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Após nova “década perdida”, especialistas indicam que presidente eleito deve priorizar agenda do crescimento econômico

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Entre 2011 e 2020, PIB do país cresceu, em média, 0,3% ao ano. Para especialistas, governo precisa continuar pauta de reformas estruturais e abrir a economia

Por: Felipe Moura/Brasil 61

Entre 2011 e 2020 a economia brasileira cresceu, em média, 0,3% ao ano. Foi a década de pior desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 120 anos. O resultado da economia nesse período ficou abaixo, inclusive, da chamada “década perdida”, entre 1981 e 1990, quando o PIB cresceu apenas 1,6% a.a.

Ao Brasil 61, especialistas afirmaram que a pauta do crescimento econômico deve ser uma das prioridades da agenda econômica do presidente da República eleito em outubro. Os economistas também opinaram sobre as estratégias que o próximo governante deve adotar para que o país volte a crescer de forma mais expressiva.

Para o professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, a chave para o crescimento econômico começa por manter aquilo que vem dando certo nos últimos anos, como as reformas estruturais, mais precisamente do trabalho e da previdência. “É fundamental continuar na implementação dessas reformas, porque ainda falta muita coisa para organizar melhor o funcionamento da economia”, destaca.

Ele cita as reformas tributária e administrativa como imprescindíveis, mas também diz que é preciso abrir a economia, aumentar a competitividade e, consequentemente, a produtividade no país. De acordo com o Índice de Liberdade Econômica de 2022, divulgado pela Heritage Foundation, o Brasil ocupa a posição de número 133 entre 184 países. Isto quer dizer que em 132 países é mais fácil fazer negócio do que aqui.

“É necessário continuar com as privatizações, tirar o Estado de uma forma estrutural da economia e criar incentivos para o setor privado ocupar esse espaço, como aconteceu nos últimos quatro ou cinco anos, quando a taxa de investimento saiu de 15% e foi para 19% do PIB, com uma queda ao mesmo tempo da taxa de investimento do setor público”, diz José Camargo.

Benito Salomão, economista-chefe da Gladius Research, destaca que a economia brasileira apresenta taxas de crescimento baixas há mais de dez anos, o que também vale para o PIB per capita. O nosso PIB per capita vem estagnado há mais de uma década. Em 2022, o Brasil tem o mesmo PIB per capita que tinha em 2009. Então, há uma agenda de crescimento que precisa ser enfrentada pelo governo”, analisa.

Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que o PIB per capita brasileiro na última década empatou com o dos anos 80 como aqueles com os piores desempenhos desde o início do século XX. A riqueza por habitante recuou 0,6%. Em uma comparação internacional com 190 países, o PIB per capita do Brasil performou pior do que o de outras 155 nações entre 2011 e 2020. Em vizinhos sul-americanos, como Chile e Peru, o indicador cresceu 0,8% e a década foi positiva.

Salomão acredita que a agenda do crescimento econômico deve ser marcada pela abertura da economia, aprovação de marcos regulatórios, investimento em ciência, tecnologia e infraestrutura (rodovias, ferrovias, portos e aeroportos). Essa pauta, segundo o economista, deve ser tocada pelo presidente em paralelo a uma agenda que ele classifica como de “desenvolvimento social e humano”.

“É preciso que a agenda de crescimento econômico se dê concomitantemente com a agenda de distribuição de renda e de investimento maciço em capital humano. Isso envolve também investimentos em educação, envolve fortalecimento de programas de transferência de renda, envolve política de permanência e acompanhamento das crianças nas escolas, ampliação do Sistema Único de Saúde (SUS)”, diz.

Foto de capa: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

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