ARMINDO DOS SANTOS AZEVEDO
LÍDER POLÍTICO, PREFEITO POR TRÊS MANDATOS.
*24/10/1898†17/04/1967
Armindo dos Santos Azevedo nasceu na cidade de Bom Jesus dos Meiras, atual Brumado, no dia 24 de outubro de 1898. Batizado em 18/12/1898, sendo padrinhos Sebastião dos Santos Leite e Júlia Arlinda dos Santos.
Filhos do casal Casimiro Pinheiro de Azevedo e Filomena Santos Azevedo: Alcebino, Isolina, Idalina, Idália, Abias, Iônia, gêmeos Gerôncio e Gerson, Lindolfo e Agnelo dos Santos Azevedo com os quais conviveu em família com harmonia e solidário. Avós paternos: Capitão Joaquim Pinheiro Azevedo e Laurinda Rosa Azevedo. Avós maternos: Placídio José dos Santos e Crescência Maria da Silva.
Casou-se com Geminiana Cardoso Azevedo, na cidade de São Sebastião, distrito de Caculé, hoje cidade de Ibiassucê, no dia 4 de abril de 1923. Dessa união nasceram: Miriam dos Santos Azevedo (1924), Sálvio dos Santos Azevedo (1925), Wilson dos Santos Azevedo, Washington dos Santos Azevedo (1928), Almir dos Santos Azevedo, Afrânio dos Santos Azevedo, Armida Maria Azevedo (1934), Salvador dos Santos Azevedo (1935), Fernando dos Santos Azevedo (1936), Alberto dos Santos Azevedo (1938) e Maria Stella dos Santos Azevedo (1940). Esta, após o casamento, passou a assinar Maria Stella Azevedo Dourado. Do total de 15 filhos, todos nascidos em Brumado, dois morreram ao nascer e dois faleceram com mais de ano.
Armindo dos Santos Azevedo estudou em Brumado, cursou apenas o primário. Inicialmente trabalhou como feirante, dando início a sua vida profissional, depois como comerciante e também como pecuarista.
Posteriormente abriu a Loja “Primavera” com ramo diversificado: armarinhos, tecidos, calçados e afins. A loja localizava-se na Praça Coronel Santos, a qual, hoje, leva o seu nome. Paralelamente às atividades comerciais do ramo lojista, exercia a compra e venda de algodão em capulho. Beneficiava o produto na “usina do governo” e o revendia já em pluma. Exercia ainda a atividade pecuária em suas fazendas, principalmente em Ribeirão do Salto, localizada na divisa com o Estado de Minas Gerais. Depois transferiu a loja para administração do filho Almir Santos Azevedo que deu continuidade até o ano de 1980.
Em 1947, ingressou na política pelas mãos do político Coronel Marcolino Rizério Moura (UDN), tendo como intermediário da indicação o compadre Hermes Santos, que fez algumas ponderações, mas foi instruído pelo coronel a fazê-lo sob sua responsabilidade, pois a indicação era pessoal.
Na transição para a democracia, ocupou a prefeitura o Dr. Antonio Risério Leite, nomeado pelo governador Octávio Mangabeira, sucedendo ao Cel. Marcolino Moura já com problemas de saúde que indicou Risério para o cargo, o qual foi transmitido ao senhor Armindo dos Santos Azevedo em início de 1948.
Com o fim da ditadura de Getúlio Vargas, o comerciante e pecuarista Armindo dos Santos Azevedo candidatou-se ao cargo de prefeito pela União Democrática Nacional (UDN), para o período de 1948-1951 sendo governador Octávio Mangabeira. Foi o primeiro prefeito de Brumado eleito pelo voto popular e alvo de aplausos na solenidade de posse, e conquistou mais dois mandatos 1955-1959, sendo governador Antonio Balbino, e 1963-1967 no mandato do governador Juracy Magalhães.
Em suas gestões, o município atingiu grandes avanços, entre outras realizações, o abastecimento de água provinda do Riacho do Sapé, a compra da tubulação que contou com a ajuda do deputado Manoel Novais; energia elétrica a motor, através do grupo gerador, abastecido com óleo diesel. A energia em Brumado nas décadas de 1940 a 1970 funcionava apenas até às 22 horas, a partir de então a energia começou a funcionar de forma normal. Pavimentação de diversas ruas e praças do centro da cidade; construção do matadouro municipal no bairro do Tanque, conforme Lei 319 de 13/12/1966; construção do Fórum Duarte Moniz Lei 257/64 de 4/12/1964, com inauguração em 1966, situado na Rua Dr. Mário Meira, nº 79. (Atualmente o Fórum está localizado em novo prédio, na Rua Rio de Contas, nº 3, bairro Nobre, terreno doado pela prefeitura municipal ao TRT da 5ª Região, para construção do novo fórum em Brumado, com área de 2.724,55 m²); abertura de várias ruas e avenidas, inclusive a Mestre Eufrásio, (antigo campo de aviação) com distribuição de lotes para a classe menos favorecida; construção e manutenção de estradas; pequenos açudes e pontes na zona rural; construção da Praça Coronel Santos em 1957. A Praça Coronel Santos passou a chamar-se Praça Armindo Azevedo através da Lei nº 331, de 26 de maio de 1967, no governo do prefeito Juracy Pires Gomes. A Praça Coronel Santos foi transferida para a “Rua de Conquista” que passou a chamar-se Avenida Coronel Santos conforme lei 101/67 de 20/04/1967. Construção das capelas Nossa Senhora da Conceição no Esconso e Imaculada Conceição em Cristalândia; construção e conclusão da Barragem de Pedra e Cal, com comporta, sobre o Rio do Antônio, nas imediações da antiga ponte denominada “Ponte de Julião”, também conhecida com o nome de “Barraginha de Seu Armindo”, ligando o bairro São Félix ao centro da cidade; construção da ponte Virgílio da Costa Ataíde sobre o Rio do Antônio, no lugar denominado “Cachoeira”, indicação do vereador Beltrão Gomes Ataíde que homenageou o seu pai. Em seu governo, o Estado construiu o Grupo Escolar Getúlio Vargas e depois denominado Colégio Estadual Getúlio Vargas.
Em 1967, ao concluir o seu último mandato, transmitiu o governo ao seu amigo e sucessor Dr. Juracy Pires Gomes para o período de 1967-1971, na mais perfeita ordem pública e tranquilidade. Juracy foi eleito para mais dois mandatos 1973-1977 e de 1983-1989.
Ressalte-se que o prefeito Eduardo Lima Vasconcelos, em 29/12/2012, homenageou o ex-prefeito Armindo dos Santos Azevedo, erigindo o busto deste, acoplado a um pedestal recoberto de granito, na praça que leva o seu nome, com aplausos de familiares e convidados.
A vereadora Esther Trindade Serra, autorizada pela família enlutada, falou da morte prematura de que foi vítima o ex-prefeito Armindo dos Santos Azevedo e o seu filho Sálvio dos Santos Azevedo e mais dois passageiros do veículo sinistrado. O desastre rodoviário se deu no dia 17 de abril de 1967, na estrada Brumado-Itabuna, no lugar denominado “Pilãozinho”, no município de Itapetinga. Houve uma comoção geral na cidade, porquanto Armindo dos Santos Azevedo era uma liderança querida e respeitada no município de Brumado.
Foi decretado pelo prefeito em exercício luto oficial de cinco dias. Foram apresentadas moções de pesar destacando as qualidades do ex-prefeito como homem digno, probo, eficiente, simples, homem público amigo do povo. Cidadão de virtudes cívicas e morais irrepreensíveis, além de chefe de família exemplar. Todas essas qualidades foram exaltadas pelo presidente da Casa e os demais vereadores, inclusive pelos adversários políticos.
Em homenagem ao ex-prefeito Armindo Santos Azevedo foi nominado na Vila Presidente Vargas em 29 de abril de 1998 a Escola Armindo dos Santos Azevedo.
PRONUNCIAMENTOS:
Geraldo Leite Azevedo: Armindo foi um tio muito atencioso, gostava muito de mim, fazia questão de me ouvir falar sobre qualquer assunto. Após a inauguração do Fórum Duarte Moniz, franqueou a palavra para eu discursar na ocasião festiva, no almoço comemorativo, com lideranças políticas locais e estaduais, deputados, juízes e desembargadores. Foi, sem dúvida, um grande homem, um grande prefeito e, certamente, a maior e mais respeitável liderança política da história de Brumado.
Evan dos Santos Azevedo: Em 1962, Armindo dos Santos Azevedo, Tio Mindo, como o tratava, foi candidato a prefeito de Brumado em seu terceiro mandato para o período de 1963 até 1967, e eu fui candidato a vereador. Ele elegeu-se, e eu fiquei na primeira suplência.
Em 1963, Dona Theodolinda de Souza Revenster (Dona Dolinda), então tesoureira da prefeitura, aposentou-se. Para substituí-la, fui convidado pelo prefeito Armindo. Assumi a tesouraria, permanecendo aí até meados de 1965.
Quando faleceu o vereador Miguel Mirante (PR), eu era o substituto legal. Naquela oportunidade, dirigi-me ao prefeito e perguntei-lhe onde eu seria de maior utilidade para ele: como vereador ou como tesoureiro? O gestor foi enfático: “Você deve permanecer na tesouraria”. Renunciei ao mandato e, em meu lugar, assumiu o segundo suplente, senhor Gonçalo Pedro da Silva. Fui fiel ao prefeito, renunciando ao mandato, permanecendo na tesouraria, que era a menina dos olhos do alcaide, o qual nos confiou essa missão que cumpri com seriedade e honestidade, como queria o prefeito Armindo dos Santos Azevedo, e era a nossa obrigação profissional, agir em cumprimento da lei.
Continuando, Evan ainda relatou: ‘Tio Mindo’ era um político muito espirituoso e tinha ampla visão das questões políticas locais, conhecia como ninguém os meandros e os bastidores que envolviam a política do município. Na linguagem popular, era o que se chama de “Raposa política”.
Nesse contexto, conto um acontecimento ocorrido na campanha de 1962. Eram candidatos a prefeito de Brumado Armindo dos Santos Azevedo pela legenda do (PR), Dr. José Borges Sampaio pelo (PSD) e Jair Cotrim Rizério pela (UDN). Fui autorizado a propor a Armindo uma aliança política no sentido de a UDN local apoiá-lo. Ocorre que Armindo, ao tomar conhecimento do fato, não aceitou a proposta. Preferiu enfrentar os concorrentes, pois, na sua visão, tinha chance de se eleger sem o apoio da UDN. Resultou que, no pleito, Armindo ganhou as eleições com 58 votos de frente para o Dr. José Borges Sampaio (PSD).
FONTES:
● Pesquisa nas Atas da Câmara Municipal;
● Informações do senhor Jair Cotrim Rizério;
● Entrevistas com amigos correligionários.