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Aluguel e a Prole

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Vésperas de eleições majoritárias. O prefeito local era correligionário e amigo do governador e tinha a pretensão de instalar uma agência do Banco do Estado na sua cidade. Quando o Governador, em campanha, visitou Brumado o prefeito expressou o desejo da instalação da agência.  O Governador deu sinal verde, desde que conseguisse um imóvel adaptável e no centro da cidade.

Dentre os imóveis apresentados, foi escolhido o de um conhecido cidadão, comerciante local, intermediado por injunções de políticos. Os trâmites legais foram cumpridos, e a obra teve início com inauguração marcada para antes da realização do pleito, rendendo dividendos eleitorais para o Prefeito, ao Governador e aos políticos que gravitavam em torno destes.

O contrato foi feito atendendo às exigências do locador, inclusive quanto ao prazo e à cláusula da sua renovação. Por ocasião da renovação do contrato, a agência local, através do seu gerente, manifestou a impossibilitada de fazê-lo, vez que o contrato inicial foi feito em Salvador pela diretoria do banco e, sendo assim, só a diretoria poderia renová-lo.

Diante desse impasse, o proprietário do imóvel, que era amigo do presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Coriolano Sales), solicitou deste que agendasse uma entrevista com o diretor de agências do banco para tratar do assunto.  Reivindicava a renovação contratual com reajuste do aluguel que estava defasado, atualizando-o em conformidade com o valor vigente no mercado.

Depois de agendada a entrevista por intermédio do presidente da Assembleia Legislativa, o assessor deste, o senhor Maurício Vasconcelos, levou os interessados, pai e filho, até a sede do banco e, após os procedimentos de praxe e serem revistados, mantiveram contato com o diretor de agências do interior, para solução da pendência.

Lá, o locador fez as suas ponderações e disse ao diretor que o aluguel precisava ser atualizado, porquanto tinha oitenta e cinco filhos para educa-los e alimentá-los e dependia dessa renda para cumprir as suas obrigações. O diretor, surpreso com a declaração inusitada do proponente, voltou-se para o filho deste e perguntou-lhe se o pai estava brincando ou se a revelação era verídica, sendo confirmada a sua veracidade.

Ao tomar conhecimento desse fato, ele ligou para a esposa, pois o casal era impossibilidade de ter filhos, disse-lhe estar diante de um senhor do interior que veio solucionar problemas de seu interesse relacionados com o banco e lhe contou que tinha oitenta e cinco filhos, um caso inédito. Passou, então, o telefone para sua esposa que manteve conversa com o fecundo senhor.

Depois dos cumprimentos iniciais e alguns comentários, ela pediu-lhe um dos filhos para criar. A resposta, porém, desencantou a mulher, pois o protagonista disse que só daria de seis filhos em diante, um só não lhe convinha, frustrando a pretensão da senhora, pois a quantidade oferecida era inviável.

O contrato foi renovado por um valor que satisfez às partes. Pela cordialidade do encontro, os visitantes saíram de lá portando cheque especial com o limite igual ao que era oferecido à diretoria, um valor bastante superior ao da competência da agência local que não tinha autonomia para tanto.

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