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Ações da Uesb chegam aos quilombos

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Por: Revista Uesb

 

 

Rose Mary, moradora do Quilombo de Thiagos, não imaginava que a Uesb voltaria a fazer parte da sua vida, ao precisar abandonar o curso de Zootecnia por não conseguir conciliar estudos e trabalho. No entanto, desde 2019, a comunidade localizada na zona rural de Ribeirão do Largo passou a receber professores e alunos da Instituição, em ações que integram Universidade e quilombo.

“A presença da Uesb é sempre gratificante, seja para visitas ou para desenvolver os trabalhos já iniciados aqui, o aprendizado é contínuo”, conta a quilombola. Para ela, o contato com membros da Universidade e as ações ofertadas reforçaram a credibilidade da Instituição. “Nos confirmou o quanto a Uesb contribui para o desenvolvimento das comunidades como um todo, que vai muito além do ensino interno e teórico”, descreve.

Entre as primeiras atividades, o Quilombo recebeu a visita de professores da área de permacultura, avicultura, apicultura e educação. Além disso, moradores da comunidade estiveram na Uesb para conhecer um pouco das inúmeras possibilidades de parceria com a Universidade.

A Universidade no Quilombo – Agora, três anos após o início das ações, o Quilombo de Thiagos vê brotar os frutos dessa relação, “na prática mesmo, com resultados que só agregam valor e conhecimento às pessoas e ao lugar em que a Universidade está presente, direta ou indiretamente”, define Rose Mary.

É o caso do projeto de extensão “Quintais Produtivos”, que coopera junto ao pequeno e médio produtor e está levando, aos moradores da comunidade, além de informações e orientações, o fomento de uma nova atividade de economia doméstica. A previsão é de que sejam entregues ao Quilombo, até março de 2023, cerca de duas mil aves de raças regionalizadas, que são desenvolvidas no Laboratório Experimental de Avicultura da Uesb, e que contribuirão para a venda de ovos e de frangos do tipo caipira.

Em outra frente, as pesquisas científicas realizadas nas comunidades quilombolas são importantes para dar visibilidade a seus modos de vida e suas lutas por territórios ou por direitos fundamentais. É o que explica a professora Priscila Figueiredo, que está desenvolvendo, no Doutorado em Memória: Linguagem e Sociedade da
Uesb, uma pesquisa sobre as mulheres do Quilombo de Thiagos e os seus saberes sobre plantas medicinais.

“Pesquisas que se debrucem sobre as comunidades podem trazer resultados utilizados na formulação de políticas públicas”, defende a pesquisadora. Por outro lado, ela lembra que dar protagonismo a mulheres quilombolas evidencia o comprometimento com a luta antirracista e sexista, e permite, ainda, que esses conhecimentos possam chegar a toda população.

“São essas comunidades tradicionais e indígenas que têm sido guardiãs da biodiversidade brasileira. Valorizar suas histórias e modos de vida pode contribuir para a promoção de uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável”, destaca a professora, que conheceu o Quilombo de Thiagos, no início das ações, em 2019, e dará continuidade ao estudo no doutorado-sanduíche na Espanha.

O Quilombo na Universidade – O quilombo é um espaço de libertação e identidade. Assim também deve ser a Universidade, que tem se pintado cada vez mais com as cores do povo. Nessa perspectiva, desde 2009, os quilombolas contam com as “Cotas Adicionais” no Vestibular Uesb.

Essa modalidade oferta três vagas a mais em cada curso, uma para indígenas, uma para pessoas com deficiência e uma para quilombolas. Nesse último caso, o candidato deve ser morador de comunidades remanescentes de quilombos registradas na Fundação Cultural Palmares.

 

 

Fotos: Divulgação

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745