Enquanto Brasil enfrenta aumento de crimes de gênero, organizações buscam ações concretas para enfrentar a violência
Por PinePR Comunicação
Nos últimos tempos, a preocupante tendência de crescimento nos casos de violência contra mulheres no Brasil tem chamado a atenção. Em contrapartida à queda nas mortes violentas, o país registrou um aumento nos crimes de gênero no último ano. Dados do Anuário do Fórum Brasileiro da Segurança Pública de 2022 revelam um aumento nas denúncias de violência doméstica, saltando de 237.596 em 2021 para 245.713 em 2022. Diante deste cenário alarmante, emerge uma clara necessidade de políticas mais rigorosas, tanto na sociedade em geral quanto no âmbito empresarial.
Carine Roos, CEO da Newa e mestranda em Gênero pela London School of Economics and Political Science – LSE, argumenta: “A proteção da vida das mulheres e a luta contra a violência de gênero são questões de extrema importância que não se limitam a um problema individual, mas sim dizem respeito a todos: empresas, sociedade e instituições. As organizações constituem uma extensão da sociedade civil, o que demanda que suas lideranças estejam conscientes e atentas ao atual panorama do país.”
Apesar dos números alarmantes, muitas organizações ainda encontram incerteza sobre abordar ou não o tema, frequentemente preocupadas em adentrar na esfera pessoal de seus colaboradores, expor-se a riscos jurídicos ou abordar assuntos que possam ainda não estar totalmente incorporados na cultura organizacional. Contudo, quando a integridade das funcionárias está em risco, a inação não pode ser uma opção. Ações concretas e consistentes são cruciais para combater a violência contra mulheres no contexto social em que a empresa está inserida.
Roos enfatiza: “Em primeiro lugar, é fundamental a prevenção. Parte dos casos de assédio sexual e moral, que podem culminar em agressões, ocorrem no ambiente corporativo. Estabelecer um espaço de conscientização, promover diálogos sobre o assunto e, principalmente, construir uma cultura que acolha e encoraje as mulheres a se manifestarem perante a liderança são medidas essenciais.”
Para além de ser uma obrigação cívica, a luta contra a violência de gênero traz à tona questões de desenvolvimento organizacional e ESG (Ambiental, Social e Governança). “Não é por acaso que o quinto objetivo da ONU visa eliminar todas as formas de violência contra mulheres e meninas em âmbitos públicos e privados. Afinal, esse aumento da violência é resultado do machismo enraizado em nossa sociedade. Organizações que desejam adotar propósitos mais sustentáveis e governanças mais humanizadas devem, mais do que nunca, fomentar a discussão sobre o tema e contribuir para o acolhimento e a orientação das denúncias”, conclui a CEO.