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Afinal, quem são os responsáveis?

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Há um Brasil que ainda não perdeu a capacidade de pensar. Há um Brasil que ainda não adoeceu moral e psicologicamente, que ainda não se corrompeu com corruptos de devoção. Contudo, esse é o destino de muito longo prazo de todos os povos que atravessaram o sombrio desfiladeiro da tirania – adoecer dos males da alma. Até a virtude e a bravura são percebidas como anormalidade.
 
Observe quanto já perdeu o senso da realidade essa esquerda que se regozija com o que está acontecendo e julga andar por um vale florido. Ela traz visíveis os sinais da alienação. É primeira vítima e não sabe; era preciso que tantos adoecessem nas salas de aula, nas mesas de bar, nos livros que não leram e nas verdades que lhes foram ocultadas e nas mentiras que lhes foram proclamadas. Era preciso que tantos adoecessem para que alguns se apresentassem a todos como agulhas de bússola.  
 
Estamos no desfiladeiro e procuram-se culpados no povo. O povo vota mal, o povo prefere se ocupar de futebol, o povo está mais ligado nas loterias e apostas do que nos rumos que lhe são impostos. Tudo isso é verdade, mas o povo é inocente em sua alienação. Ele é beneficiado pelo “sacramento da ignorância”, motivo de piedoso perdão, como tantas vezes se ouve em sermões católicos.
 
Os verdadeiros culpados estão coniventes contra a sociedade, aboletados no Senado Federal e comercializando voto nos gabinetes da Câmara dos Deputados. Estão usando o poder das togas para se sobreporem à Constituição e às leis e imporem seu querer. Estão na cadeia produtiva da Educação, ocupados em ampliar a multidão dos ignorantes serviçais das pautas e causas alheias, obedientes ao estalar de dedos. Estão no mundo acadêmico, manipulando a história, construindo narrativas, ocultando autores e ideias, estreitando os horizontes dos alunos e propagandeando suas fidelidades e devoções.
 
E prossigo, porque são muitos. Os verdadeiros culpados dirigem grandes meios de comunicação, batem teclas nas redações dos veículos e manipulam notícias desprezando as consequências de seus alinhamentos. Eles estão nos púlpitos das Igrejas, servindo a dois senhores, ou forjando um Senhor para favorecer seu senhor. Estão na administração pública como operadores do partido e esquecidos do povo finalidade única de seu cargo. Estão no ambiente multiforme da cultura, tão perto quanto possível da boca do caixa e no esclarecido e vigilante mundo empresarial, também consumido pelos maus hábitos da relação voluptuosa com o Estado. Estão no governo, que tanto mal não faria se não contasse com a pachorra de uns, o fascínio da tesouraria e a tibieza de outros. O governo, senhores, é consequência.
 
Acabei de descrever a elite brasileira, cujas ações e omissões são causa eficiente de nosso ingresso no desfiladeiro das trevas.

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