Por: Rejane Guimarães
O empreendedorismo é um tema que tem ganhado destaque nos últimos anos. Segundo pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor, de 2020, o brasileiro é o sétimo povo mais empreendedor do mundo. Mas, quando assunto é viver e trabalhar fora do país, às vezes, esse sonho pode parecer impossível.
Por isso, a baiana Ana Maria Sousa, natural de Serra Dourada, um pequeno município distante cerca de 800 km da capital baiana e com pouco mais de 17 mil habitantes, decidiu romper a barreira do impedimento e mostrar que não há limites para a criatividade e a vontade do povo brasileiro.
Irmã mais velha de uma família de 10 filhos, há mais de 20 anos Ana Maria mora em Portugal, onde fundou um grupo de networking focado em ajudar brasileiros a se conectarem com empresários em Portugal. Frente a esse projeto, ela já movimenta mais de 50 empresas e quer dobrar esse número em 2022.
Mas, o início foi de muito trabalho e poucas oportunidades. “Eu era muito jovem quando decidi que queria sair do país e tentar a vida em Portugal. Na época, a única chance era comprar minha passagem e vir com a cara e a coragem. Hoje, vejo quanto é possível crescer por aqui, transformei minha história em trabalho e uma missão”, diz ela.
Como a maioria dos brasileiros que decide viver fora do país, o primeiro trabalho foi como garçonete. “Eu era muito humilhada e às vezes nem recebia. Trabalhei em várias empresas ao mesmo tempo, fazia pesquisa porta a porta de estudo de mercado, depois trabalhei em stand cosméticos e fazia faxina também”, relata. Mas, a destreza adquirida durante os anos, lhe deu um grande aporte para entender como funciona o mundo dos negócios em terras portuguesas.
A maior escola antes de fundar a própria empresa foi numa revista, onde trabalhava no departamento comercial. A partir dali ela decidiu focar em como empreender e transformar sua trajetória de dificuldades em trampolim que pudesse ajudar outros brasileiros e até empresários portugueses. “Empreender é isso, é transformar dificuldade em oportunidade, como agora durante a pandemia. A reclusão trouxe também a ampliação do digital e os negócios entre os países ficou mais fácil, porque as empresas já entendem que essa aproximação pode acontecer no online. A pandemia fez com que esse universo avançasse 10 anos”, analisa.
Sobre a vida em Serra Dourada ela preserva valores como integridade, honestidade e o amor à família. “Hoje sou mãe e avó e quero que meus filhos e netos tenham mais oportunidade do que eu tive e que filhos e netos de outras pessoas não precisem sair do país para terem oportunidade de negócios em países como Portugal. Quero mostrar através do meu trabalho como é possível morar e empreender no Brasil”, afirma.