Em sua coluna na Gazeta do Povo (11/11), o amigo Alexandre Garcia usa as palavras certas para descrever o ocorrido. Usa-as desde o título: “Tentaram colocar palavras na boca do Ministério da Defesa”. Perfeito!
Foi exatamente o que fez o lamentável jornalismo brasileiro, funcionando como marqueteiro do ativismo judicial e seus meios de repressão das liberdades individuais.
As manchetes posteriores à entrega do relatório das FFAA atribuíam-lhe a conclusão de que não houve fraude na eleição. Havia, porém uma enorme distância entre o afirmado e o deduzido pela velha mídia. O relatório é extenso e em certo trecho afirma que os votos totais dos boletins de urna (BUs) correspondem ao totalizado pelo TSE nas urnas em que essa conferência foi feita. Ponto.
Ora, bolas, que à soma das parcelas corresponde um e apenas um total, é uma
obviedade que o computador do TSE confirma. Se o problema estivesse aí, em primários erros de soma, facilmente identificáveis, já estava todo mundo preso.
O problema sempre foi outro: o que está nos BUs corresponde efetivamente ao que foi digitado pelos eleitores? Isso, o relatório informa não ter sido possível avaliar porque os meios não foram possibilitados aos técnicos que o elaboraram.
Sabe, leitor, o que mais me incomoda nessa história toda? É a teimosia desrespeitosa, grosseira, prepotente com que a impressora de votos foi inviabilizada pelos tribunais superiores. Essa teimosia levou às ruas e praças milhões de brasileiros, durante anos; criou um conflito permanente entre o governo e o STF (posteriormente, também com o TSE); intoxicou as relações e trouxe suas consequências ao período posterior à eleição.
Culpam o povo, culpam o presidente, culpam meia dúzia de veículos, xingam a multidão, mas eles se inflam com as próprias palavras para substituir o que lhes falta: um pingo de razão.