Na tentativa de controlar a inflação, Banco Central elevou a taxa para 6,25% em setembro e prevê possibilidade de nova alta em outubro.
Por: Luiz Affonso Mehl
Na tentativa de controlar a inflação no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros Selic de 5,25% para 6,25% ao ano. A informação foi divulgada no relatório emitido pela autoridade monetária no dia 22 de setembro. Trata-se do quinto aumento consecutivo desde março deste ano e a previsão é que novas altas possam acontecer até dezembro.
A decisão de aumentar a Selic em um ponto percentual foi unânime, segundo as informações do Copom. A taxa é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação, que vem sendo pressionada pelo aumento dos custos de energia, o encarecimento dos alimentos e a alta do dólar.
Em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, chegou a 0,87% – o maior nível para o mês dos últimos 21 anos – conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Só este ano, a inflação acumulada está em 5,67%. No acumulado dos últimos 12 meses, de agosto de 2020 a agosto de 2021, o percentual é de 9,68%.
Assim, a decisão do Copom de aumentar a Selic em setembro já era esperada. Na reunião também foi sinalizada a possibilidade de um novo aumento em outubro. Se as expectativas se confirmarem, a taxa Selic pode chegar a 7,5%.
Impactos nos investimentos
A alta da Selic reflete diretamente na vida dos consumidores e investidores. Como ela serve de referência para outras taxas de juros, como cheque especial, cartão de crédito e financiamentos, isto significa que esses serviços tendem a se tornar mais caros.
Por outro lado, a alta da Selic influencia positivamente na remuneração de alguns investimentos que são atrelados a ela. Ativos de renda fixa como o Certificado de Depósito Bancário (CDB), a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e o Tesouro Selic podem ser beneficiados.
Na avaliação da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os papéis atrelados à indexação diária da taxa de juros tendem a se tornar mais atrativos nesse momento.
Já os investimentos em renda variável podem perceber um impacto contrário. Desde o ano passado, a modalidade tem atraído o maior interesse dos brasileiros por conta da queda da taxa Selic. No entanto, com o patamar mais alto, pode ser que parte desses investidores retornem para a renda fixa.
De acordo com a Anbima, como os financiamentos tornam-se mais caros, os fundos imobiliários e as ações de construtoras e incorporadoras tendem a sofrer um efeito negativo.
Poupança segue em desvantagem
A alta da Selic também é positiva para a Caderneta de Poupança. No entanto, no patamar em que ela se encontra, o rendimento ainda segue baixo. De acordo com a regra criada em 2012, quando a Selic está igual ou inferior a 8,5% ao ano, o rendimento é de 70% da Selic, mais a taxa referencial.
Apenas quando a Selic está acima de 8,5% ao ano que o rendimento é de 6,17% ao ano (0,5% ao mês), mais a taxa referencial. Dessa forma, aplicar no Tesouro Direto Selic, que acompanha a taxa integralmente, torna-se mais vantajoso.