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A solitude e o silêncio que faz bem

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Jesus nos chama da solidão para a solitude. Nós temos medo da solidão. As pessoas tem medo de ficarem sozinhas. Uma criança quando é separada da vizinhança ou de outras crianças que ela está acostumada a estar junto, ela diz para a mãe: ninguém brinca comigo e ela vai chorar. Uma caloura na faculdade suspira pelos dias que estava na escola onde lá ela tinha amigos e ela diz: agora sou uma figura apagada. Um executivo poderoso no seu escritório, lá está sozinho. Uma senhora idosa reside em um lar de velhos, mas aguardando a hora de ir para o lar.

Nosso medo de ficar sozinhos impulsiona-nos para o barulho e para as multidões. Nós temos medo do silêncio e da solidão, por isso as pessoas buscam ambientes que tenham palavras, barulho, conversas, movimento. Certo é que a solidão ou o barulho não são nossas únicas alternativas. Podemos cultivar a solitude e um silêncio interior que nos livra da solidão e do medo. Solidão é vazio interior. Solitude é realização interior. Solitude não é antes de tudo um lugar, muito menos um lugar de sofrimento, mas um estado da mente e do coração.

 A solitude do coração pode ser mantida em todas as ocasiões. Estar em meio ao barulho, ao movimento ou não, tem pouco a ver com este estado interior. Ela pode existir, mesmo em meio a isso. Mas, se possuirmos solitude interior nunca teremos medo de ficar sozinhos, pois sabemos que não estamos sós, nem tememos estar com os outros, pois esses fatores não nos controlam, nem em meio ao ruído ou confusão. Nesse estado encontramos calma num profundo silêncio interior. A solitude interior se manifesta nas atitudes exteriormente. Nela há liberdade de estar sozinho, consigo mesmo, não para nos afastarmos das pessoas, mas para poder ouvi-las melhor, compreendê-las melhor, agir melhor.

Jesus viveu em solitude do coração. Ele começou seu ministério passando 40 dias no deserto, antes de escolher os doze, passou a noite inteira em silêncio. Quando recebeu a notícia da morte de João batista retirou-se dali, num barco, para o lugar deserto a parte. Após a multiplicação dos pães, Jesus mandou que os discípulos partissem, então ele despediu às multidões e partiu ao monte, afim de orar sozinho. Jesus ficava muitos momentos sozinho. Em solitude, era o momento da sintonia com o seu coração, com a sua interioridade e com o Pai: com Deus.

A solitude é a capacidade de entrar em sintonia com a voz interior, com o nosso eu e a nossa alma, que é o lugar onde mora Deus. Viver somente no agito, no barulho, sem parar para ouvir a si mesmo, não acalma e nem satisfaz de verdade o coração.

Buscar momentos de solitude e aproximar nosso coração, nossa alma e nossa mente, numa mesma sintonia, faz bem.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 744