Por Marquezan Araújo Agência da Rádio Mais
Um dos estados que mais depende da produção industrial, a Bahia tem a construção, os derivados de petróleo e biocombustíveis e os serviços industriais de utilidade pública como os setores que mais contribuem para o desenvolvimento da indústria local. Ao lado de outros, esses segmentos respondem por 73,7% da indústria baiana. Os dados constam no Portal da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Para o gerente-executivo de Estudos e Prospectiva da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Márcio Guerra, isso mostra o potencial que o estado tem em relação à indústria. No entanto, ele afirma que o setor precisa evoluir, principalmente partindo de uma melhora na Educação Básica oferecida no Brasil.
Com base em estudo da CNI, o especialista afirma que a falta de qualidade na Educação Básica brasileira é um problema antigo e que atrapalha o ingresso do jovem no mercado de trabalho. “Apesar de a educação colocada hoje passar por uma possibilidade de reforma, ela ainda é pouco conectada com os reais problemas do mercado de trabalho”.
De acordo com o balanço, que faz parte de um grupo de propostas apresentadas aos candidatos à Presidência da República para as eleições deste ano, o Brasil conseguiu praticamente universalizar o acesso ao Ensino Fundamental. Em 2015, por exemplo, 97,7% da população de 6 a 14 anos estava matriculada nesse nível de escolarização. Contudo, Guerra explica que isso ainda não é o suficiente.
“Nós tivemos um processo de universalização da educação do Brasil, mas quando olhamos as taxas de produtividade, percebemos que a educação não fez transformações na área, muito por causa da baixa qualidade que se tem”, disse.
Naquele ano, cerca de 1,5 milhão de jovens com idade entre 15 a 17 anos deveriam estar cursando essa etapa da formação educacional, no entanto, encontravam-se fora da escola.
Ensino Superior
Para o pesquisador do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB), Jairo Eduardo Borges, os cursos superiores e a educação técnica e profissional podem ser vistas como modalidades complementares. Ou seja, uma não anula a outra, mas sim, “há aqui uma junção da teoria e da prática que podem ser pontos determinantes na hora de conseguir um emprego”.
Porém, vistas de pontos separados, o professor ressalta que “pessoas que têm mais qualificação profissional, têm mais probabilidade de conseguir um trabalho e também de conseguir trabalhos melhores”. Ainda segundo ele, “ter um nível de escolaridade superior não vai necessariamente garantir emprego.”
Educação técnica e profissional
O último balanço do Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC) aponta que, no Nordeste, meio milhão de pessoas optaram por cursos técnicos. Para a gerente da educação profissional do SENAI-BA, Patrícia Evangelista, esse é um dado positivo, tendo em vista que é o caminho para suprir as demandas da indústria nacional.
Na visão dela, o fato de você associar a educação à formação profissional, já há uma proximidade com a realidade do mundo do trabalho. “Então nos cursos técnicos e de qualificação profissional, o aluno tem a possibilidade de articular o aprendizado teórico com a experiência prática”, diz.
Também ao analisar o estudo da CNI no tocante ao preparo que a Educação Básica brasileira oferece, a especialista afirma que o modelo de ensino é ultrapassado e não garante uma boa qualificação para o aluno.
“Se você tirar uma foto da sala de aula do século XIX, vai ver que é muito parecida com a que nós temos nas escolas de hoje. Então, por meio dos cursos técnicos, colocamos os alunos em uma posição mais protagonista, utilizando metodologias ativas de ensino e novos recursos tecnológicos”, ressalta Patrícia.
Outro balanço da CNI aponta que quase metade das empresas ouvidas para o estudo consideravam que uma das três principais medidas para acelerar a adoção de tecnologias digitais seria o investimento em novos modelos de educação e em programas de treinamento.
Foto de Capa: Claudionor Jr./SEC