Já circulou pelas redes sociais e sites de notícia a história de um bebê australiano de três meses que teve uma alergia grave após sua mãe usar um protetor solar, supostamente destinado ao uso infantil e com propaganda no rótulo com desenho animado famoso, como forma de atração. A criança acabou precisando ficar internada por duas noites em um hospital da cidade de Queensland, na Austrália, com queimaduras e vermelhidões em toda pele, mesmo não tendo sido exposto ao sol. A dermatologista LiviaPino alerta para o fato de este episódio não ser tão raro quanto parece.
“O uso de protetor solar é importante para crianças e adultos, mas é fundamental que os pais e responsáveis observam aindicação adequada. Nós dermatologista só recomendamos o uso de protetor solar a partir dos 6 meses. Antes disso, orientamos usar apenas roupas, chapéu e outras formas de proteção física. Evite a exposição solar excessiva, saia com seu bebê ao sol apenas nos horários recomendados e consulte o dermatologista”, orienta a médica Livia Pino.
Ao mesmo tempo que é perigoso, a exposição ao sol é também benéfica e a diferença entre o bem e o mal está na dose certa e no horário. Nos primeiros banhos de sol, a duração deve ser de 2 minutos, suficientes para que o organismo dos bebês sintetize a vitamina D e previna o raquitismo. Aos poucos, a partir do sexto mês, o tempo de exposição pode ser aumentado entre 10 e 20 minutos por dia. Nessa fase, deve-se expor a criança ao sol apenas nas pernas e nos braços. Crianças com mais de 3 anos e adultos podem ficar mais tempo expostos, mas nada acima dos 30 minutos sob o sol quente. O ideal é intercalar sol e sombra. E o horário deve ser respeitado: antes das 10h e após 16h.
“Queimaduras solares na infância estão relacionadas com o desenvolvimento de câncer de pele na vida adulta. A pele do bebê é muito delicada e mais sujeita a alergias. Porém devemos lembrar que qualquer pessoa está sujeita a desenvolver reação a qualquer produto”, destaca a dra. Livia Pino.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), 70% das radiações que irão causar câncer de pele na vida foram recebidas na infância; por isso, recomenda-se que somente leve a criança à praia após os 12 meses de vida.
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Além do uso frequente do protetor solar é importante fazer uso de acessórios como bonés e óculos. Na praia, a dica é usar chapéu de abas largas para que cubra face, orelhas e nuca. Além disso, não se esquecer dos óculos escuros tamanho infantil com pelo menos 99% de proteção UV. Qualquer alteração na pele da criança, o ideal é consultar um dermatologista.
Perfil – Livia Pino é médica dermatologista, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, tem pós-graduação em Dermatologia pela Policlínica Geral do Rio de Janeiro. Livia atua ainda como professora da Faculdade de Medicina de Valença e Preceptora do ambulatório de Pós-Graduação em Dermatologia da Policlínica Geral do Rio de Janeiro.