“Eu não consigo separar música e poesia do meu eu, eu sou a música e a poesia, não existiria Silvia Mello sem essas duas artes”, afirma a compositora, cantora e poetisa Silvia Mello, brumadense, 46, membro da Academia de Letras e Artes de Brumado (Alab), que revela ter enfrentado grandes desafios para consolidar sua carreira artística. Uma carreira cheia de altos e baixos, mas que conseguiu se superar. Depois de 10 anos sem tocar, cantar, compor e escrever, Silvia Mello chega ao ápice de sua carreira e no próximo dia 21, em noite de gala, no Rio de Janeiro, receberá o título de Membro Correspondente Internacional da Academia de Letras e Artes de Lisboa. Uma condecoração que faz Silvia revelar não ter palavras para descrever a emoção e alegria.
Silvia Mello começou sua carreira muito cedo, aos 4 anos de idade já começava a cantarolar suas primeiras músicas com ajuda de professores e amigos. Considerada uma criança atípica para a sua idade, cantava e adorava literatura. A escrita sempre foi sua grande paixão, tanto que aos nove anos já havia escrito vários poemas e compôs sua primeira canção e, mesmo sem saber tocar, fez letra e Mellodia. A partir de então não parou mais. Tendo como inspiração Maria Betânia, Gal Costa, Elis Regina e Roberto Carlos, e dizendo amar tudo de MPB e Bossa Nova, passou a ser notada e ser convidada a participar de vários festivais de música. Conquistou vários prêmios e passou a se apresentar em bares de Brumado.
Mas não só na música Silvia Mello se destacava. Também poetisa e com um grande número de poemas escritos, foi umas das pioneiras da fundação da Academia de Letras e Artes de Brumado (Alab), onde, como membro, lançou o seu primeiro livro, “A Princesa Lua”, uma história infantil e um roteiro bastante didático. Como professora de dança, Mello chegou participar de bandas, onde também atuava como vocalista e ajudava nas coreografias. E foi na Banda Beijo Apimentado que a artista gravou dois CD’s de músicas autorais e ganhou projeção fora dos limites de Brumado, apresentando-se em diversas cidades da Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espirito Santo e São Paulo, mostrado sua arte e fazendo sempre o que mais gostava, cantar.
Quando casou e teve sua filha, Silvia deixou a Banda e voltou a fixar residência em Brumado. Participou das edições do projeto “Duetos”, da TV Sudoeste (afiliada da Rede Globo), tendo sido a única mulher selecionada para fazer a última edição do projeto.
Mas nem tudo na vida de Silvia Mello foram glorias e conquistas. Problemas na vida pessoal após um conturbado processo de separação fizeram com que ficasse dez anos afastada do cenário artístico. “Havia perdido o ânimo para cantar, compor, escrever, declamar seus poemas. Tudo havia perdido a graça”, revela, lembrando que precisa estar bem consigo mesma para poder escrever, cantar…”. Ela prossegue afirmando que ficou “dez anos sem ser eu de verdade. Eu, a música e a poesia, somos uma coisa só. [Os dez anos em que se afastou da carreira] foi um período que não me reconheci. Só depois de um tempo percebi que precisava voltar ser eu mesma, fiz alguns poemas em 2012 e publiquei na coletânea Antológica da Academia de Letras e Artes de Brumado. Logo depois comprei um violão, mas só voltei a cantar e tocar mesmo, a exatamente dois anos atrás, quando fui convidada a participar de festivais pelo Brasil e ganhei vários prêmios”, afirma a artista, acrescentando que os festivais fizeram com que resgatasse a confiança no seu talento e a incentivasse na composição o seu novo CD, com 12 faixas de autoria própria.
Silvia, que também é professora de Língua Estrangeira, conhece muita pessoas que moram fora do país, através de amigos nas redes sociais – principalmente no Facebook – que compartilham seus poemas e composições. As obras de Silvia acabaram chegando ao conhecimento do presidente do Núcleo de Correspondentes Internacionais da Academia de Letras e Artes de Lisboa, Antónnio Manuel Palhinhia. “Ele [Antónnio Manuel Palhinhia] me pediu algumas obras para prestigiar. Não sabia que era o presidente da Academia de Letras e Artes de Lisboa. Somente depois que lhe enviei as obras é que me consultou se poderia fazer a indicação do meu nome para a Instituição. A minha reação? Eu disse ‘oi?’, isso não pode está acontecendo, era um sonho sendo realizado naquele momento”, emociona-se a artista.
Com os trabalhos da poetisa em mãos, Antónnio Palhinhia indicou-a para se tornar Membro Correspondente Internacional da Academia de Letras e Artes de Lisboa. Depois de uma espera angustiante e sem acreditar que aquilo seria possível Silvia Mello foi aceita pela Instituição e receberá, juntamente com outros artistas de todo país, em um noite de gala na cidade do Rio de Janeiro, na casa portuguesa Casa das Beiras, no dia 21 de Janeiro, a insígnia que a credenciará com membro da conceituada Academia de Letras e Artes de Lisboa.
Ela que sempre teve todo apoio de sua família, ainda não acredita que depois de tudo que passou possa receber um título tão importante em sua carreira. “Não caiu a ficha ainda que isso está acontecendo. Eu, brumadense, do interior da Bahia, nunca imaginaria ser indicada ao título, quanto mais recebê-lo, a ansiedade tem me tirado o sono, acho que só vou acreditar mesmo quando eu chegar lá e entender tudo isso”, pontua.
Silvia Mello é Licenciada em Letras/Inglês pela Universidade Estadual da Bahia (Uneb), Pos Graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional, possui curso de Cultura Inglesa pelo English Studio em Holborn e presta também assessoria pedagógica em cursos de idiomas da região Sudoeste da Bahia. Como compositora, a cantora já gravou quatro CD´s e em breve lançara o seu 5º álbum. A poetisa não consegue mensurar a quantidade de poemas escritos, possui cinco publicações em quatro Antologias e um livro infantil. Com esse vasto histórico Silvia acredita que depois da noite de gala, onde a além de receber o título de Membro Correspondente da Academia de Letras e Artes de Lisboa, fará uma pequena amostra do seu trabalho e apresentará um repertório com músicas de Roberto Carlos, sua carreira vai ganhar nova projeção. “Estou feito criança, sabe aquela criança que espera por anos ganhar uma bicicleta, estou com esse sentimento, não tenho muita noção do tudo que isso vai ser para minha vida, sei que grandes portas vão abrir, não consigo imaginar”, conclui.