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ABIAS DOS SANTOS AZEVEDO

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ABIAS DOS SANTOS AZEVEDO

*12-10-1896†16-07-1978

ALICE ALVES AZEVEDO

*14/08/1902†27/06/2002

Abias dos Santos Azevedo nasceu na cidade de Bom Jesus dos Meiras, atual cidade de Brumado, no dia 12 de outubro de 1896. Filho do Major Casimiro Pinheiro de Azevedo e Filomena dos Santos Azevedo. Avós paternos: Capitão Joaquim Pinheiro de Azevedo e Laurinda Rosa de Oliveira Azevedo e maternos: Plácido José dos Santos e Crescência Maria da Silva.

Batizado na Igreja Matriz em 02/12/1896, sendo padrinhos Trajano Pinheiro de Azevedo e Amélia de Figueiredo de Azevedo.

Ele descende de Ibiassucê, antigo São Sebastião do Cisco, distrito de Caculé. A esposa tem origem no distrito de Itaquaraí, pertencente ao município de Brumado. O casal Cassimiro/Filomena teve uma prole de 12 filhos: Jayme (falecido), Alcebino, Isolina, Idalina, Idália, Abias, Armindo, Iônia, Gerson, Gerôncio, Lindolfo e Agnelo dos Santos Azevedo.

Abias, fazendeiro e comerciante, casou-se com Alice Alves da Silva de 16 anos de idade, em Condeúba-BA, no dia 6 de novembro de 1918, perante o Juiz daquela Comarca, a qual, depois de casada, passou a assinar Alice Alves Azevedo. Ela nasceu em 14/08/1902, filha do Capitão Sebastião Alves da Silva e de Idalina Alves da Silva. Avós paternos: João Alves da Silva e Rita Angélica do Bomfim, e avós maternos: Aureliano Alves da Silva e Idalina Joaquina da Silva.

 Dessa união, nasceram nove filhos: Euvaldo (1920), Eulina, Maria (1923), Mário (1926), Ítala, Caio, Gilberto (1934), Edir, Antonia 1937 e Solange dos Santos Azevedo. Além dos filhos o casal Abias/Alice criou uma sobrinha, filha de Sebastião, por Nome Ilza, a qual foi criada com os cuidados de pais biológicos.

Firmaram residência na fazenda “Itamaraty” em Bom Jesus dos Meiras (Brumado) – que atualmente pertence ao município de Malhada de Pedras-BA -, cujo proprietário atual é seu neto Adalberto Azevedo Pimentel.

Abias estudou em Brumado e concluiu apenas o curso primário. Conquanto se tratasse de um homem de pouco estudo, tinha tino comercial e visão altaneira. Amealhou patrimônio considerável. Era um grande empreendedor.

 Tinha várias propriedades, dentre as quais o ‘casarão dos Canguçus’ ou ‘Sobradão’ de dois pavimentos, construído por Exupério Pinheiro Canguçu, patrimônio histórico da cidade localizado na saída para Livramento de Nossa Senhora.

Dados históricos do “Casarão dos Canguçus” ou “Sobradão” como era conhecido: segundo a tradição foi construído por Exupério Pinheiro Canguçu, o proprietário do solar do Brejo, para sua estada nos fins de semana, porém o imóvel não consta do seu inventário. No início do século XX é proprietário do imóvel o Dr. Mário Meira e sua primeira esposa Esther Gondim Meira. Em 1942, Dr. Mário Meira, então viúvo e único proprietário do sobrado, vende parte do mesmo para Abias dos Santos Azevedo e em 1955 Dr. Mário Meira e a segunda esposa Iône Azevedo vendem o restante do imóvel ao senhor Abias dos Santos Azevedo, ficando este proprietário único do imóvel. Com a morte de Abias em 1978 os herdeiros vendem-no para Dr. Newton Cardoso que o transforma em museu Áppio Cardoso da Paixão, pai do comprador.

Sua carreira comercial teve início na loja de seu pai. Posteriormente abriu comércio próprio com a loja “Flor do Sertão”, em Malhada de Pedras e, em expansão, montou uma farmácia e um mercadinho.

Destaque-se que Abias dos Santos Azevedo foi um dos pioneiros na fundação do distrito de Malhada de Pedras, emancipado em 12 de julho de 1962.

Antes de se mudar para Brumado o casal Abias/Alice, em tempos de missa, hospedava o Padre Antonio da Silveira Fagundes.  Em 1955, mudou-se para Brumado, onde ampliou o seu comércio e abriu a loja “A Vencedora”, localizada na Praça Coronel Santos que hoje tem o nome do ex-prefeito e seu irmão Armindo dos Santos Azevedo. Ali ele vendia artigos de armarinho, tecidos e calçados, etc. Depois da mudança de Abias, por escolha, o Padre passou a hospedar-se em Malhada de Pedras com seu irmão Gerôncio Azevedo.

Além de desenvolver outros comércios, tornou-se pecuarista, dedicando-se a compra e revenda, cria e recria de gado. Fazendeiro e comerciante. Compunha a família Azevedo tradicional em Brumado.

 Proprietário de outras fazendas em cidades vizinhas. Comprou a fazenda ‘Laete’, na localidade Olhos D’água do Cruzeiro, em Jequi-BA, onde morou por seis anos.

Em seu retorno para Brumado, comprou a fazenda Tanque, do Sr. Manuel Pereira Santos (Seu Nem) e, por expansão da sede do município, a fazenda passou a pertencer à zona urbana. Então, instituiu, em julho de 1974, o loteamento de uma área da fazenda que denominou de ‘Loteamento Fazenda do Tanque’, onde delimitou 90 lotes. Após a sua morte, em 1978, os herdeiros lotearam mais 261 glebas que denominaram de Loteamento Azevedo. Infelizmente o destino não permitiu a concretização de seu sonho.

Destaque-se que a Prefeitura Municipal de Brumado, através da Lei 677 de 05 de novembro de 1975, fez doação de um terreno à COELBA para instalação de uma usina termoelétrica de uma área de 2.600 m², desapropriada do senhor Abias dos Santos Azevedo.

Um dos lotes de propriedade da herdeira Ítala dos Santos Azevedo foi doado para a construção da Igreja Santa Rita de Cássia. A realização desse loteamento contribuiu consideravelmente para o crescimento e o progresso de Brumado, com construções diversas, o que deu um novo aspecto à cidade que tomou o impulso do desenvolvimento.

Por indicação do vereador Gonçalo Pedro da Silva, Abias dos Santos Azevedo ingressou na política de Brumado em 1951. Elegeu-se vereador e foi indicado para ser o Presidente da Casa Legislativa, no governo do prefeito Manoel Joaquim Carvalho dos Santos (Dr. Nezinho), que governou no período de 1951 a 1955. Em 31 de março de 1954 renunciou o cargo de presidente da Câmara de Vereadores para concorrer ao cargo de prefeito, pelo PSD, em oposição ao irmão Armindo dos Santos Azevedo, para quem perdeu a eleição. Embora divergentes políticos, mantinham a amizade e a união familiar. Abias foi presidente do PSD e depois um dos fundadores do MDB brumadense, evento que se realizou em 15/07/1966, assumindo a presidência por decisão de votos secretos.

A câmara de Vereadores de Brumado homenageou-o, nominando a praça onde está instalada a Casa Legislativa com o nome “Praça Abias dos Santos Azevedo”, situada no bairro do Hospital, hoje Bairro Monsenhor Fagundes.

Nos finais de semana, Abias costumava caçar e pescar e se divertia jogando pôquer com os amigos Manoel Joaquim de Carvalho (Dr. Nezinho), Virgílio Vasconcelos, Nilamon Carvalho e outros.

NOTÍCIA DO JORNAL DA CIDADE DE CONDEÚBA:

Para assistirem ao casamento do tenente João Batista Alves Pereira e Dalila Aurora da Silva, vieram à cidade, nosso assinante, Major Abias dos Santos Azevedo, acreditado negociante em Bom Jesus dos Meiras, e seu cunhado, o jovem Sebastião da Silva Filho, que algum tempo reside em sua companhia.

“Ficamos muito agradecidos com a visita que Abias fez a nossa oficina”.

 (Trata-se do casamento do Tenente João Batista Alves Pereira com Dalila Aurora da Silva que após o casamento passou a assinar Dalila Aurora Alves Pereira, ocorrido em Condeúba/BA, ao qual se fez presente a fina flor da sociedade condeubense).

Abias dos Santos Azevedo conviveu com sua esposa Alice Alves de Azevedo durante 60 anos, era uma mulher forte, alegre, comunicativa, esposa dedicada, mãe amorosa e muito atenciosa. Levaram uma vida matrimonial de muito amor, harmonia e compreensão. Deixaram exemplos de dignidade e honradez, orgulho para a sua família.

 Seus filhos relembram que o pai gostava de dançar. Levava a mulher e os filhos para as festas e, no carnaval, comprava os apetrechos da época, o que fazia a alegria da família. Eles relataram que Abias foi um excelente esposo, amoroso com a consorte, com os filhos, cordial e educado com todos. Tratava-se de um grande homem, íntegro, pai exemplar, esposo fiel e atencioso. Homem honrado, de palavra. Um grande amigo.

 Abias dos Santos Azevedo faleceu em 16 de julho de 1978, aos 82 anos de idade e o corpo está sepultado no cemitério municipal Senhor do Bonfim. Sua esposa faleceu no dia 27 de junho de 2002 com quase 100 anos de idade.

 A filha Solange, comovida, expressou: “Foi um grande homem. Um bom pai. Um bom esposo. Um grande amigo!”. “Minha mãe era muito amorosa com todos nós, esposa dedicada e muito atenciosa com todos, exemplo de bondade, dignidade e honradez”.

Extraído do livro Lagoa do Leite – causos e lembranças de Nilton Vasconcelos, edição de julho de 2014:

“Seu Abias Azevedo, irmão de Seu Armindo, ex-prefeito de Brumado, quando faleceu, era um homem de muitas propriedades, terras, lojas, um homem rico”. Mas, antes de ter loja grande em Brumado, negociou em muitas praças da região, inclusive em Ubiraçaba, onde se passou a seguinte história: Ele mexia principalmente com tecidos. Tinha uma boa freguesia, mas o que faltava, muitas vezes, era troco. Dinheiro miúdo para fazer troco nas compras que o povo fazia. Então, para resolver esse problema, ele criou uma solução que foi aceita por todos, por ser ele uma pessoa muito considerada e de confiança.

Imprimiu um documento em papel, com o nome da firma e o termo “VALE”. Num espaço em branco, ele escrevia o valor e assumia como dívida o registrado. Aquele vale era também recebido no comércio e na feira livre, tamanha era a confiança que as pessoas tinham no negociante. Ele tinha e merecia crédito. A qualquer momento, o cidadão possuidor do vale poderia resgatar o “Título”, ou usá-lo numa próxima compra. Era uma espécie de moeda que o vendedor assumia perante o comprador. Como era uma pessoa a quem todos acreditavam e confiavam, não dava problema.

Em certa oportunidade, Lolô, nome de batismo Jerulino, freguês da casa […] comprou na loja de Seu Abias, uma fazenda, tecido para costurar um terno. […] Lolô com um lápis escreveu num papel o valor da compra: vale tanto e assinou. O balconista, assustado com o tal procedimento, ficou sem saber como contornar a situação. Chamou seu Abias para orientá-lo sobre o assunto.

Seu Abias: “Como vai, Lolô? Dona Maria vai bem?”

“É que ele não quer receber meu vale”, Lolô foi logo ao assunto.

Paciente, o comerciante informou: “Olha, aqui nós fornecemos o vale só quando não temos troco para dar ao cliente”. E Lolô arrematou: “Vocês dão vale quando não têm troco, e eu dou quando não tenho dinheiro”. 

E agora? Seu Abias recebeu o vale, mas registrou em seu conta-correte o débito de Lolô para posterior acerto.

FONTES DE INFORMAÇÕES:

Livro Recordar é viver de Agnelo dos Santos Azevedo;

Livro Lagoa do leite – causos e lembranças de Nilton Vasconcelos.

IPAC-BAHIA, vol. IV – Serra Geral e Diamantina.

Livro Raízes e Rebentos – Memórias de uma família sertaneja, Autoria de Marieta Alves Pereira. Declarações das filhas;

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