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Abril Laranja: 80 mil amputações são realizadas a cada ano no Brasil; diabetes lidera causa

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Especialista alerta que população não faz prevenção e adaptação sem membro pode ser difícil. Ações em abril tentam conscientizar

 

Por: Felipe Fernandes

 

A cada ano mais de 80 mil amputações são realizadas no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que 70% delas são decorrentes da diabetes, o que representa cerca de 55 mil procedimentos desse tipo. Instituída no País em 2020. Por isso, a campanha ‘Abril Laranja’ classificou o quarto mês do ano como o de conscientização sobre a amputação. A iniciativa foi da Associação Brasileira de Ortopedia Técnica (Abotec) e tem o objetivo de alertar a sociedade sobre formas de evitar a perda dos membros.

Segundo o ortopedista Rodrigo Nunes (CRM 12835-GO), que atende no Órion Complex, é importante a campanha Abril Laranja, uma vez que a população em geral não enxerga a amputação como algo que se possa prevenir. Para Rodrigo, a diabetes deve ser tratada com cuidado e o diagnóstico é o passo mais importante para evitar o agravamento da doença e amputação.

“O tempo da doença é o principal, pois o açúcar no sangue gera lesões em vasos e nervos periféricos, levando a dificuldade de perfusão da extremidade gerando necrose de dedos e também destruição dos nervos periféricos, ocasionando uma perda de sensibilidade (neuropatía periférica)”, explica Rodrigo. O diagnóstico da diabetes pode ser realizado através de exames de sangue.

O especialista diz que outro ponto crucial para evitar a amputação é a prevenção e a realização de um check-up anual. “Sendo diagnosticada a diabetes, a orientação é controlar a glicemia e fazer a dieta adequada. Estar de olho nos pés todos os dias a procura de feridas pequenas, é o melhor a se fazer, para evitar que aquela ferida vire uma úlcera grande”, detalha o médico.

Adaptação difícil

A amputação de um membro, seja por diabetes ou mesmo por acidente de trânsito, outra causa importante desse tipo de cirurgia, traz uma adaptação difícil no dia a dia do paciente. De modo geral, o ortopedista alerta que a vida de um amputado não será nada fácil. “Desde a reabilitação até a adaptação, o paciente deve constantemente ser acompanhado com fisioterapeutas e nutricionistas para que seja possível retornar esse paciente à sociedade e ao trabalho o mais rápido possível.”

O empresário Robson Limiro é um exemplo disso. Ele, que usa prótese na perna direita, vem se adaptando, trabalhando e buscando aceitação pessoal desde o dia em que sofreu um acidente de moto, no dia 16 de janeiro de 1992, no setor Nova Esperança, em Goiânia. Segundo o empresário, o acidente aconteceu após ele bater no canto de um carro que estava estacionado de um lado da via e que tentava fazer um contorno atravessando para o outro. Com o acidente, Robson ficou com fratura exposta e perdeu muito tecido, ocasionando a amputação.

Limiro comenta que, antes de perder uma parte da perna, praticava esportes e, após o acidente, ele ficou em dúvida sobre o que fazer.”Com a ajuda de especialistas e da associação em que faço parte, consegui voltar a minha rotina e seguir minha vida”.

Hoje, Robson é formado em fisioterapia, técnico protesista e administra uma empresa de peças ortopédicas. Com a formação, ele oferece e realiza o serviço de protetização, que é confecção de peças e assistência na reabilitação de pessoas amputadas. “Com a troca de vivência, com a experiência de amputado, fisioterapeuta e protesista, atendo outros amputados na reabilitação desde a pré protetização até a protetização. Com 53 anos também continuo com a prática de esportes, jogando futebol, e participando de campeonatos”, concluiu Limiro.

 

 

Foto da capa: Divulgação/Jornal Tribuna

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