Atividades ao ar livre promovem desenvolvimento físico, social e cognitivo das crianças, ajudando-as a crescer com mais criatividade, independência e saúde, dizem especialistas
Por Central Press
Pesquisas da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC) mostram que brincadeiras que envolvem riscos calculados, como brincar na lama, trazem benefícios fundamentais para as crianças. Publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, o estudo revela que atividades nas quais as crianças podem explorar livremente e lidar com diferentes texturas na natureza promovem o desenvolvimento social, a criatividade e a resiliência. Além disso, essas brincadeiras estimulam a coordenação motora, ampliam a capacidade de resolver problemas, fortalecem o sistema imunológico e chamam a atenção para o cuidado com o meio ambiente.
Outro estudo, publicado na Early Childhood Education Journal, aponta que brincadeiras na natureza, com elementos como lama, aprimoram habilidades de resolução de problemas e aumentam o senso de independência. Esses achados reforçam a importância de permitir que as crianças explorem o ambiente de forma espontânea, promovendo uma infância mais saudável e equilibrada. Porém, em um mundo cada vez mais urbanizado e digital, muitas vezes essas práticas ficam restritas às atividades escolares.
Inserida em um amplo espaço verde de 161 mil metros quadrados em Foz do Iguaçu (PR), onde os alunos estudam e convivem com plantas e animais, o Colégio Semeador inclui brincadeiras na lama nas atividades das crianças, promovendo o contato direto com a natureza e estimulando a aprendizagem. Para a coordenadora do Ensino Fundamental – Anos Iniciais do colégio, Elisangela Schulz, essas atividades vão além da diversão e contribuem para o desenvolvimento sensorial, motor e social dos alunos. “O contato com ambientes externos ajuda a desenvolver habilidades essenciais. Além de estimular a criatividade e a resolução de problemas, e proporcionar uma interação única com a natureza, as atividades na lama também enriquecem o entendimento de temas como ecologia e biologia, vivenciados de forma concreta e envolvente”, destaca.
Para a médica pediatra do Departamento de Saúde Escolar dos colégios da Rede Positivo, Andrea Dambroski, além de contribuir para a criatividade e para o desenvolvimento da coordenação motora, brincadeiras na lama podem trazer benefícios para o sistema imunológico das crianças. “Por meio do estímulo do fluxo sanguíneo e do contato com bactérias presentes na natureza, a tendência é diminuir o risco de alergias e doenças autoimunes”, explica.
Resgate da infância
Segundo Elisangela, a iniciativa também responde a uma sociedade “excessivamente avessa ao risco”, que pode limitar o pleno desenvolvimento infantil. “Notamos que, quando as crianças são constantemente protegidas de qualquer sujeira ou desconforto, elas têm menos oportunidades de aprender de forma independente e espontânea. Brincar com a lama resgata essa liberdade e traz ganhos cognitivos e emocionais importantes na infância”, ressalta.
Para garantir a segurança e o conforto, o colégio organiza as atividades em um espaço adequado e com supervisão constante. As crianças vestem roupas específicas para brincar na lama e contam com um local para higiene e troca de roupa ao final das atividades. As famílias são informadas previamente sobre a proposta, e a resposta tem sido muito positiva. “Os pais perceberam o entusiasmo das crianças ao vivenciarem essas atividades. Eles compreenderam o valor da experiência e a importância de permitir que seus filhos tenham uma infância rica em exploração e descobertas”, informa a educadora.
Ela também incentiva outras escolas e famílias a seguirem o exemplo. “O sorriso no rosto dos alunos é impagável e mostra o quanto essa abordagem é enriquecedora para o desenvolvimento deles”, conclui.
Foto: Central Press/ Divulgação
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