O governador de Minas Gerais e pré-candidato a presidência da república, Aécio Neves (PSDB), tem manifestado que a partir de março vai percorrer o país em campanha para ser o candidato nas eleições de 2010 e estará pronto para enfrentar José Serra (PSDB) nas prévias que vão escolher o representante dos tucanos para a disputa. Contudo, até o mais distraído observador do cenário político nacional, tem na ponta da língua que o governador paulista é o franco favorito e não está medindo esforços para consolidar a sua candidatura. Portanto, se pretender disputar a presidência em 2010, restará a Aécio abrir negociações com outro partido, preferencialmente o PMDB.
O projeto de Aécio Neves de viajar por todo o país faz parte de uma estratégia para buscar apoio à realização de prévias no PSDB para escolha do candidato tucano que vai disputar a sucessão do presidente Lula (PT), assim como para tornar-se mais conhecido junto ao eleitorado, uma vez que as pesquisas o apontam com 25% das intenções de voto, com uma taxa de conhecimento de 46% da população. Portanto, há espaço para o crescimento numa eventual candidatura do governador mineiro.
De outro lado, exibindo 40% nas pesquisas e com uma taxa de conhecimento de 90%, o governador de São Paulo, José Serra, tem a seu favor a liderança junto ao eleitorado, o apoio dos tucanos mais emplumados que compõe a cúpula do PSDB e do principal aliado, o DEM. Soma-se a isso, Serra se fortaleceu ainda mais com a nomeação de Geraldo Alckmin para o cargo de secretário estadual de desenvolvimento econômico, uma vez que o ex-governador era um forte ligado à Aécio Neves.
Sendo assim, fica claro, que vendo minguar as suas possibilidades de pleitear a presidência da república no ninho tucano, Aécio Neves pode se ver obrigado a trilhar outros rumos. E o PMDB é o melhor caminho, pois, lhe dará visibilidade e uma estrutura capaz de lhe proporcionar chances reais de vitoria. O partido foi o grande vencedor nas eleições municipais do ano passado, elegendo nada mais nada menos que 1.203 prefeitos; dispõe de um programa governamental viável, que contempla as aspirações populares voltadas para o bem-estar social e para o desenvolvimento econômico do país; o governador mineiro tem uma grande identificação com os peemedebistas, haja vista que iniciou a sua carreira política no PMDB, pelas mãos do seu avô materno, o ex-presidente Tancredo Neves; e tem a imagem de bom administrador costurada à de um perfil conciliador. Como gestor competente, resgatou a capacidade de investimento do Estado de Minas Gerais, equilibrou as contas públicas, ao mesmo tempo em que incentiva o setor privado. Na condição de político habilidoso, construiu um bom trânsito com o presidente Lula e com o PT mineiro, assegurando condições de atrair vários partidos que atualmente se encontram na base do governo petista, para a formatação de uma grande aliança capaz de lhe proporcionar a tão necessária governabilidade.
Clécio Leite é bacharel em ciências contábeis com ênfase em auditoria pela UNEB, assessor técnico do gabinete do vice-governador e secretário-geral da comissão provisória da juventude do PMDB de Brumado. Anteriormente, atuou na diretoria de administração e finanças da companhia de gás natural da Bahia – BAHIAGÁS S/A, na Agencia Nacional do Petróleo – ANP e na subcoordenação de orçamento e finanças da prefeitura municipal de Salvador.