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Antonio Ferreira da Silva

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Poeta e Alabiano.

*26/08/1931   †20/07/2020

 

Eis uma sintética biografia daquele que foi um menino tabaréu, e somente no limiar da fase adulta conheceu as primeiras letras na cartilha “Ensino Rápido da Leitura”, em aulas domésticas ministradas por sua tia Antonia.

No entanto, seus conhecimentos adquiridos na infância e adolescência – arrebanhando cabras, guiando tropas e abrindo cacimbas nas areias enxutas do rio para dar água as criações, consistem na sua mais elevada universidade de vida.

RESUMO BIOGRÁFICO ESCRITO POR ANTONIO FERREIRA DA SILVA, INSERIDA NO LIVRO DE PEESIAS ‘CAMINHOS PONTILHADOS’ DO AUTOR.

Antonio Ferreira da Silva Nasceu na fazenda Poço do Frade, em Ipirá/BA em 26 de agosto de 1931.

1934 – Fica órfão de mãe antes dos três anos de idade e passa a ser criado pela avó e tias maternas.

1952 – Tangido pela seca que assolava a região nordestina, migra para o estado do Paraná atraído pela falácia de que naquelas terras se juntava dinheiro à “rodo”. Trabalha na cafeicultura a partir das derrubadas para o plantio, e mora em galpões dos empreiteiros (gatos). Trabalha na agricultura familiar recebendo alimentação, moradia e melhores condições de vida. Inicia nos estudos de gramática, história, geografia e matemática, através do agricultor autodidata, Hipólito José dos Santos.

1957 – Inicia a prestação do Serviço Militar servindo até maio de 1958, na cidade de Ponta Grossa, sul do estado do Paraná. É aprovado em concurso para fazer o curso de formação de graduados (CFG) no corpo da tropa, tendo concluído com aproveitamento a 1ª e 2ª fases do concurso.

1958 – Migra para o estado de São Paulo; trabalha na antiga fábrica de fios (náilon) Rilsan Brasileira S/A.

1961 – Deixa a Rilsan e entra na CIA Brasileira de Materiais Ferroviários, “COBRASMA S/A”. Retoma os estudos na escola SESI e conclui a 4ª série primária. Fez o curso profissionalizante de controle de qualidade. É promovido a controlador de qualidade do setor de fundição.  Cursa a leitura e interpretação de desenho mecânico. Inicia os estudos no curso de madureza Santa Inês (antigo ginásio).

1963 – É eleito membro do Conselho Fiscal na primeira eleição do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos e de Material Elétrico de Osasco e região oeste, onde participa da comissão de fábrica da COBRASMA, conquistando grandes benefícios dentro da empresa. Destaca-se na organização dos trabalhadores frente ao movimento paredista por melhores condições de salários e de vida, decretado em Assembleia Geral, não se intimidando com a Força Pública e o DOPS, na missão de prender trabalhadores.

1966 – Deixa a COBRASMA. Volta ao Paraná, arrenda terras e planta uma pequena lavoura de feijão e milho.

1968 – Trabalha na fábrica de papel e papelão de Monte Alegre, em Telêmaco Borba/ Paraná.

1971 – Retorna a São Paulo. Trabalha como inspetor de qualidade na indústria metalúrgica. Reinicia seus estudos de 1º grau e depois do 2º grau, através de cursos supletivos.

1975 – Trabalha como monitor do MOBRAL, ligado ao CEPRO, na cidade de Osasco/SP.

1978 – Trabalha como professor leigo em duas escolas na zona rural de Pirapora do Bom Jesus/SP.

1979 – Entra no Serviço Público Municipal em Osasco/SP no Centro de Vivência. Passa a morar em Carapicuíba, no bairro da cidade Ariston III, onde organizou a luta popular pelas melhorias do bairro.  Ingressa no Partido dos Trabalhadores (PT). É eleito membro da diretória municipal do partido, onde atua no centro da defesa dos direitos humanos de Osasco/SP.

1980 – Casa-se com a brumadense Blandina Meira Sertão em São Paulo. Participa com suas letras musicais, interpretadas pelo músico Carlo Garcia, em vários festivais de MPB da região Oeste de São Paulo.

1982 – Candidata-se ao cargo de vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no município de Carapicuíba. É eleito Delegado do Partido pela Diretória Municipal de Carapicuíba. É eleito coordenador das compras comunitárias diretas dos produtores do Instituto Paulista de Promoção Humana de Lins, pelas comunidades da Diocese de Osasco/SP.

1984 – Ganha em primeiro lugar o 1º Festival realizado no Centro de Vivência Santo Dias da Silva, em Osasco/SP, com o poema “Tela de Borralho” interpretado pelo músico Carlos Garcia. Participa do MAEPO – Movimento de Artistas, Escritores e Poetas de Osasco e da Constelação de Poetas dirigida por Áurea Ferreira.

1989 – Sai da Prefeitura Municipal de Osasco por perseguição política.

1990 – Fica viúvo com um menino de apenas nove anos. Muda-se para Brumado/BA.

1991 – Inicia o curso de magistério no Colégio Estadual de Brumado – CEB.

1992 – Participa com a letra “O Morro dos passarinhos”, no último Festival Estudantil da Música Popular (FEMP) promovido em Brumado.

1994 – Fica em 2º lugar no Festival de Poesia de Planalto/BA com o poema “Porque tardas primavera?”. É diplomado no curso magistério. É aprovado em concurso público para professor de nível 1, e leciona para os alunos do assentamento Maravilha, no Município de Eunápolis/BA.

1997 – É integrado via ação trabalhista às suas funções na Prefeitura de Osasco/SP. Deixa Eunápolis e retorna à cidade de Osasco.

1998 – Retorna a Brumado.

2001 – É aprovado em concurso público Municipal.

2002 – Ingressa no setor de Endemias.

2006 – Afasta-se definitivamente de suas atividades por motivo de grave enfermidade.

Ano – é membro da Academia de Letras e Artes de Brumado – ALAB, onde prestou serviços de grande relevância literária e cultural, teve participação ativa não só como poeta, mas como intelectual participante dos eventos promovidos pela ALAB.

Cleomenes Nunes Barreto no prefácio do livro de poesias “Caminhos Pontilhados” de seu Antonio (Meninão) afirmou: “Antonio Ferreira é um homem idealístico, que insere na poesia um tilintar despertador das consciências adormecidas – acalentadas nos braços torpes da apatia social. […]. Estamos perante poesias transcendentes a paixões Classistas e vocações religiosas, que perpassam ecologia, nostalgia, regionalismo e arte e filosofia. Cuja compilação consiste num arrebatamento profundo e absoluto”.

É admirador e cultor do poeta Antonio de Castro Alves, o Poeta dos Escravos, e apesar da idade, declama seus poemas com bastante entusiasmo.

Em gratidão e reconhecimento homenageou seu o padrinho Pedro Nunes de Oliveira com um poema a ele dedicado.

SEM DESTINO

Meus amigos desapareceram,/Perseguiu cada qual o seu caminho,/Uns mudaram e outros morreram,/Neste mundo eu fiquei sozinho.//Nesta terra em que eu tive meu lar/Só estranhos aqui encontrei./Já não tenho pra onde voltar/Nos caminhos por onde passei…//Meus olhos não podem chorar/Em Minh ‘alma o pranto secou./O destino é quem vai guiar/ Os caminhos que a sorte traçou.//Não vi mais, adentrando a cidade,/ um canteiro coberto de flor,/Na colina reside a saudade,/Na casinha do meu amor.

Seu Antonio Ferreira da Silva (Meninão), meu amigo, era pessoa da nossa admiração e consideração, foi um grande batalhador, por decisão do destino, tornou-se poeta para manifestar seus sentimentos sobre a plenitude da própria vida.

Faleceu em 20 de julho de 2020, não temos maiores detalhes, tempos difíceis esses do COVID-19.

Antonio Novais Torres
antoniotorresBrumado@gmail.com
Brumado, 20 de julho de 2020.

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