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As consequências da desorganização financeira

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Ter uma vida financeira instável pode provocar problemas de saúde. Aprenda a equilibrar

 

Por Byanca Guariz

 

Como anda a sua vida financeira? Assim como em tudo na vida, a saúde financeira também pesa.

Quando o mês chega ao fim, e as contas apertam é difícil não ficar pensando, e dormir parece algo impossível, ainda mais quando não se sabe se o dinheiro vai dar para pagar as contas. E para quem está endividado, ou desempregado, vários distúrbios psicológicos começam a surgir, provocando assim, inúmeros problemas de saúde.

Para que você tenha uma vida financeira equilibrada, existe uma regra de ouro: gaste menos do que você ganha; pesquise preços e compre à vista; guarde 10% do que se ganha; aprenda a comprar o que é realmente necessário e eliminar desperdícios.

Levantamento nacional realizado com consumidores, com dívidas em atraso há mais de 90 dias pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), revela que cada vez mais, brasileiros endividados estão sofrendo com males físicos e mentais.

De acordo com a pesquisa, dois em cada três (65,6%) inadimplentes se sentem deprimidos, tristes e desanimados por deverem, e diante da situação, 16,8% recorrem a vícios como cigarro, comida, ou álcool, sobretudo as pessoas das classes C, D e E (17,5%).

Outra pesquisa realizada, dessa vez pela ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil), em 2019, apontou que para 78% dos entrevistados, a incerteza financeira é a principal causa de ansiedade e preocupação.

O dinheiro pode não trazer felicidade, mas um descompasso financeiro acarreta problemas graves de saúde, como baixa autoestima; estresse; insônia; irritabilidade; dores de cabeça; depressão e até mesmo infarto.

Soluções

Apesar de muita gente não ter o hábito de lidar com o próprio dinheiro de forma prudente, mudar essa realidade é perfeitamente possível.

A melhor maneira de evitar esses problemas é cuidando do dinheiro e saber usá-lo de forma correta. Antes de qualquer coisa é preciso estabelecer um ponto de partida, ou seja, entender os gastos e as necessidades.

Ter uma reserva de emergência é fundamental para momentos inesperados como o da pandemia do novo coronavírus. Mas como economizar de maneira lucrativa em tempos tão difíceis? A educação financeira é viável para todos e o caminho para conseguir diagnosticar gastos, orçar as metas e saber para onde vai cada centavo do financeiro.

Ganhar, economizar e investir são os três passos básicos para dar início a uma vida financeira segura.

Rafael Rico, servidor público, educador financeiro e autor do livro: A Mesma História Igual e Diferente de Clarêncio e Justino – Valorize seus $onhos com Educação Financeira, acredita na importância da reserva e do planejamento financeiro.

Segundo o educador, o conceito de organização financeira vai além de simplesmente manter as contas em dia. É comportamento!  Confira a entrevista:

  1. Porque é necessário manter a vida financeira em dia?

Existem muitos fatores negativos que podem ser desencadeados caso a nossa vida financeira não esteja bem: problemas de saúde, na família, no trabalho. Viver para pagar contas não é uma boa opção!

  1. O que é preciso para garantir o controle dos gastos?

Devemos viver em um padrão de vida que seja adequado à nossa realidade financeira. Não dá para gastar mais do que ganhamos. Disso todo mundo sabe. O que é difícil é aceitar que, muitas vezes, para organizarmos nossa vida financeira, é necessário que adequemos e até mesmo diminuirmos nosso padrão de vida.

É intrínseco ao ser humano querer sempre o melhor para si e para sua família. Mas não dá para fugir da realidade. É muito importante conhecermos todas as nossas receitas e despesas (fixas e variáveis) mensais. Sabendo disso, separe uma parte para sua reserva financeira (que no caso dos servidores públicos deve ser de 6 a 8 meses do valor líquido de seu salário) e não deixe de “se pagar primeiro”, ou seja, separar valores para os seus sonhos de curto (1 ano), médio (de 3 a 10 anos) e longo prazo (acima de 10 anos).

  1. Qual é o valor mínimo necessário para investir?

Não existe um valor mínimo necessário para investir. Essa crença financeira de que “só investe quem é rico” ou até mesmo “só investe quem pode, quem tem dinheiro pra isso” é um tabu que precisa ser quebrado urgentemente! Quem aqui não conhece aquela vovozinha que recebe um salário mínimo por mês e tem um dinheiro guardado? Pois bem, para iniciar sua reserva financeira de segurança, o fundamental é que você se pague primeiro. Separe um dinheiro para você mesmo antes mesmo de pagar seus boletos! Hoje, com menos de R$ 50, é possível investir no Tesouro Direto, por exemplo. Se você achar muito complicado no início, faça sua reserva nem que seja em uma poupança. Mas faça. Imprevistos não são imprevistos. Eles acontecem.

  1. Como praticar a chamada “sustentabilidade financeira”? Como incluir práticas sustentáveis e ainda reduzir os gastos no dia-a-dia?

Esse tema é um dos que mais gosto. Além de servidor público, bacharel em Direito e educador financeiro, também sou graduado e mestre em Biologia pela UnB! Práticas sustentáveis incluem a diminuição de gastos com água, energia, transporte e até mesmo com alimentação (podemos deixar de comprar frutas e verduras que não sejam da estação e assim economizamos um pouco!).

Viver de forma sustentável e deixar o consumismo pelo consumismo é um dos maiores desafios do século XXI. Vemos a degradação do meio ambiente por séculos e séculos e sua intensificação pós revolução industrial. Fico feliz em ver que o movimento minimalista e anti-consumo exacerbado vem sendo difundido de forma gradual e responsável. Quando obedecemos a regra dos 5 R´s, estamos ajudando não só o nosso bolso, mas o planeta em que vivemos: Recicle, Reutilize, Repense, Recuse e Reduza.

  1. Como lidar com prejuízos e inadimplência?

Em tempos de pandemia, muitas famílias que não possuíam uma reserva financeira suficiente começaram a ter problemas muito sérios financeiros. Principalmente os autônomos, sabemos disso. Mas como resolver essa situação? Para nós, servidores públicos, o impacto não foi tão grande. Mas de uma forma ou de outra, sentimos um aumento considerável dos preços em supermercados, remédios e demais produtos de consumo.

Lidar com prejuízos e com a inadimplência não é uma tarefa fácil: o importante é colocar as contas na mesa, saber quanto e pra quem se deve, quais são as taxas de juros efetivas, o CET = Custo Efetivo Total das operações de empréstimos e, após fazer esse diagnóstico financeiro, procurar os seus credores e fazer uma RENEGOCIAÇÃO. Veja bem: refinanciamentos NÃO SÃO renegociações. Cuidado! Ao refinanciar uma dívida, você está aumentando o montante final da dívida e o prejuízo pode ser pior.

Aproveite algumas ações de super descontos dados pelas instituições públicas e privadas para quitação de suas dívidas. O feirão limpa nome pode ser uma boa opção, por exemplo. Mas lembre-se: nada adianta renegociar uma dívida se você não terá como pagá-la ao longo do tempo. Planeje-se para garantir o pagamento dessa renegociação. E, mais importante de tudo: não faça novas dívidas! Educação financeira é comportamento. Não é só planilha e número.

6.Dinheiro pode não garantir felicidade, mas um descompasso financeiro pode acarretar problemas de saúde.   Quais dicas você pode dar para aqueles que desejam poupar e manter uma tranquilidade financeira?

Quando vamos ao médico ele nos pede exames, não é mesmo? Dessa forma será possível o diagnóstico e a medicação adequada para a prevenção e o tratamento de uma doença. Assim também é com as nossas finanças: é muito importante que nossas receitas e despesas (inclusive os empréstimos e prestações) sejam conhecidas. A partir disso poderemos definir o nosso padrão de vida e evitar problemas de saúde (depressão, ansiedade, síndrome do pânico), com a família e amigos (discussões, separações), no trabalho (absenteísmo e/ou presenteísmo).

Para evitar esse tipo de problema, recomendo tentar viver uma vida mais simples, se puder caminhe e pedale mais e dirija menos (já está economizando com combustível), coma mais frutas e verduras (é mais saudável e mais barato!)  e não se esqueça: separe valores assim que receber para sua reserva financeira e para a realização de seus sonhos (de curto, médio e longo prazos).

Conheça a obra

Rafael Rico ensina isso no livro: “A Mesma História Igual e Diferente de Clarêncio e Justino.” Através das atividades do livro, você guiará seu filho na jornada da base da educação financeira, incentivando-o a transformar sonhos em realidade!  O livro está disponível pela Amazon no site: https://amzn.to/3rWvjN5.

A missão de Rafael é ajudar as pessoas a realizarem seus sonhos através da inteligência financeira.

Lugares que oferecem cursos

Com a evolução da tecnologia e a facilidade de acesso a informações, ficou muito fácil se educar financeiramente.  Diversos institutos e organizações oferecem de forma gratuita cursos e capacitações sobre educação financeira para todas as idades. Uma ótima opção para começar a cuidar da vida financeira.

Confira a lista:

Banco Central:

– Gestão de Finanças Pessoais;

Ambima:

– Mercado Financeiro de A a Z;

– Por dentro dos índices de renda fixa.

CVM:

– Educação Financeira para jovens;

– Poupança e Investimento;

– Matemática financeira básica.

Fundação Getúlio Vargas:

– Como fazer investimentos 1 e 2;

– Como Gastar Conscientemente;

– Como organizar o orçamento familiar.

 

Par Mais:

– Como ter uma boa saúde financeira;

– Como cuidar do seu dinheiro;

– 9 passos para sair das dívidas;

 

 

 Foto de Capa: Divulgação.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745