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Anísio Spinola Teixeira – Educador

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*12/07/1900†11/03/1971

Anísio Espínola Teixeira nasceu em Caetité (BA), em 12 de julho de 1900. Filho de Deocleciano Pires Teixeira (médico, político e fazendeiro) e Anna de Souza Spínola, família rica e tradicional de Caetité.

  “A minha infância a vivi na pequena e antiga cidade sertaneja de Caetité sob o patriarcalismo republicano da família.  Meu pai era médico e político, e portador de virtudes patriarcais. Vivi nesse ambiente de austeridade e conceitos rígidos.  Ele me aconselhava: “Meu filho, não se obedece a homem algum. Obedece-se a Lei”. Esse pensamento contém todo o código republicano da dignidade humana. (Excerto da entrevista concedida a Odorico Tavares).

 Iniciou seus estudos elementares em Caetité no Instituto São Luiz Gonzaga colégio católico dos Jesuítas, depois foi para Salvador/BA onde concluiu o secundário no colégio Antonio Vieira, também de orientação católica dos Jesuítas. Portanto, teve uma orientação católica religiosa proporcionada pelos padres.  Formou-se em ciências jurídicas e sociais (Direito) no Rio de Janeiro (FDF) em 1922”.  Pretendia entrar para a Companhia de Jesus, mas os pais se opuseram, dedicou, então, em 1923, à advocacia e assistência política ao pai.

 Em 1924 foi nomeado pelo Governador Francisco Marques Góis Calmon, para o cargo de Inspetor-Geral de Instrução Pública do Governo da Bahia, aos 23 anos de idade, é o início da sua carreira de educador. Promoveu a reforma do ensino no Estado.

 Em 1925 foi para   Europa (Espanha, Bélgica, Itália e França) em companhia do Arcebispo Primaz da Bahia, D. Augusto Álvaro da Silva e, em 1927, para os Estados Unidos, com o intuito de conhecer novos sistemas de ensino para aperfeiçoar os serviços de educação na Bahia. Em 1928 estudou na Universidade de Colúmbia em Nova Iorque e, recebeu lá, em 1929, o título de Master of Arts.

 Travou contato com as ideias pedagógicas de John Dewey, que o influenciariam decisivamente. Ainda em 1928, demitiu-se do cargo, por discordar das ideias do Governador Vital Henrique Batista Soares, sucessor de Góis Calmon. Nesse mesmo ano foi nomeado professor de filosofia e de história da Educação da Escola Normal de Salvador.

 Em 1931, recebeu convite do prefeito do Distrito Federal, (RJ), Pedro Ernesto Batista (1931-1935), em substituição ao seu amigo, educador paulista, Fernando Azevedo e, foi nomeado Diretor de Instrução Pública do Distrito Federal (Rio de Janeiro). Nesse cargo promoveu mudanças na estrutura educacional da cidade e estimulou a criação de novos estabelecimentos.

 Dedicou-se à tarefa de reorganização do ensino primário, secundário e até a universidade. Sua iniciativa mais ousada foi a criação da Universidade do Distrito Federal (UDF de Brasília) em 1935, que gerou forte reação do ministro da Educação Gustavo Capanema e de expoentes do pensamento católico conservador, como Alceu Amoroso Lima.

Entre 1920/1930, Pedro Ernesto e diversos de seus colaboradores, entre os quais Anísio Teixeira, aproximaram-se da Aliança Nacional Libertadora (ANL), ainda que sem aderir a ela formalmente.

A ANL era uma frente política que reunia diversos setores de esquerda em torno de uma plataforma de combate ao fascismo e ao imperialismo. Com certa frequência, Anísio escrevia artigos, em A Manhã, jornal oficioso da ANL. Apesar de contrário às ações políticas violentas, acabou sendo acusado de envolvimento no levante comunista promovido por essa organização em novembro de 1935. Dias depois, Pedro Ernesto foi obrigado de afastá-lo de seu governo. Meses mais tarde, o próprio prefeito foi preso e afastado de seu cargo, sob as mesmas acusações de envolvimento com os comunistas.

  Em 1932, junto com o professor Lourenço Filho, a poetisa Cecília Meireles,  Fernando de Azevedo que aplicou a sociologia à educação e reformou o ensino em São Paulo nos anos de 1930, sendo  Anísio um dos mais destacados signatários do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, documento que defendia uma escola pública gratuita, laica e obrigatória. Em contrapartida, sofreu forte oposição da Igreja Católica, cujo projeto educacional era calcado em pressupostos inteiramente diferentes dos seus. Por essa época, assumiu a presidência da Associação Brasileira de Educação (ABE).

Após a instalação do Estado novo em 1937, perseguido pela ditadura Vargas, se demite do cargo.  Em 1936 e passa longo período afastado da vida pública – Educação. Ocupou-se com traduções para a Companhia Editora Nacional e depois tornou-se comerciante e exportador de minérios até 1946.

 Em 1946, vivendo na Europa, a convite de Julian Huxley, tornou-se Conselheiro para Educação Ciência e Cultura Superior da UNESCO, ainda em fase de organização.

Com o fim do Estado Novo, retorna ao Brasil em 1947 e, a convite do governador Otávio Mangabeira, assume a Secretaria de Educação e Saúde da Bahia. Realiza uma gestão memorável e se destaca com a construção do Centro Popular de Educação Caneiro Ribeiro, construído no bairro da Liberdade, inaugurado em 1950, onde introduziu novas concepções de educação.

Em 1951, foi chamado pelo Ministro da Educação, Simões Filho, organiza e assume o cargo de Secretário Geral da Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), depois transformada em órgão.  Em 1952 passa a acumular a Secretaria Geral desta última com a direção do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP). Durante sua gestão proferiu várias conferências pelo país e participou ativamente da discussão da Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB 4026/61).

Suas posições fizeram com que fosse perseguido pelos bispos brasileiros e em 1958 foi lançado por eles um memorial que o acusava de extremista e solicitava ao Governo Federal sua demissão. Em protesto 529 educadores, cientistas e professores de todo o Brasil, fizeram um abaixo assinado para o presidente Juscelino Kubitscheck solicitando que mantivesse Anísio no seu cargo, o manifesto contra a posição da igreja foi aceito.

 Foi um dos principais idealizadores da Universidade de Brasília – UnB fundada em 1961. Em 1963,  com o afastamento do reitor Darcy Ribeiro,  para assumir a chefia do Gabinete Civil da Presidência da República, Anísio Teixeira assume a reitoria da Universidade de Brasília (UnB), mas em 1964 com o Golpe Militar que derrubou o presidente João Goulart, foi afastado do CAPES e da Universidade e, foi  aposentado compulsoriamente.

Após o golpe de 1964 vai para os Estados Unidos e a convite de universidades americanas onde leciona e, outro do Chile, onde participa do processo de reestruturação da universidade, a convite do governo daquele país.

 Em 1966 retorna ao Brasil e torna-se consultor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Companhia Editora Nacional. Em 1970 recebeu o título de professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Em 1971 candidata-se à Academia Brasileira de Letras, (ABL), porém em 11 de março de 1971 (RJ), foi encontrado morte no fundo do poço de um elevador, no edifício onde morava Aurélio Buarque de Holanda, a quem pretendia postular o voto para a Academia.

A polícia considerou morte acidental, mas a família suspeita que ele tenha sido vítima da repressão do Governo do General Emílio Garrastazu Médice.

Anísio Teixeira escreveu bastante, construiu muitas escolas.  Em 1935 contribuiu diretamente para a construção da Universidade do Distrito Federal (RJ) e em 1961, a universidade de Brasília, dois marcos da renovação da universidade brasileira.

Dentre suas obras destacam-se: Aspectos Americanos da Educação (1928); Educação Progressiva: uma introdução à Filosofia da Educação (1934); Educação para a Democracia (1936);  Em colaboração com Maurício Rocha Silva: Diálogo sobre a Lógica do Conhecimento (1968); Educação é um Direito (1968); Educação não é um Privilégio (1968); Educação para o Mundo Moderno (1969) e Ensino Superior  no Brasil (1989),  póstuma.

CONSULTAS:

  Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 20;

Anísio em Movimento de João Augusto de Lima Rocha (organizador);

Enciclopédia Encarta;

Enciclopédia BARSA;

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