Profissionais enfatizam a relevância da terapia na compreensão e tratamento de uma condição complexa que envolve fragmentação da identidade
Por Lorena Souza/ UNEX
O Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI), anteriormente conhecido como Transtorno de Personalidade Múltipla, vem ganhando atenção de especialistas em psicologia e psiquiatria devido à sua complexidade e à busca por compreensão e tratamento. Muito além de uma percepção ligada a questões espirituais, esse transtorno envolve uma fragmentação da identidade que resulta em diferentes personalidades ou partes, cada uma controlando o comportamento do indivíduo. Esse fenômeno, frequentemente relacionado a experiências traumáticas na infância, tem sido um foco crescente de investigação e intervenção profissional.
O filme “Fragmentado” (2016) proporcionou uma visão cinematográfica do TDI, trazendo à tona a existência de diferentes personalidades coexistindo em um só corpo. Para muitos, o que parecia ficção é, na verdade, a realidade de indivíduos que lidam com esse transtorno. Segundo Matheus Butinhone, psicólogo especializado, a abordagem psicológica é um pilar central no tratamento do TDI, complementando o diagnóstico multidisciplinar. “A terapia é uma ferramenta essencial para auxiliar o indivíduo a compreender, gerenciar e integrar suas diversas partes”, destaca. A criação de um ambiente seguro e de confiança emerge como ponto fundamental, permitindo a comunicação e colaboração harmoniosa entre as diferentes personalidades.
Uma das abordagens terapêuticas utilizadas é a terapia cognitivo-comportamental (TCC), amplamente reconhecida por sua eficácia no tratamento de diversos distúrbios psicológicos, incluindo o TDI. Matheus observa que “cada parte possui sua própria história, emoções e necessidades”. Através da TCC, é possível compreender as interações entre pensamentos, emoções e comportamentos, identificando padrões disfuncionais e substituindo-os por estratégias saudáveis. Uma vez que traumas passados frequentemente estão na origem da fragmentação da identidade, a terapia pode auxiliar no processamento dessas memórias traumáticas, mitigando a intensidade dos sintomas dissociativos.
Além disso, a regulação emocional surge como uma peça-chave no tratamento, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades que permitam lidar de maneira equilibrada com emoções e estados internos, reduzindo episódios de dissociação. É crucial que o tratamento seja conduzido por profissionais experientes e habilidosos, dada a complexidade do transtorno. “Cada caso é singular, demandando uma abordagem sensível e adaptada às necessidades individuais. A elaboração de um plano de tratamento personalizado é fundamental”, afirma Matheus, que também é professor do curso de Psicologia no Centro Universitário de Excelência – Unex, em Feira de Santana.
Em uma era de crescente entendimento e apoio aos distúrbios dissociativos, a abordagem terapêutica no âmbito da psicologia emerge como uma orientação valiosa para aqueles que buscam a integração e a cura. O trabalho dos profissionais destaca a importância de um olhar atencioso e especializado para auxiliar os indivíduos que enfrentam o TDI em sua jornada de recuperação.