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Boato-teste

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A quem serve a desinformação e a ignorância de uma franca maioria de cidadãos brasileiros? Com as eleições de 2014 antecipadíssimas graças ao movimento irresponsável do ex-presidente Lula da Silva e os prováveis candidatos já mostrando suas caras no ringue político, uma das prováveis respostas à questão pode ter surgido no último final de semana, quando metade do país foi sacudida por um boato perverso acerca do programa Bolsa Família, o maior sistema legalizado de compra de votos do planeta, disfarçado sob a máscara da transferência de renda aos mais pobres.

Desde o início da noite de sábado (18), as áreas de autoatendimento da Caixa Econômica Federal foram literalmente tomadas por multidões em pelo menos 12 estados brasileiros. Em algumas cidades, rádios locais avisavam aos beneficiários que o Bolsa Família seria extinto; em outros municípios, tornou-se público o anúncio de que a presidente Dilma Rousseff estaria concedendo um abono especial referente ao Dia das Mães e que só poderia ser sacado até às 18 horas do domingo, 19 de maio; há, ainda, locais onde a conversa fiada girou em torno de uma possível antecipação de três parcelas do benefício, que teria fim a partir de setembro de 2013.

O alto nível de ignorância e desinformação é tão expressivo quanto revelador. Vejamos o absurdo: em favelas do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, o aviso geral era que o governo estaria antecipando, até domingo, três pagamentos do Bolsa Família para extingui-lo em seguida, sob alegação de que precisaria economizar recursos públicos para realizar as festas em torno da visita do Papa Francisco e a Copa das Confederações. Parece até piada brasileira, né?! Mas esse boato levou uma multidão atabalhoada às agências da Caixa. Tumultos e confusões semelhantes se repetiram pelos quatro cantos do país.

Muito além de curiosa, e não menos assustadora, a boataria tragicômica do final de semana ainda serviu de mote à militância pseudoprogressista, que tratou de bradar: “estão fazendo tudo para tentar derrubar a ‘presidenta’”. Só faltou a cereja do bolo, que seria Lula, Dilma e Palácio do Planalto tratarem o assunto como uma “tentativa de golpe das elites” ou “ação coordenada da imprensa golpista”. Afinal, nos últimos anos, tudo que há de escalafobético na política brasileira tem sido jogado nesse balaio bolivariano-macunaímico.

Não espantaria, entretanto, que essa patacoada possa ter nascido na ogiva obscura dos marqueteiros, num cantinho dos esgotos palacianos. Com a economia vacilante, a inflação galopante e o “joga pedra na Geni” generalizado, nada melhor que mergulhar a turba num factoide dessa envergadura para provar aos adversários (inclusive aqueles que ainda estão em cima do muro!) que o maior cabo eleitoral do poder lulopetista é capaz de causar um pandemônio de proporções continentais. A balbúrdia “bolsafamiliana” do último final de semana pode ser apenas um boato-teste, uma experiência governista para avaliar o grau de comoção popular a servir-lhes nos tempos difíceis que se agigantam no horizonte.

O Bolsa Família é uma bomba-relógio, cujo gatilho pode ter sido experimentado com o boato-teste. Os 10 anos de PT no governo federal provaram que é muito mais fácil e cômodo ser populista distribuidor de esmolas do que investir maciçamente em educação e no combate feroz e inexorável à corrupção endêmica que chafurdou as instituições brasileiras num mar de lama. Chancelou-se a máxima: povo ignorante e desinformado é extraordinária massa de manobra eleitoral. É o estoque de miséria necessário para garantir a manutenção do poder ao esquerdismo-tupiniquim, aos fãs-chavistas do Brasil varonil, aos saqueadores do Estado mascarados em distribuidores de benesses. Ainda faltam 17 meses para as eleições e já podemos imaginar o que teremos pela frente… e pelas costas!

 

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