A mulher era do tipo ‘mulher macho’, fazia todo o serviço da fazenda onde residia, era pau para toda obra, montava a cavalo, fazia as vezes de vaqueiro, ordenhava as vacas e ovelhas, fazia queijos e requeijão, mandava e desmandava na fazenda, no eito nunca encontrou homem que a superasse no trabalho, enfim era a chefona da propriedade. O pai em idade avançada não dava palpite, tudo era resolvido pela filha única e solteira.
Era considerada, no lugar, mulher rica, de reputação inatacável, respeitada e honrada, porém o seu aspecto físico e o trabalho duro que exercia, a tornaram uma pessoa musculosa, de aspecto masculino. Não vestia saia, usava calça e assim se sentia bem melhor, pois facilitava o seu trabalho. Tinha bigode e barba, ainda que rala. Diz o ditado sertanejo que mulher de bigode nem o diabo pode.
Um indivíduo da redondeza passou a manifestar admiração pela disposição da dita, pelo seu trabalho, mas tudo indicava que o sujeito estava interessado na riqueza da fulana. Passou a cortejá-la, a elogiar a sua disposição, a sua integridade, a sua compostura, com esse linguajar, demonstrava interesse em conquistá-la.
Ela sentia um encantamento pelo rapaz que a procurava sempre para um bate-papo, o instinto feminino, a vaidade e os elogios do conquistador, fizeram-na, feliz e orgulhosa. Enamorou-se do homem que a galanteava com conversas agradáveis e melíferas, o relacionamento logo evoluiu para um compromisso de casamento.
O ato realizou-se na pequena capela do lugar, foi uma festa de arromba, sanfoneiro, muita comida, muita bebida, tudo patrocinado pela fazendeira. Ao marido dava as ordens do que tinha para fazer e, pulava no seu ginete, ia percorrer o campo e pastorear os animais. O esposo pensava que com o casamento passaria a comandar a propriedade e tirar proveito disso, porém, não lhe foi permitido essas liberdades.
Nas relações sexuais, não havia do másculo, o tchã do amor, funcionava como se fosse uma máquina, apenas para satisfazer as suas necessidades libidinosas. Entretanto a mulher o amava.
O Moço era um indivíduo rústico, mas, de boa aparência, traços finos, cabeleira vasta, ainda que descuidada, se impunha pela feição que lhe caracterizava por ser, naturalmente, belo. Insatisfeito, descuidou-se das obrigações matrimoniais. A mulher sempre esperava pela iniciativa do marido que não acontecia, mas não reclamava.
Descobriu que o indigitado tinha uma amante. A esposa enciumada, sabendo da atitude do marido em procurar outra, furiosa e enraivecida, decepou o pênis do companheiro, e colocou em um pote com formol. Ao ser conduzida para a delegacia e se explicar pelo acontecido, o delegado que presidia o processo lhe perguntou: – qual a razão de colocar a estrovenga do companheiro em vaso com formol, como se fosse um troféu?
– Eu fiz isso, para nunca me esquecer que fui traída.
A infidelidade é um inimigo cruel no casamento. O adultério é capaz de causar constrangimentos, raivas e decepções na pessoa traída.