O “Bresil” – em som que sai pelo nariz, numa espécie de praga viral, “neoprosódia”, a afetar determinado grupo de poderosos – mais parece um país “out”, desplugado das diretrizes democráticas, viciado em populismos crônicos e viajante do mundo da “lua vermelha”, foice-martelada estrela que, um dia, bradou ética e revolução política e, hoje, está sentada no banco dos réus da Suprema Corte acusada de executar o maior esquema de corrupção da história brasileira.
A dimensão das barbaridades políticas, financeiras e até diplomáticas não alcançam o grosso da população, composto em sua maioria por pessoas pouco afeitas ao estudo e à compreensão da relação entre os universos público e privado. Essa é uma verdade, por mais que possa parecer cruel ao ser escrita de forma clara, sem devaneios politicamente corretos. A grande maioria dos eleitores só se preocupa com o resultado das urnas no que tange às benesses paroquiais, doença grave estimulada à enésima potência pelo lulopetismo vigente há uma década.
Por absurdo que possa parecer, no “Bresil”, os ditos cidadãos-votantes têm pleno conhecimento dos programas assistencialistas, do nome do zagueiro do Itaperuna Esporte Clube, do número de plásticas da sensacionalista apresentadora de TV e até da cantora boazuda de voz esganiçada, mas são incapazes de recordar o nome de qualquer ministro ou secretário de Estado e, muitas vezes, sequer daquele ou daquela que mereceu seu voto nas últimas eleições. Se a atriz traiu o namorado, o assunto é quase uma roda de samba, ganhando destaque nas principais editorias de jornalismo; mas se um governador ou senador rouba milhões dos cofres públicos, poucos se interessam e classificam o assunto de “papo-chato”.
Não por acaso, a última pesquisa CNT de Opinião, encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes, registrou o franco-favoritismo de Luiz Inácio Lula da Silva para as eleições presidenciais de 2014. Se o processo eleitoral fosse hoje, “padim” Lula venceria com impressionantes 69,8% dos votos, deixando no chinelo a afilhada Dilma, a tucanada que aposta na ascensão de Aécio Neves e até os olhos verdes do socialista pernambucano Eduardo Campos. Em suma: democraticamente, o “Bresil” vai se tornando uma paraguaia Venezuela!
Ainda na pesquisa CNT, outros cenários pesquisados ajudam a compreender esse cenário turvo. Os programas sociais – em especial o “Bolsa Família” e o “Minha Casa, Minha Vida” – ajudam a manter o populista Lula em alta e dá fôlego à madame Rousseff, a despeito de um país paralisado por greves generalizadas – e devidamente omitidas pela imprensa – na Educação e em setores fundamentais.
Destaque também para a falta de percepção dos brasileiros para a seriedade e os perigos da crise econômica mundial, ignorância alimentada descaradamente por fartas linhas de crédito nos bancos estatais, renúncia fiscal para alguns setores e investimento maciço e venenoso do governo no endividamento da chamada “Nova Classe Média”. Os números dizem “quase” tudo: 50% dos entrevistados avaliam que seu poder de compra é ótimo ou bom, com outros 37% marcando um “X” no regular. Ou seja, para cerca de 87% dos brasileiros, o bolso furado “vai muito bem, obrigado!”. Pior: mais de 90% dos pesquisados acreditam que esse superpoder de compra/consumo vai permanecer bom ou melhorar.
Não surpreende, então, que apenas 19% dos entrevistados acham que uma Reforma Política é necessária; a Reforma Tributária só é importante para 10%; só 13% julgam que as esferas de governo devem investir em Educação; e somente 31% utilizam a internet diariamente (o que não significa tê-la disponível em sua residência), dos quais apenas ¼ alegam acessar sites de notícias. Há um grotão de desinformação no “Bresil” e esse é o diapasão utilizado por quem está no poder para continuar lá. Uma máxima feudal ainda em vigor em pleno século 21.
Numa democracia, a maioria decide. E se o grosso caldo da população assim deseja, que seja: deixemos que continue o roubo, o massacre, o vômito e o embuste. Mas que ninguém venha, depois, fingir amnésia ou desconhecimento: toda essa pasmaceira lenitiva terá um preço e ele é alto. Democraticamente, pagarei eu, pagará você, pagaremos todos. Em outras palavras: clara e objetivamente, o “Bresil” anasalado é um Brasil alienado.