ANTONIO DE MEIRELLES
Professor Catedrático da Escola Normal de Caetité, poeta e jornalista.
*12/10/1897†15/05/1983
LAURA SANTOS DE MEIRELLES (esposa)
*18/06/1909†12/08/2002
Antonio de Meirelles nasceu na cidade de Salvador/BA em 12 de outubro de 1897, filho de Joaquim de Meirelles Sobrinho (Major do Exército) e de Agostinha de Palma Meirelles.
O casal Joaquim de Meirelles Sobrinho e Augustinha Palma Meirelles se casou em Ilhéus/BA em 1891. Dessa união resultaram os filhos: Henrique (Professor); Cleóphano falecido aos 18 anos de idade, vestibulando para a faculdade de medicina; Zir de Meirelles Lisboa, professora; Maria Etirnelvina (Poetisa); Gastão, falecido aos oito anos de idade; Antonio de Meirelles (Professor Catedrático da Escola Normal de Caetité, poeta e jornalista); Bernardino (odontólogo); América (Professora); Edison (Odontólogo) e Ataualba médico. Todos nascidos e falecidos em Salvador/BA.
Os estudos de Antonio de Meirelles foram realizados na Escola Normal da Bahia onde desenvolveu atividades políticas estudantis e fundou o Grêmio Nacionalista. Em parceria com os colegas Rafael Forte e Demóstenes Pinto de Carvalho editaram um Jornal neste estabelecimento. Diplomado em professor exerceu esse ofício no arraial do Rio do Antonio, a época, pertencente ao município de Caculé. Em seguida foi transferido para a sede.
Casou-se em Caculé no dia 20 de junho de 1927 com Laura Santos e após o casamento passou assinar Laura Santos de Meirelles. Ela é natural de Caculé, nascida no dia 18 de junho de 1909, filha de Manoel Santos e de Hermelina Maciel Santos. Desse matrimônio resultaram os filhos: Dagmar, Eny, Ubaldo, Sidney, Edson, Bernadete e Osmar Mariano, cujas inicias formam a frase ‘DEUS É BOM’.
Por convite pessoal do Dr. Edgard da Silva Travassos Pitangueiras, então diretor da Escola Normal de Caetité (criada pelo famoso educador Anísio Teixeira, Secretário de Educação do Estado da Bahia, filho de Caetité), se deslocou com a família para lá, e passou a ensinar na referida escola as matérias do curso fundamental a ele atribuídas.
Ocupou a direção da Escola Normal de Caetité no período de 1937/1941 onde desenvolveu atividades administrativas diversas proporcionando muitas melhorias e benefícios concernentes aos cursos e também promoveu eventos festivos como a comemoração, pela primeira vez, DO DIA DAS MÃES. Tudo foi feito por mais de cinco décadas por idealização e tino administrativo do Professor Antonio de Meirelles. Abriu espaços e incutiu nos alunos a responsabilidade e o interesse pela cultura, pelos esportes e o amor à escola.
Dentre outras honrarias em 1950 foi paraninfo da turma de formandos da Escola Normal de Caetité – ENC, em 1953 mereceu o título de Preito de Justiça e em 1958 o de Grande homenagem.
Pelos seus feitos nas diversas áreas administrativas, culturais e esportivas, recebeu destaque de sua atuação do jornal A TARDE que fez o seguinte registro: “o mais amplo e bem aparelhado campo de esporte do Estado da Bahia”.
Diante da sua competência profissional e de eficiência administrativa comprovada pelas suas realizações, foi convocado pelo interventor General Renato Onofre de Pinto Aleixo para exercer o cargo de prefeito Municipal de Caetité (1944-1945 até junho) onde imprimiu uma administração inteligente, dinâmica e moralizadora. Oportunidade que fundou a Escola Rodrigues Lima destinada a pessoas carentes, dotando-a de oficina de aprendizagem, salas de aulas e banda marcial, além de outros procedimentos paralelos onde imprimiu organização, disciplina e moralização na gestão da coisa pública com a correção que lhe caracterizava.
Católico praticante lecionou no antigo Seminário da cidade e dirigiu durante ano e meio o jornal oficial da Diocese de Caetité. Escrevia e lia diariamente no serviço de alto falante da Diocese a crônica Ave Maria.
Presidiu a Sociedade São Vicente de Paula, fundada em 1918, da Congregação Mariana e foi membro de outras associações religiosas.
Tinha hábito de fazer acrósticos e escrever artigos para jornais e revistas de circulação na Bahia, uma demonstração da sua intelectualidade.
Acolheu o convite do amigo Miguel Fernandes, ex-prefeito e ex-deputado estadual por Caculé para dirigir o Ginásio Estadual daquela cidade. O Professor Antonio de Meirelles foi o primeiro Diretor do Ginásio Estadual Norberto Fernandes em Caculé, criado em 2 de setembro de 1954 pelo Dec. 15.913 assinado pelo Governador Luiz Régis Pacheco Pereira. Catedrático da Escola Normal de Caetité foi nomeado pela portaria nº 4.388 de 15 de setembro de 1954. Tomou posse e assumiu o exercício do cargo em 6 de outubro de 1954.
Pela portaria nº 667 da Secretaria da Educação e Cultura, foi autorizado o funcionamento do Ginásio com aula inaugural realizada no dia 10 de maio, com conferências realizadas pelo professor Antonio de Meirelles, Professora Zélia Fernandes Guimarães e o Dr. Paulo Maciel Fernandes, Prefeito Municipal. Registre-se, também, que o professor Antonio de Meirelles foi o autor da letra do Hino a Caculé com música de Antônio Constantino.
Em 02 de outubro de 1998 por iniciativa da professora Tereza Guanaes Aguiar foi feito homenagem póstuma em memória do professor Antonio de Meirelles. O promotor Sidney Joaquim Meirelles representando a família fez um discurso laudatório ao seu pai [Antonio de Meirelles], destacando as suas virtudes de profissional competente e vocacionado, embora fosse o seu desejo ser Operador do Direito como havia confessado ao filho, formado nessa área, não concretizou em virtude da sua situação financeira. Falou de suas qualidades e exemplos dignos de pai, esposo e avô e da dedicação de amizade às pessoas do seu relacionamento.
Sidney emocionado agradeceu a Professora Tereza pelo evento que o comoveu pela dedicação devotada ao patriarca professor Meirelles, lembranças de saudosas memorias por tantas qualidades excepcionais marcantes da sua personalidade.
“A sua vida foi pautada pelo exercício como professor, portanto exerceu a mais nobre de todas as profissões. Educador, sobretudo educador, nessa condição, deve-lhe Caetité serviços relevantes. Não ministrava apenas aulas a seus discípulos, antes os fazia sentir que o magistério é uma prática social, séria e afetiva. Usou a sua profissão de mestre professor apenas para educar e integrar”. Declarações do filho e promotor Sidney Meirelles.
O promotor Sidney Meirelles expressou o seu sentimento a respeito: “Sinceramente, não sei se existe outra profissão comparável a do professor em importância, valor e contingências, a começar pela sua destinação à própria formação de outros profissionais”.
“Em verdade sua responsabilidade supera quaisquer outras, por serem irreparáveis e irrecuperáveis as deficiências da obra educativas não supridas em cada fase etária”.
Citou o célebre filósofo Platão: “Se o nosso sapateiro for um mau artífice, isso não nos causará maior dano; mas, se o for o preceptor de nossos filhos, imenso será o prejuízo decorrente de tal circunstância”.
“Antonio de Meirelles entendia, disse o promotor Sidney: o seu pensamento era que o trabalho de professor não deveria se resumir, tão somente, em transmitir conhecimentos ou habilidades, mas, sim, educar, o que envolve certa atmosfera afetiva, reclamando, pois, do mestre os melhores dotes de compreensão, amor, e sensibilidade humana”.
“Em todos os tempos e em todo o mundo a educação foi e será sempre o instrumento fundamental para o desenvolvimento e progresso de um povo. Nenhuma nação jamais poderá atingir os seus legítimos ideais de grandeza, independência e prosperidade se os seus filhos não tiverem relativo grau de instrução. Reconhecido isso, é de justiça salientar que o Professor Antonio de Meirelles foi um grande educador. Ele muito contribuiu para o progresso cultural e material desta querida terra, cidade que verdadeiramente amou e dedicou grande parte de sua produtiva existência”.
“Homem de bem, moral inatacável – foi ele um verdadeiro guia, um condutor, uma chama que iluminou gerações. Sem haver realizado o seu sonho de estudar Direito, praticava amiúde , seus preceitos – vivendo u’a vida honesta, não lesando a ninguém e dando a cada um o que é seu. Sua trajetória de vida revelou um perfil de homem singular. Foi modelo de correção e honestidade. Fez presença no setor profissional, na família e no social”.
“No Magistério, se dedicou com sublime devoção, orientando os jovens com seu próprio exemplo. Na família, a doação de seu amor convertera-a em santuário. Na convivência com os amigos, que foram muitos, soube cultivá-los e prezá-los por toda sua existência. Morto, ficou em nossa lembrança o exemplo edificante de sua vida, vida que foi uma imensa folha de serviços prestados à comunidade”.
“A educação que recebemos marcou sensivelmente nossas personalidades. Filhos de uma família modesta, eu e meus irmãos, tivemos uma vida pouco provida de bens materiais, mas rica, muito rica, mesmo, em valores éticos. A simplicidade, a humildade, o amor, a compreensão, a dignidade, são princípios que muito nos ajudaram inclusive a não perder de vista os limites do poder a mim conferidos pela posição profissional que exerci como promotor público na minha longa caminhada por comarcas interioranas. Esta, sem dúvida, foi a nossa herança”.
“Tivemos a honra de nascer nesta abençoada terra [Caetité] e num lar cristão. Meu pai sempre viveu com o coração voltado para Caetité, cidade que adotou como sua e onde passou a maior parte de sua vida. Sentiu-se recompensado, sem dúvida, pela longa e feliz existência que o bom Deus concedeu, pela linda e harmoniosa convivência com a sua querida esposa. Foram 57 anos de feliz vida conjugal, nos quais minha mãe muito colaborou pela dedicação, trabalho, estímulo, pela solidariedade no repartir sorrisos e lágrimas e pela tranquilidade de um lar feliz e harmonioso”.
“Da feliz união com minha mãe, nasceram sete filhos, identificados com os prenomes cujas iniciais formou a frase DEUS É BOM. Dagmar – D; Eny – E; Ubaldo – U; Sidney – S; Edson – E; Bernadete – B; e Osmar Mariano – OM. Este falecido em Salvador, aos 19 anos de idade, quando cursava o pré-vestibular para faculdade de medicina”.
“Neste dia, pois, inobstante já decorridos dezesseis anos de falecido, a memória, a saudade de um excelente pai, nos honra esse significativo momento. Obrigado Professora Tereza Guanaes Aguiar, pela homenagem prestada ao meu querido e saudoso pai. Em nome da minha mãe, Laura, e de meus irmãos e meu próprio, receba nossa sincera e imorredoura gratidão, toda ela transbordante de comoção e fervor, diante da eterna dívida para com um grande cidadão. A obra do professor Antonio de Meirelles radica, fundamentalmente, como educador, no exemplo de vida e no amor de um verdadeiro pai”.
O professor Antonio de Meireles faleceu em Salvador no dia 15 de maio de 1893, onde está inumado.
Laura Meirelles (esposa supérstite) faleceu também em Salvador no dia 12 de agosto de 2002.
Consta nas declarações de José Alves Fróis no livro Caculé de Miguelzinho, agradecimentos aos colaboradores com destaque para os subsídios valiosos que foram ofertados ao autor pelo professor Antonio de Meirelles [homem de memória privilegiada] para consecução de sua obra.
O país que queremos? É o que tenha homens como o professor Antônio de Meirelles com qualidades honradas e dignas, de valores éticos e morais, competente, eficiente e honesto, que enalteçam a nação. (antorres).
Fontes de informações:
Discurso do promotor Sidney Joaquim Meirelles em agradecimento à Professora Tereza Guanaes Aguiar, pela homenagem, em lembrança do professor Antonio de Meirelles; discurso pronunciado em 2 de outubro de 1998; a quem agradecemos pelas informações.
Livro Caculé de Miguelzinho de José Alves Fróis, 2ª edição em 2006;
Livro Caetité pequenina e ilustre, autoria de Helena Lima dos Santos, 2ª edição. Livro De peão a senador. Uma vida para exemplo de Eny Meirelles