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“A violência contra mulher é cíclica, começa de maneira leve e vai se agravando quando não se toma nenhuma medida inicialmente, até acabar em feminicídio”, pontua Delegada Titular da Neam de Brumado

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POR LETÍCIA ARIÁDNE GOMES

Quem pensa que uma Delegada de Polícia Civil, Titular de uma Delegacia ou Núcleo Especializado de Atendimento da Mulher está mais voltada à defesa criminal e policial das mulheres vítimas de violência, engana-se. Ellen Mara Lages Neiva Pierote, Titular do Núcleo Especializado de Atendimento à Mulher (Neam), recentemente inaugurado em Brumado, que faz parte da estrutura da 20ª Coordenadoria Regional de Polícia Civil do Interior, ressalta que ser um servidor público e, principalmente, Delgado ou Delegada de Polícia, tem de ter na essência da atuação a humanização, dedicação e paciência. Reforça, ainda, que a atuação do Policial tem de ter um olhar para a questão social. “… Não só auxiliamos mulheres, como também auxiliamos pessoas”, reflete a Delegada.

No último dia 14, a Delegada Ellen Mara Lages Neiva Pierote abriu espaço em sua agenda de trabalho para conceder uma entrevista exclusiva ao JS, apontando que muitas mulheres chegam fragilizadas e com medo a uma Delegacia de Polícia, mesmo a Especializada em Atendimento à Mulher, e demonstrando não ter perspectivas de sequência de vida depois da agressão, o que torna ainda mais relevante a forma como será acolhida.

Apesar da constatação, a Delegada reforça que essas mulheres vítimas de violência e seus filhos sempre encontram apoio e respaldo nos Órgãos de Segurança Pública, mais especificamente nas Delegacias e Núcleos Especializados de Atendimento à Mulher, que na Bahia, graças, segundo pontuou, uma mudança de paradigma, a Segurança Pública tem sido reestruturada, “transformado (principalmente) a Polícia Civil em um ambiente com mais capacitação, mais humanizado”.

A Delegada sublinhou ainda que as mulheres vítimas de violência precisam ser ouvidas e assistidas. Por isso, destaca a importância dos avanços e da ampliação de Delegacias e Núcleos Especializadas. E concluiu afirmando que é preciso dar ênfase à Educação, seja nas Escolas, na Família ou na Comunidade, para discutir temas como a igualdade de gênero e o respeito às diversidades.

Confira os principais trechos da entrevista;

JORNAL DO SUDOESTE – O Boletim ‘Elas vivem: Dados que não querem calar’, divulgado no último dia 6 de março pela Rede Observatório da Segurança, aponta que a Bahia, em 2022, a violência contra mulher no Estado registou um aumento de 58% e liderou, na região Nordeste, os de feminicídio. Esses dados contrariam os divulgados pela Secretaria de Estado de Segurança Pública da Bahia. Essa divergência, na opinião da senhora, reflete que a subnotificação é muito expressiva?

ELLEN MARA LAGES NEIVA PIEROTE: Sem dúvida. Não do feminicídio, porque o feminicídio é um crime contra a vida e requer muito cuidado das forças de segurança. Mas, em relação a outros crimes, há sim muita subnotificação.

JS: O que a senhora sugere deva ser feito para mudar esse quadro?ELLEN MARA LAGES NEIVA PIEROTE: Eu acho que quanto mais a gente discutir e abordar esse assunto, mais nós poderemos levar conhecimento para aquelas pessoas que ainda não tem noção de seus Direitos e do que pode ser feito. É claro que as criações das Deams (Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher) e das Neams (Núcleos Especializados de Atendimento à Mulher) vão contribuir muito para isso, até porque, vem muitos profissionais qualificados e essa pulverização das informações é algo importantíssimo. Geralmente fazemos visitas às Escolas, à Ongs (Organizações Não Governamentais), onde as pessoas nos convidam e levamos a informação, principalmente no que concerne a Lei Maria da Penha. É essa divulgação que eu acho de extrema importância para que as pessoas saibam a quem procurar, quais são os Órgãos, quais são os números de telefones disponíveis para ela buscar ajuda.

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