Por Antônio Novais Torres
Antonio Elias Nogueira Lima nasceu em Brumado em 23/12/1958, filho de Elias Barbosa Lima, (Sinhozinho) motorista do DERBA-Departamento de Estradas e Rodagens da Bahia e da professora leiga, Abma Nogueira Lima, também conhecida por dona Lelé, filha de Abmael do Prado Nogueira e da professora Corina Andrade Gusmão → Nogueira.
Avós paternos de Antonio Elias Nogueira: Antonio Ferreira Lima natural de Vila Nova, atual Anagé e Ana Vitória Barbosa Lima. Avós maternos: Abmael Prado Nogueira (Nozinho) – escrivão de Paz e oficial do Registro Civil de Pessoas Naturais, e Corina Andrade Nogueira.
Irmãos de Elias Barbosa Lima: Jesuíno, Gaudêncio, Anália, Elisiário, Iraci e Joel Barbosa Lima.
Irmãos de Abma Nogueira Lima: Abmair, Abmael, Abmaldino, Abmário, Abmailde, Abnal, Abmailson, Abmaldina, Abmarina e Abmária.
A família Nogueira reside em Anagé desde o ano de 1919 e fizeram história, contribuíram, evidentemente, para o progresso e desenvolvimento da cidade. O casarão da família Nogueira, hoje, abriga o Salão Paroquial de Anagé.
Antônio Elias Nogueira Lima recebeu da irmã Helena Nogueira Lima o apelido familiar, carinhoso de Toinho; porém mais tarde ficou socialmente conhecido como ‘BERRO GROSSO’.
O seu início radiofônico foi na Alternativa FM (fundada em 08/11/1998) e depois fez parte do elenco da Rádio Nova Vida/Brumado com o programa que mantinha na emissora chamado Brasil Caboclo e o Clube dos Violeiros. Nesse programa além da pauta normal ele fazia pedidos caritativos para pessoas carentes e, com esse apelo, ajudou muita gente de várias formas. Dizia: “Eu sou o instrumento que apela por intermédio do meu programa às pessoas caridosas e de bom coração, caridade para quem dela precisa”.
Irmãos do biografado: Maria do Socorro, Maria Lúcia, Maria Helena, Enoc, Marcos Luiz, Joel, David, Mariana, Miriam, Ricardo Josafhá, Araly Sirley, Verônica, Aurora Patrícia, Wander Lucas, e os Gêmeos: Mateus e Manoelito, e Aury Wanderley Nogueira Lima.
Escolaridade: cursou o primário e o primeiro grau em diversas escolas, não concluiu o segundo grau por motivos de trabalho. Era um aluno muito inteligente e criativo, sendo orgulho de seus professores pela sua desenvoltura no aprendizado.
Infância e adolescência: A família veio para Brumado nos idos de 1963, quando o senhor Elias Barbosa Lima foi transferido para a nova sede do DERBA em Brumado. A família residiu inicialmente na Rua Coronel Tibério Meira enquanto seu Elias providenciava a construção da casa própria.
A irmã Maria Helena ainda criança sem idade escolar muito curiosa queria saber dos irmãos tudo o que se passava na escola.
Toinho conheceu o carpinteiro João Gurumento e fizeram grande amizade, ganhou dele um boneco de madeira e um banquinho que o deixou alegre e eufórico com o presente que o apelidou de ‘João Duro’.
Fazia os irmãos rir conversando com o boneco como se fosse um ventríloquo. Versátil e criativo improvisou no quintal um circo onde subia no banquinho como se fosse o picadeiro e fazia palhaçadas para divertir os assistentes.
Um dia resolveu convidar os amigos da rua onde morava, para assistirem ao espetáculo de sua invenção e criação. A sua mãe ao chegar das compras, ficou muito nervosa quando viu que o local do espetáculo estava sendo feito com os seus lençóis, cheia de crianças e iluminada pela luz de velas, que colocavam em risco a vida de todas as crianças. E nesse exato momento, o marido chegando do trabalho e vendo a mulher nervosa e indignada com o barulho dos meninos que estavam todos eufóricos com a apresentação do circo. Arrebatou o João Duro e, numa atitude impensada, o jogou no fogão a lenha em chamas e mesmo com os apelos para que não fizesse nada com o boneco, nada adiantou. Acabou com a brincadeira da meninada. Houve uma grande desilusão entre os irmãos. Arrependida a genitora tentou intervir para solucionar a situação, mas já era muito tarde!
Diante da atitude severa cometida, para compensar o ato praticado, quando foi a Salvador, trouxe para os filhos brinquedos da Estrela, uma marca famosa da época, e com esses presentes os meninos esqueceram-se do boneco João Duro.
Em 1966 a casa de seu Elias ficou pronta, situada na Rua Antônio Lula, antiga Rua da Barroca. A família mudou-se e é onde a matriarca se encontra alojada até o momento.
Toinho, autoritário e machista não permitia e não aceitava que as meninas brincassem com os meninos, por ser brincadeira de ‘homens’. As ‘mulheres’ que brincassem com bonecas e objetos de meninas. Então fazia brinquedos apropriados para elas como camas, mesas e cadeirinhas de lata de óleo e de madeira, mesinhas, etc.
Ele reunia a meninada da redondeza e fazia aquela festa. Fez um time de futebol. Começaram a aplainar um terreno para um campo de futebol. Nesse espaço, inventava outras brincadeiras como circo e outras. Ele observou e descobriu nesse local uma terra avermelhada boa para se produzir adobe, providenciou uma fôrma e passou a fabricar e vender o produto, com isso, angariou uma grande freguesia para comprar a sua produção.
Fazia passeios na Serra das Éguas para buscar mangas, guabirobas e umbus. Gostava de caçar, pescar e ouvir músicas sertanejas. Adorava cantar e dançar. Imitava Nelson Gonçalves e as danças de Toni Tornado.
Conheceu um cidadão denominado Antônio de Milagres, assim conhecido por ter migrado da cidade de Milagres para Brumado e aqui fixou residência com a família. Era Sapateiro. Toinho muito comunicativo e falastrão logo ficou muito amigo do homem, este precisava de um ajudante e propôs trabalho ao menino de 12 anos de idade, que passou a ajudar na confecção de sandálias. Por consideração e amizade, Antônio Elias, solicitou que Milagres fosse seu padrinho de crisma. Antes, ele convidou o casal para conhecer a sua família, os quais se tornaram grandes amigos de seus pais.
Muito diligente, ajudava a mãe a fazer pasteis, bolos e biscoitos. Entregava a encomenda nos lugares determinados. Tornou-se um excelente cozinheiro e dizia: “Os vizinhos já estão com raiva de mim. Porque só podem sentir o cheiro!” e “Nem cachorro come, porque não sobra!”.
Aos 15 anos de idade, trabalhou como aprendiz de mecânico no DERBA durante três anos sem remuneração. Fez amizades e passou a viajar com os motoristas do DERBA. Aprendeu a profissão. Trabalhou em Salvador na empresa SEMATE, um departamento do Estado que servia de estacionamento e oficina para os funcionários do Estado, principalmente do DERBA.
Quando veio para Brumado trouxe muitos discos de Raul Seixas e Fagner, dos quais ele era fã. Amava ler Gibis, fazer palavras cruzadas, e lia os heróis Mandrake, Zorro, Batman e Robin entre outros. Escutava todo tipo de música, mas a sua preferência era as sertanejas, que continha alusões à natureza e o modo simples do homem do campo.
TRAJETÓRIA DE ANTONIO ELIAS NOGUEIRA LIMA – BERRO GROSSO:
1974 – Aos 17 anos de idade participou e ganhou o primeiro lugar no programa de calouro disputado em três etapas, realizado no cinema de “ZUZÚ” (José de Souza Ribeiro), com uma música de sua autoria denominada “Assim se faz uma cuíca”.
1974 – Foi para São Paulo/Capital, morar com os tios e trabalhou na fábrica do doce Bela Vista.
1974 – Trabalhou nas frentes de Serviços do DNOCS, distribuindo alimentos e ferramentas nas zonas rurais da região Sudoeste, e sofreu um grave acidente quando voltavam para casa no caminhão que os transportava. O motorista faleceu. Era o jovem Marcos, filho do Sr. Manoel Brito e dona Lió.
1975 – Trabalhou na empresa Magnesita S.A. como motorista de picape durante um ano. Sofreu outro acidente, tendo tombado numa banca, a picape que dirigia causando o óbito de um dos colegas de trabalho.
1976 – 1977- Foi para o Estado do Maranhão trabalhar como caçambeiro numa empresa mineradora.
1978 – Retornou para Brumado e foi para Anagé trabalhar nas Empresas Cunha Guedes e EIT como motorista na construção asfáltica da estrada que liga Vitória da Conquista a Brumado.
1981 – Voltou para Brumado e trabalhou como motorista em diversas empresas da cidade.
1986 – Casou-se em Brumado na Igreja Católica com Rita de Cassia Silva, natural de Igaporã com quem teve o seu primogênito de nome Helias Adriano Nogueira Silva, nascido em 07/04/1987 e batizado em 27/12/87.
1993 – Separou-se e foi novamente para São Paulo. Onde trabalhou na Empresa de ônibus Salutares. Lá conheceu Maria Lúcia com quem conviveu em comunhão por mais de dez anos.
Trabalhou por cinco anos como carreteiro transportando cervejas de São Paulo para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Espírito Santo. Nesse percurso sofreu um assalto. Os assaltantes diziam: “Se ele cooperasse sairia dali vivo”. Começou a chorar e pediu pelo Amor de Deus para não o matarem. Essas e outras histórias fazem parte da vida do nosso saudoso “Toinho”- “Berro Grosso”, que poderiam ser contadas em livro, afirmou a irmã Helena.
2004 – Residindo em Brumado com a companheira Maria Lúcia, ingressou na Empresa Novo Horizonte, linha interestadual, transportando passageiros para São Paulo.
2010 – Casou-se no civil com a viúva Sirlene S. Silva, mãe de uma menina que ele criou como se fosse filha biológica e com a esposa conviveu até o último dia de sua vida.
2015 – Descobriu que estava com Leucemia e providenciou o tratamento adequado, porém a medicação era muita cara, recorreu então ao MP para adquiri-los. Com o agravamento da doença foi internado no Hospital Professor Magalhães Neto por vários dias. Em sua convalescença recebeu visita de parentes, amigos e ouvintes, levando solidariedade, conforto e estímulo. Sem desânimo contava causos e histórias do seu repertório. A irmã Maria Helena que estava viajando, era reclamada por ele, que desejava vê-la, pois tinha por ela uma grande afeição e amizade. Expirou no dia 15 de janeiro de 2017.
Ao seu enterro compareceu um grande número de pessoas, entre eles, os violeiros que tocaram e cantaram as melodias sertanejas de que tanto gostava. E foi enterrado dessa forma conforme o seu desejo expressado para a família e que em sua despedida não houvesse tristeza. Ele dizia “A vida é só alegria e com certeza vai continuar”.
O corpo está inumado no cemitério municipal Jardim Santa Inês.
PENSAMENTOS DE BERRO GROSSO:
Registre-se que Os Gêmeos: Rogério e Rodrigo Nogueira, mais conhecidos como Minotauro e Minotouro, ex-lutadores brasileiro da categoria peso-pesado de artes marciais mistas. É um dos maiores representantes das artes marciais brasileiras. Atualmente trabalha como embaixador do UFC. Nascido em 2 de junho de 1976 em Vitória da Conquista-Bahia. É primo segundo de BERRO GROSSO. Pois o genitor senhor Amilton do Prado Nogueira é primo carnal de sua mãe D. Abma, mais conhecida por D. Lelé.
Sempre defendeu que: “as pessoas não podem viver sem obras, elas são a realização necessária ao cumprimento da missão determinada por Deus”. “A caridade é a prova sincera de que o homem nasceu para servir e assim o faço, por intermédio dos amigos e dos corações benevolentes, utilizando-me do espaço radiofônico do meu programa”.
“Mamãe religiosa convicta nos orientou para a prática do bem e observar o que é direito, esse entendimento me acompanha e creio que a todos os filhos. Somos conscientes de que essa é a atitude a ser observada”. “Papai era um homem muito trabalhador, bom pai e esposo, nos orgulhamos disso”.
“Fui muito traquinas, dei muitas voltas, mas cumpri a minha missão social e familiar com responsabilidade, com honra e dedicação. O que aconteceu de errado nesse percurso foram circunstâncias da realidade da vida”.
Deus esteve sempre em seu coração, enquanto viveu, e, que permaneça com a morte em seu espírito em outra dimensão. A caridade foi a sua missão. Relato dos amigos.
*OS DADOS PARA CONFECÇÃO DESSA BIOGRAFIA FORAM FORNECIDOS POR MARIA HELENA NOGUEIRA LIMA (IRMÃ) A QUEM AGRADECEMOS PELA COLABORAÇÃO.