Entre pessoas sem deficiência, a proporção é de duas em quatro
por Agência Brasil
De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chamado de Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e conduzido no terceiro trimestre de 2022, concluiu-se que aproximadamente 25,6% das pessoas com deficiência, com 25 anos ou mais, conseguem concluir a educação básica, ou seja, uma em cada quatro pessoas. Essa proporção é significativamente menor em comparação com as pessoas sem deficiência, cujo percentual de conclusão da educação básica é de 57,3%. A pesquisadora Luciana Alves dos Santos destaca a disparidade entre esses grupos.
Em relação ao gênero, constatou-se que 26,5% das mulheres com deficiência conseguem concluir a etapa educacional, enquanto entre os homens o percentual é de 24,4%.
A pesquisa também revelou que a quantidade de alunos com deficiência em séries adequadas para sua idade é menor em todas as etapas escolares em comparação com aqueles sem deficiência. No primeiro ciclo do ensino fundamental, a discrepância é menor, com percentuais de 89,3% e 93,9% respectivamente.
No entanto, essa diferença aumenta ao longo do tempo. No ensino médio, por exemplo, apenas 54,4% dos alunos com deficiência estão na série correta, enquanto entre os sem deficiência o percentual é de 70,3%. Isso indica um acúmulo de estudantes com atraso em relação à idade-série, que pode ser atribuído a questões de acessibilidade nas salas de aula e à falta de recursos e inclusão nas escolas, de acordo com a pesquisadora Maira Bonna Lenzi.
É importante compreender os obstáculos que dificultam a permanência desses alunos na escola e em suas séries adequadas. Além disso, a taxa de analfabetismo entre as pessoas com deficiência é muito maior, chegando a ser quase cinco vezes maior do que entre as pessoas sem deficiência (19,5% em comparação com 4,1%).
As deficiências foram identificadas por meio de entrevistas realizadas pelos técnicos do IBGE, levando em consideração oito tipos de dificuldades: visual, auditiva, de comunicação, de locomoção, de habilidades motoras finas, de aprendizado, de memória e concentração, e de cuidados pessoais.
A pesquisa revelou que aproximadamente 18,6 milhões de pessoas, ou seja, 8,9% da população brasileira com dois anos ou mais, afirmaram ter algum tipo de deficiência. Entre as mulheres, esse número representa 10%, enquanto entre os homens é de 7,7%. A região Nordeste se destacou, com um percentual de 10,3%, sendo a única região com uma taxa divergente da média nacional.
As deficiências mais comuns relatadas foram as dificuldades de locomoção (3,6%), de visão (3,1%) e de aprendizado ou memória (2,6%). Cerca de 5,5% dos entrevistados declararam ter apenas uma deficiência, enquanto 3,4% afirmaram ter duas ou mais deficiências.