Por Secretaria de Comunicação Social – Governo da Bahia
Um poderoso vetor de transmissão de doenças tem se multiplicado por diversas regiões da Bahia. Os produtores contabilizamos prejuízos dos reincidentes ataques, que já ultrapassam 90 dias, tempo maior que o registrado em anos anteriores. É a mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans), que molesta gado, equinos, galináceos, cachorros, gatos e também o ser humano com picadas dolorosas e capazes de provocar definhamento e até a morte das vítimas, que perdem peso rapidamente.
Em Eunápolis, no Território da Costa do Descobrimento, um produtor sinaliza que perdeu mais de R$ 135 mil com o baixo peso dos animais provocado pela infestação da doença, em pouco mais de um mês.
Após alertar os produtores no mês de julho, a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) tem intensificado a realização de blitzes fixas e móveis para averiguar o transporte correto e a apresentação das Guias de Transporte Residuais (GTR) das camas-de-aviário. Os especialistas reforçam que nos períodos chuvosos, quando são registradas alta umidade e baixa temperatura, também é alta a proliferação dos insetos, considerados vampiros pois se alimentam do sangue das vítimas, especialmente os animais de criação.
Também estão programadas ações educativas, a exemplo da distribuição de folders com orientações sobre o manejo adequado para conter a proliferação da espécie, responsável também pelo ataque às lavouras de mamão, café, cana-de-açúcar, entre outras culturas, em cidades como Belmonte, Eunápolis, Guaratinga, Itabela, Itagimirim, Itapebi, Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália, Teixeira de Freitas, Valença, Tancredo Neves e Mucuri.
“O isolamento social motivado pela pandemia prejudicou as ações que desenvolvemos com os nossos associados. Todos os anos, reforçamos com eles o manejo adequado para evitar a eclosão dos ataques, além disso o alto volume de chuvas causou a umidade que desencadeia novo ciclo dos insetos”, lamenta a presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Eunápolis, Eliane Oliveira.
As moscas voam em bando em um raio de até 5 quilômetros, rodeando as propriedades e tornando difícil o controle. “Por isso, se tornam imprescindíveis os cuidados com a utilização e estocagem do substrato orgânico durante esse período da colheita do café e início do plantio do mamão, apesar das moscas surgirem durante o ano inteiro”, atesta o presidente do Núcleo Bahia e Sergipe do Boi Guzerá, Paulo Rêgo.
Cuidados
A mosca-dos-estábulos é um vetor importante na transmissão de enfermidades, a exemplo da Anemia Infecciosa Equina e Tripanosomíase. Os cuidados são fundamentais para evitar também a Encefalopatia Espongiforme Bovina-EEB (Mal da Vaca louca) colocando o status internacional do Brasil em risco.
“As portarias publicadas pela Adab reforçam a importância de maior atenção e cuidados para evitar a infestação da espécie. A distribuição de materiais informativos e blitzes vão substituir momentaneamente as palestras presenciais que reúnem trabalhadores rurais e produtores, mas é preciso que todos estejam vigilantes”, sentencia o diretor-geral da Adab, Maurício Bacelar.
Como combater
• Em palhas de café: Queimar a palha nas fornalhas durante a secagem do café.
• Realizar compostagem: Acumulando pilhas de palha com até 3m de largura e 1,5 m de altura, empilhar em camadas de 30cm, umedecer bem cada uma das camadas, revolver a pilha de material após 7 dias pela primeira vez, depois repetir a operação a cada 15 dias até completar o ciclo de 45 a 60 dias. Aplicar o substrato tratado na lavoura formando camadas de no máximo 5 cm de altura.
• Em cama de aviário: Realizar a compostagem seguindo as orientações anteriores. Aplicar mosquecida ou cal virgem, cobrir com uma lona plástica, aguardar a ação do produto durante o período de 24 a 48 h e aplicar na lavoura em sulcos e cobrir 100% do material.