A personagem Ivana da novela “A Força do Querer”, da Rede Globo, fez exatamente isso. Deu um nó no pensamento. A personagem é uma moça que desejava ser rapaz, mas continua relacionando-se com outro rapaz, do qual fica grávida. Ou seja, não é uma moça com tendência ou desejos homossexuais, mas sim uma moça com desejos heterossexuais, gosta de homens, mas deseja ter aparência de homem. Você percebe como o pensamento dá um nó diante disso? É exatamente isso. Diante desse nó não há mais clareza sobre o ser humano e sua sexualidade. Se a homossexualidade já é complexa e misteriosa, mais ainda uma situação onde o desejo é mudar a aparência, mulher querer ser homem, mas não para relacionar-se com mulher, mas sim com homens. Aparece aqui uma confusão também na compreensão profunda do ser humano, da sua alma. Nós sabemos que existem pessoas que nascem com a alma de mulher em corpo de homem e com alma de homem em corpo de mulher. Isso existe e é preciso respeitar porque entra na dimensão do mistério da vida e da existência. Isso não vale para todas as relações homossexuais. Na grande maioria dos casos são tendências que vão se afirmando no decorrer da vida com as atitudes e escolhas pessoais.
O caso da personagem apresenta a alma de mulher, pois continua relacionando-se com homem, mas deseja tornar-se um pessoa com aparência de homem. Só que esse desejo profundo significaria exatamente o desejo da alma. Ou seja, a alma aqui está dividida. É nisso que o pensamento dá um nó. O desejo da personagem de ter aparência de homem é um desejo da alma e não um simples desejo superficial. Só que o fato de continuar relacionando-se com um homem também entra no desejo da alma. Aqui está a contradição e o nó que a novela faz.
Um personagem assim consegue mais ainda confundir a difícil clareza daquilo que o ser humano é. O ser humano sempre será um mistério, mas nesse caso se torna um mistério dentro do mistério. Minha nossa! Com essas novelas e esses personagens dificultamos ainda mais as coisas. Onde chegaremos?