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A procura

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A verdade era tudo que Ela queria.

Não importava se seria dolorida ou fácil de encarar, precisava conhecer a verdade sobre os fatos.

Parecia ser algo simples, mas é que não havia nada mais complexo do que chegar até lá.

Antes de sair a sua procura, certificou-se de que aguentaria o tranco de todas as consequências que suas descobertas poderiam trazer.

Sabia que aquele era um caminho sem volta.

Caso realmente saísse à procura, a realidade faria dela alguém completamente diferente.

Teria que tomar decisões drásticas, talvez, mudar o rumo da própria vida.

Tinha a opção de deixar tudo como sempre fora e conviver com a dúvida e a incerteza para sempre.

Resolveu agir:

Ajuntou as provas, endereços, fotografias que tinha e foi à luta.

Foram meses de telefonemas, visitas a endereços que já não existiam, até que, depois de meses de trabalho, lá estava Ela com um papelzinho na mão com nome completo, endereço e telefone.

Agora faltava apenas a coragem de discar, visitar, escutar a voz.

Toda a coragem que havia surgido no começo da busca se perdera.

Quando passou a ter na palma de sua mão tudo o que sempre procurara, o medo a paralisou.

“Por que mesmo você quer descobrir isso? O que vai mudar em sua vida? Você pode agora, telefonar em datas especiais, ir visitar uma ou duas vezes ao ano ou simplesmente sair de lá e nunca mais voltar. Ninguém é acostumado com ninguém mesmo, então, o aparecimento repentino da sua pessoa não mudará nada na vida de quem vai se fazer conhecer nem na de quem vai ser conhecido.”

Tudo isso passava por sua cabeça enquanto olhava fixamente para aquele papel.

Em outro momento, veio a ideia de que todos aqueles dados poderiam ser falsos, que seria mais um telefonema infrutífero e apenas a volta à estaca zero.

Podia ser.

Ou não.

Respirou fundo e discou os números.

Enquanto esperava ser atendida, seu coração parecia que ia sair pela boca.

“Alô?”

E antes que respondesse a qualquer coisa, Ela teve a certeza de que sua vida teria para sempre um novo e permanente integrante.

A busca terminara e, não importava o que aconteceria dali para frente, valeria a pena.

Vivi Antunes é ajuntadora de letrinhas e assim o faz às segundas, quartas e sextas no www.viviantunes.com.br

 

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 744