(a Elvira Viana Santana)
Bahia – porto seguro/Onde buscando o futuro. /pisou pela vez primeira, /lá pelos mil e quinhentos, /as naus trazidas aos ventos, /a gente lusa brasileira. //
Bahia cuja história/escreveu com tanta glória/Canudos e Pirajá, /o imenso 2 de julho/primeiro sinal de orgulho/e sede de libertar. //
Bahia que nas colinas/das Lavras Diamantinas/fez seu colar precioso/que orna o imenso colo/das cordilheiras, no solo, /do litoral montanhoso. //
Bahia, no teu sertão, /repercute a oração/triste aboio do vaqueiro/que longe tange a boiada/ou busca o boi de arribada/perdido no tabuleiro. //
Bahia que sob o sol/das tardes no arrebol, /no mar reflete a aquarela, /fundindo o Brasil em cores, /cantando ao mundo os louvores/da terra verde-amarela. //
Bahia dos coqueirais/onde os ventos tropicais/levam segredos do mar, /diz lendas de pescadores, /seus afetos, seus amores, /seus cantos de Iemanjá. //
Bahia de Amaralina, / da ladeira repentina, /da Barra de Itapuã, /dos ritos de candomblés, /capoeira, lava-pés, /berimbau, crença paga. //
Bahia do pelourinho, /da tradição és o ninho, /do folclore – a rainha;/tem Baixa do Sapateiro, /balangandãs, tabuleiro, /batuque, samba, meizinha. //
Bahia que ao som nagô/da flauta do agogô, /do pandeiro repicado, /fornece o samba cadente/que mexe o corpo da gente/num compasso ritmado. //
Bahia que do São João/solta fogos, faz balão, /reza missa ao padroeiro;/assa milho na fogueira, /canta roda a noite inteira, /pisa descalça o terreiro. //
Bahia – terra de Castro/foste escolhida p’ro mastro/do Auriverde Pendão:/bendita terra de Rui/de onde a cultura flui/geração por geração.
POEMA DE CASTRO GUERRA INSERIDO NO LIVRO VOZES DO ESTRO.
[Castro Alves e Rui Barbosa].
Gelásio Pereira Castro Guerra natural de Urandi/BA, nascido em 06/09/1935. Advogado, Juiz de Direito aposentado, professor e poeta, membro da Academia Conquistense de Letras e autor de vários livros.