Pedro Santos Galvão nasceu na Fazenda Lagoa Escura município de Santa Terezinha, em 01/04/1928, propriedade pertencente ao casal Estanislau Costa Galvão e Ernestina Santos Galvão, pais de Pedro Galvão. Estanislau além de fazendeiro era advogado leigo e dona Ernestina do lar. Destaque-se que Pedro Santos Galvão foi um dos mais antigos comerciantes em Brumado e a sua empresa está em atividade com a mesma razão social, dirigida por um dos filhos.
Seus irmãos: Joel, Oseas, Rosalvo, Maria José, Maria da Glória e Noeme Galvão.
Estanilslau todos os anos reunia os vizinhos para comemorar o São Pedro e a festa, muito animada, varava a noite. O filho Pedro Galvão era um dos mais entusiasmados.
O nome Pedro deve-se a devoção do santo predileto da família e assim foi batizado. Estanislau era descrito como um homem muito vistoso e de bom coração, cabelos precocemente grisalhos, faleceu com pouco mais de quarenta anos. Com esse fato, dona Ernestina teve de vender a fazenda.
Os irmãos se dispersaram.
Pedro contava que quando menino caiu de um cavalo e ficou com uma lesão na barriga, o ferimento se infeccionou. Na ausência de médico, com o passar dos dias, um familiar tomou a iniciativa de fazer o curativo, extraiu grande quantidade de pus, que após a higienização cicatrizou, porém ficou uma cicatriz devido ao procedimento inadequado.
Pedro estudou apenas o primário, que lhe deu condições de conhecimentos para enfrentar o cotidiano da vida. Inicialmente trabalhou no município de Santa Terezinha, depois foi para o povoado do Rumo, município de Itaeté, em seguida para a cidade de Elísio Medrado e posteriormente para o Sul do país. Voltou para a Bahia e fixou residência em Brumado, onde se estabeleceu em 1967 com a Livraria Galvão.
Era desde criança o mais inquieto entre os irmãos, muito impaciente e temperamental. Uma de suas características manifestadas logo cedo foi a política. Ainda adolescente, trabalhou em campanhas eleitorais em Santa Terezinha nos idos de 1940. Nunca se candidatou a cargos eletivos, mas a política era uma paixão que o levava sempre a tomar posição nas disputas eleitorais. Frequentava comícios, reuniões partidárias e participava ativamente do processo emitindo a sua opinião. A vida inteira foi antiudenista, por isso, no período da ditadura militar, tornou-se um frequentador dos eventos do MDB de Brumado. Desencantou-se com o MDB/ PMDB, por motivos pessoais, não concordando com os rumos do partido. Ingressou no Partido dos Trabalhadores (PT) como afiliado em 30 de março de 2007.
Tinha orgulho de ter sido bom vendedor e de conquistar a confiança dos clientes e das pessoas com quem tratava. Uma vez viajando como representante de editoras pelo interior do Paraná foi premiado pelos patrões com uma caixa de vinho espumante. Recebeu-a no hotel em que se hospedava em plena véspera de Réveillon. Com alegria repartiu o prêmio com os outros hóspedes, fazendo a vibração da festa.
De outra vez, parou o carro na estrada perto de uma casa e pediu água, o dono, um militar reformado, puxou conversa, gostou do papo do baiano e acabou comprando uma enciclopédia e livros que vendia. Prova da sua habilidade e competência de vendedor.
Por considerar o ambiente seguro e o preço do ingresso acessível, vendedor de livros na capital de São Paulo, entrava nos cinemas após o almoço, não para ver filmes, mas para tirar um cochilo, recuperar as energias para o resto da jornada.
Homem de boa-fé. Uma vez foi abordado num restaurante da Pauliceia por um desconhecido que se dizia baiano e estava passando necessidades. Pediu-lhe dinheiro para voltar para a terra natal. Condoído com a situação do pedinte, forneceu-lhe uma importância e deu o endereço de um irmão residente em Brumado/BA para que fosse ressarcido do valor concedido. Foi apenas uma sugestão, mas não acreditava que acontecesse.
Tempos depois uma pessoa bateu na porta do irmão, em Brumado, entregando-lhe uma importância e agradeceu pelo gesto generoso de um conterrâneo, em São Paulo, que nunca o havia conhecido antes. Fato inusitado. Houve retribuição a uma boa ação de alguém desconhecido, que se condoeu com a situação. O pedinte teve a hombridade e a honestidade de devolver ao irmão indicado, a importância recebida. (Declaração do filho Nilson Galvão).
Pedro Galvão acreditava que essa boa-fé o protegia diante das adversidades da vida. Certa feita esqueceu na antessala de um consultório, em Salvador, onde havia levado uma filha para consulta médica, uma maleta com documentos e dinheiro. Passado algum tempo, quando se lembrou do fato, achava que não valeria a pena voltar para procurar o objeto esquecido, achando que alguém o havia levado, contudo, tomou essa iniciativa, aconteceu o inacreditável, a maleta estava intacta no lugar onde havia deixado. Enfatizou: Deus me protegeu.
Casou-se no religioso com Zilda Neves Ramos em 25 de abril de 1968 em Caetité. Foi celebrante do evento monsenhor Osvaldo Magalhães e passou a assinar Zilda Neves Ramos Galvão. Foram testemunhas Ovídio Souza e Nair Gomes, Oseas e Afra Galvão. O casamento civil realizou-se em Brumado, em 16 de julho do mesmo ano, celebrado pela juíza Magna Maria Pereira Santos e foram testemunhas José Coqueiro Sobrinho e Brito. Dessa união nasceram os filhos: Nilson Pedro, João Hélder (1970), Dinéa Maria Galvão (1972) e Ernestina Conceição (1978).
Considerava-se católico. Gostava de assistir os programas políticos na TV., defendia o direito dos mais fracos e pleiteava justiça social. Observava os conselhos de pai e mãe que lhes advertiam: “Cuidado com o alheio, nunca queira o que não lhe pertence”. Essa orientação foi repassada para os filhos. Intransigente e radical prevalecia a sua opinião ou palavra, gesto da sua personalidade. Não adiantava tentar convencê-lo do contrário, era turrão.
Galvão era uma pessoa íntegra, muito seguro nas suas decisões. Viveu voltado para a família com a responsabilidade e dedicação de pai e esposo amoroso. Em sua concepção a família é a melhor solução de ensinamentos para criar os filhos a se tornarem adultos responsáveis através dos bons exemplos.
Galvão faleceu no hospital Santa Isabel, Salvador, em sete de fevereiro de 2015, aos 86 anos, o corpo trasladado para Brumado, está sepultado no cemitério municipal Jardim Santa Inês.
FONTES: Zilda Neves Ramos Galvão, esposa supérstite e o filho Nilson Pedro Galvão, aos quais agradecemos a colaboração.