France Brésil Empreendedores pretende chegar a 80 associados qualificados ao final de 2023;
Fundadores acumulam experiência em Investimento Anjo, Marketing, Tecnologia, Relações Governamentais e Empreendedorismo
Por: Joana Negri
Paris (FRA), novembro de 2022. Um grupo de quatro empreendedores brasileiros está aquecendo o intercâmbio entre pequenas e médias empresas brasileiras e francesas. A partir de experiências complementares dentro do ambiente empreendedor europeu, os empresários internacionais Caroline Frassão, João Lee, Rafael Sasso e Roberto Abramovich lançam oficialmente neste mês a France Brésil Empreendedores (FBE), primeira associação sem fins lucrativos dedicada exclusivamente às PMEs que querem atravessar o Atlântico para fazer negócios.
A France Brésil Empreendedores nasce com nove empresas associadas: Softwrap, SW Bank, Zeidler Capital, Liquid Pass, Meta Markets, além das empresas dos fundadores, Ryto Public Affairs, Risknow, Simplex e Innovation in Action. O grupo buscou parcerias com a Câmara de Comércio França Brasil e a ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias Abertas, para potencializar os impactos do hub também na geração de conhecimento, novas sociedades e oportunidades de negócio entre os membros.
Cenário não tão global
Segundo a Fundação Dom Cabral, em 2018 apenas 500 companhias brasileiras possuíam operações físicas no exterior, o que corresponde a 0,01% das empresas constituídas no país. “Falamos muito sobre globalização e o Brasil é uma nação com baixíssima internacionalização de empresas, mas enorme potencial. Quando esse tema é trazido para o ambiente das startups então, os desafios são ainda maiores, porque o empreendedor não tem tempo nem as fontes necessárias para se dedicar ao assunto, o que resulta em insucesso. Esta é a principal dor que vamos atacar com essa rede de apoio”, comenta Roberto Abramovich, presidente da FBE, fundador da Innovation in Action e professor de Marketing na IÉSEG School of Management.
A France Brésil Empreendedores irá potencializar negócios franco-brasileiros por meio de abordagens técnicas e comportamentais, não apenas disponibilizando listas de contatos, mas efetivamente conectando seus associados entre si e a dezenas de investidores anjo, fundos de venture capital, aceleradoras e uma série de outros investidores institucionais por meio de agendas presenciais e virtuais. “Conseguir contatos é fácil, o difícil é se conectar e efetivamente fechar negócio fora do nosso país de origem, porque é preciso uma série de entendimentos regulatórios, culturais e técnicos para quebrar padrões e conquistar empresas ou consumidores internacionalmente”, pondera Abramovich.
Como a dinâmica de comunicação direta entre associados é prioritária, a FBE pretende crescer com qualidade sua base de associados. “Não temos pressa para atingir grandes números a qualquer custo. Temos a expectativa de alcançar entre 30 a 40 membros – em sua maioria scale ups brasileiras – nos próximos seis meses e, quem sabe, encerrar 2023 com 80 participantes”, revela Rafael Sasso, vice-presidente de Relação com Associado da FBE, CEO da Risknow, investidor anjo e empreendedor em série. Segundo a instituição, o efeito multiplicador é muito relevante, uma vez que a média de contatos de cada membro é de 2 mil pessoas. “Em seis meses podemos ter um alcance de quase 100 mil pessoas, descontando ainda parcerias bilaterais com embaixadas, câmaras de comércio e outros stakeholders”, pontua Sasso.
Novo governo anima os franceses
De acordo com os fundadores, o recente resultado das eleições brasileiras reabre um canal de comunicação não apenas com a França, mas com a Europa. “Os europeus estão ansiosos para a retomada de agendas. O ecossistema no continente demanda ações de sustentabilidade, energia alternativa, e com a Europa em um quadro recessivo, a aproximação com brasileiros é extremamente estratégica, porque é também uma porta de entrada para a América Latina”, explica Caroline Frassão, vice-presidente de Relações Institucionais e Públicas da FBE e sócia-fundadora da Ryto Public Affairs.
No campo das pesquisas relacionadas a tecnologia e inovação, o Brasil é o parceiro de cooperação científica mais importante da França na América Latina. “A França é o terceiro maior parceiro científico do Brasil, em um modelo estruturado em torno de formações de ponta e parcerias de alto nível entre organismos de pesquisa dos dois países. Temos muito a explorar, conectando os dois lados dessa relação”, completa Frassão.
Flexibilidade, disciplina e burocracia
Para a France Brésil Empreendedores, há espaço para trocas importantes entre os membros dos dois países. “Tanto os brasileiros quanto os franceses temos as mesmas dificuldades. Em ambos os países é preciso estar em bons círculos de contatos para destravar agendas com os tomadores de decisão certos. Os dois países têm um cenário fiscal engessado e falar com alguém que já passou por esse processo é fundamental,” destaca Sasso.
No campo cultural, as diferenças também podem gerar complementariedades. “O brasileiro tem o senso de adaptabilidade e velocidade fora do comum, o que imprime uma energia única para os negócios, principalmente na área comercial. Já o francês é muito mais analítico, fazendo-o perder algumas oportunidades”, afirma Abramovich.
“Por outro lado, a tecnologia brasileira é muito desafiada na França, porque é um país com experiência centenária nesse assunto. Atualmente é muito difícil encontrar tecnologias trazidas por nós que nunca tenham sido vistas na Europa. Apesar de vivenciar um processo de validação mais agressivo, mesmo assim o brasileiro é capaz de atrair investimentos americanos e tem uma capilaridade importante dentro da América Latina, o que pode dar uma boa impressão ao mercado francês”, completa Abramovich.
Lançamento oficial
No dia 8 de novembro, em Paris, a France Brésil Empreendedores organizará o primeiro de uma série de eventos híbridos que farão parte das atividades do clube. Para marcar a data, estão confirmadas autoridades governamentais, empresários e grandes nomes da inovação. “Inteligência Cultural: Reduzindo os Riscos nas Relações Franco-Brasileiras” e “Inteligência Competitiva: práticas e especificidades do mercado francês” serão os painéis principais da noite.
Serviço
Horário: 13h30 às 16h15 de Brasília
Investimento: gratuito
Link para inscrição: https://www.fbe.digital/
Idioma: francês
Mini Bios
Roberto Abramovich. Presidente do FBE, Roberto é fundador e consultor da Innovation in Action, Professor de Marketing & Inovação e diretor do Programa de Marketing Digital, Inovação e Empreendedorismo da IÉSEG School of Management. Com mais de 25 anos de experiência global em marketing, Roberto já atuou como assessor sênior em diversos setores como saúde, limpeza, alimentação, vestuário esportivo, tecnologia, além de startups de tecnologia.
João Lee. CEO e co-fundador da Simplex, João Lee é especialista em plataformas digitais de Analytics e CRM. Ele atuou, desde 2009, em grandes marcas de varejo, como Cnova Brasil, onde foi o responsável pelo desenvolvimento da área de Web Analytics. É Vice-presidente de Tecnologia do FBE.
Rafael Sasso. Vice-presidente de Relações com Associados no FBE, Rafael possui mais de 15 anos de experiência no mercado de capitais, inovação, capital de risco e mercado imobiliário e já atuou junto a mais de 40 empresas como cofundador e investidor anjo. Foi um dos idealizadores da ABFintechs e é atualmente coordenador da Comissão de Inovação Corporativa da Associação Brasileira das Companhias de Capital Aberto (Abrasca) e CEO e co-fundador da RisKnow.
Caroline Frassão. Vice-presidente de Relações Institucionais e Públicas no FBE, co-fundadora da Ryto Public Affairs e mestre em Ciência Política pela USP, Caroline atua há mais de 10 anos em Relações Institucionais, Governamentais e Públicas. É co-fundadora do Instituto de Relações Governamentais (IRelGov). É especialista em temas de regulamentação de novas tecnologias, comércio internacional, incentivos fiscais, políticas de inovação, tributária, trabalhista e logística, bem como em estratégias de defesa de interesses, monitoramento e engajamento do poder público.