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BOLETIM UESB I Pesquisa da Uesb revela fungos e bactérias capazes de controlar doença no cultivo de batatas

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Por: Ascom UESB VCA

A batata é considerada o quarto alimento mais consumido no mundo, integrando parte significativa da alimentação de diversos países em suas mais diversas formas. A possibilidade de uma produção em grande quantidade do tubérculo, em relação ao pouco espaço necessário para que este cultivo seja viável, o tornou popular nas mesas de todo o mundo, fazendo com que a batata fosse considerada o alimento do futuro pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2008.

Sendo a batata parte importante da economia brasileira, qualquer enfermidade que possa danificar o legume afeta, diretamente, o bolso do produtor rural. Este é o caso da sarna comum, causada por fitopatógenos do gênero Streptomyces, que acomete as plantações quando o tubérculo está em fase de enchimento, sendo a espécie de batatas mais afetada pela doença, a Solanum Tuberosum L, que é, também, a espécie mais cultivada.

A doença danifica a parte externa da batata, causando uma necrose superficial, que não altera a quantidade da produção, mas afeta seu valor de comercialização. Devido à aparência que o fitopatógeno causa na batata, o consumidor irá optar por não comprá-la, trazendo, assim, prejuízos para o produtor rural. Causando prejuízo há mais de 70 anos, o problema tem mobilizado a comunidade científica em todo o mundo, que se debruça sobre o tema no intuito de encontrar soluções.

Algumas soluções, a primeiro momento, se mostraram eficazes. Entretanto, com o passar dos anos, o problema ressurgiu com uma severidade maior, de modo que os métodos usados até então já não se mostravam eficientes no controle da doença. Quando este problema começou a afetar áreas de cultivo de batatas na Chapada Diamantina, o agrônomo John Silva Porto percebeu a necessidade de pesquisar maneiras alternativas e eficazes de se controlar o fitopatógeno, em pesquisa desenvolvida no Doutorado em Agronomia da Uesb.

Controle biólogico como solução – Por meio de um estudo científico, Porto percebeu a necessidade de buscar um método de controle destes fitopatógenos de modo a reduzir os danos causados nas plantações de batatas. Sem o uso de agrotóxicos, a proposta buscava manter o equilíbrio ecológico e a saúde de quem consome a batata. Desta forma, o pesquisador pensou em testar o uso do chamado “controle biológico”, ou seja, o uso de outros microrganismos, chamados de não patogênicos, no combate de um que seja prejudicial para a plantação.

Notando que o uso dos fungos pertencentes ao gênero Trichoderma e a espécie bacteriana Bacillus subtilis apresentavam resultados positivos no controle biológico de outros fitopatógenos que acometiam plantações de outras leguminosas, surgiu, então, a ideia de pesquisar a eficácia deste método de controle nas plantações de batatas. Por meio de testes laboratoriais em placa de petri, foi possível constatar que os compostos fabricados pelos fungos e bactérias do gênero Trichoderma e Bacillus subtilis, respectivamente, apresentaram uma ação de controle maior sobre o fitopatógeno Streptomyces, o grande vilão das plantações de batatas.

Para Porto, a descoberta realizada por meio de sua pesquisa abre as portas para que a produção científica em torno da temática se amplie e impacte positivamente a vida não só do produtor rural como do consumidor final. Segundo o pesquisador, o estudo, defendido em 2019, já demonstra que o uso desses microrganismos causa um efeito positivo no controle da Streptomyces, mas ainda existem outros aspectos que podem ser desenvolvidos a partir disso. “É muito positivo o emprego do controle biológico na agricultura, é um método de controle novo, que ainda está se desenvolvendo no mercado agrícola e tem as vantagens de reduzir o uso dos pesticidas no meio rural agrícola”, destaca Porto.

 

 

 

Foto de Capa: Ascom

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