As infestações chegam a índices alarmantes por falta de interesse das autoridades em resolver o problema, e da própria comunidade que desconhece as conseqüências da infestação por parasitas. As administrações municipais e estaduais raramente se preocupam com o saneamento básico. Muitos prefeitos costumam dizer a seus assessores: “CANOS NÃO DÃO VOTO”.
Nos postos de saúde faltam vermífugos principalmente porque os médicos não os receitam, e os exames de fezes aparecem quase sempre negativos quando há infestação parasitária, mesmo em 3 amostras, e este falso negativo tem levado milhões de pessoas no Brasil e no mundo à complicações e, às vezes, ao óbito, porque ainda há quem crê que só podemos tomar vermífugos se os exames de fezes apresentarem-se positivos.
As campanhas realizadas pelo Ministério da Saúde direcionadas para o combate à verminose são quase inexistentes. Justamente por sonegar informações sobre a prevenção, deixar de abastecer unidades médicas com vermífugos, não atuar com freqüência e adequadamente em áreas endêmicas, a Organização Mundial de Saúde considerou as parasitoses como “DOENÇA NEGLIGENCIADA”.
Os óbitos causados por esta patologia é muito maior do que se imagina, e os registros são imprecisos uma vez que não contempla as mortes causadas de forma indireta em consequência de uma brutal perda das defesas do organismo.
Há alguns anos atrás, O Dr. Thiago Duarte atendeu uma criança em convulsões no posto de saúde do Lami, colocando lombrigas pela boca e pelo ânus, vindo a falecer algumas horas depois. Esta criança foi atendida anteriormente em outra Unidade de Saúde que não ofereceu tratamento porque os exames de fezes em 3 amostras se apresentavam negativos.
Infelizmente episódios idênticos a este ocorrem diariamente em vários pontos do país.
Mais da metade da população brasileira vivem em condições insalubres, em áreas onde não dispõe de água tratada, com esgotos a céu aberto, lixões e poços rasos ou artesianos contaminados, sendo o saneamento básico fundamental e indispensável para o controle dos parasitas e muitas outras doenças infecciosas.
A distribuição maciça de vermífugos em escolas e áreas endêmicas, assim como impressos que orientam a prevenção e tratamento são absolutamente necessárias, e nas regiões onde foram realizadas, observou-se nitidamente uma grande melhora na saúde e no rendimento escolar da população beneficiada.
Há porem os que consideram uso indiscriminado de medicamentos partindo pelo pressuposto de que muitos receberão vermífugos sem necessidade podendo criar resistência.
Pensamos de maneira diferente, uma vez que é importante conhecer a realidade das favelas, a extrema pobreza, a promiscuidade, a convivência com lixões e as condições insalubres de moradia em áreas de pouco ou nenhum saneamento básico. Se nas populações de classe A e B de áreas nobres já há avanço da verminose, imaginem em regiões mais carentes de condições subhumanas que abrigam mais da metade da população brasileira.
Qual a importância de uma suposta resistência, diante de mais de 120 milhões de pessoas infectadas por parasitas que causam inúmeros transtornos para a saúde e que em milhares de casos levam ao óbito que poderiam ser salvas com a simples administração prévia de um Albendazol que custa para o Ministério da Saúde, menos do que 10 centavos?
Infelizmente as desinformações são maiores que a informações, e se não derrubarmos conceitos obsoletos e não arregaçarmos as mangas para combatê-la, a verminose seguirá causando vítimas. O desconhecimento e o pouco interesse pelo assunto, somados à falta de planejamento e execuções de medidas de conscientização, prevenção e combate às parasitoses, tem sido uma tragédia para a saúde pública. Quando surgirem verdadeiras ações em todo o Brasil, certamente diminuirão em pelo menos vinte por cento as doenças, as hospitalizações e os óbitos causados direta ou indiretamente pelos parasitas.
NÃO SE COMBATE A MISÉRIA SEM COMBATER A VERMINOSE, E QUEM SALVA UMA VIDA, SALVA UMA HUMANIDADE.