que mudou em sala de aula desde então. As instituições de ensino têm até o ano que vem para se adaptar às mudanças.

Vale lembrar que o debate sobre a qualidade do ensino não é algo novo. A Constituição de 1988 já prevê, desde a sua promulgação, que a educação seja um serviço à disposição de qualquer pessoa, auxiliando no preparo para o exercício da cidadania e fornecendo qualificação para o mercado de trabalho. Em 1996, o marco regulatório do setor educacional no país, a Lei de Diretrizes e Bases, determinou que a União firmasse um Pacto Interfederativo, ou seja, um acordo com vários níveis de governo, de forma a estabelecer competências e diretrizes capazes de orientar os currículos, ou seja, o que deve ser ensinado pelas escolas.

Em 2014, o Plano Nacional da Educação reafirmou a necessidade de se estabelecer diretrizes pedagógicas para a Educação Básica e de criar uma Base Nacional que orientasse os currículos de todas as escolas do país. A BNCC recebeu colaborações de milhares de professores e especialistas, até que foi entregue ao Conselho Nacional de Educação. Um avanço e tanto para o país onde 2,8 milhões de crianças e adolescentes entre quatro e 17 anos não estudam, segundos dados do mais recente Censo Escolar, de 2016.

De acordo com o especialista de Ensino e Inovações Educacionais do SAS Plataforma de Educação, Vinícius Beltrão, as aulas deverão ser cada vez mais planejadas pensando no protagonismo dos estudantes, baseadas em métodos ativos de ensino, como a aula invertida, por exemplo, onde a lição de casa é feita em sala e a aula é dada em casa. Segundo ele, formar os professores será um dos obstáculos da rede pública e privada neste processo.

“Há uma proposta metodológica nova, o grande desafio é pensar: quais as metodologias eu vou utilizar agora? Qual é a abordagem que eu devo ter em sala de aula? E esse vai ser o grande desafio: formar o professor para que ele entenda essa nova abordagem e as metodologias e consiga utilizá-la na sala de aula como um mediador”, analisou.

Para o especialista, tanto escolas públicas, como privadas vão ser afetadas pelas transformações, o que muda é a forma de analisar os erros e acertos nesta fase. Segundo Vinícius Beltrão, os períodos de transição são os momentos de experimentação, com êxitos e equívocos, mas que o importante é saber lidar com erros, e entender que eles devem ser avaliados como aprendizado.

Deixe um comentário