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Brumado: Em retaliação por derrota, Eduardo Vasconcelos demite servidora e ataca vereadores aliados

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Além da exoneração da Coordenadora de Administração e Recursos Humanos do Hospital Municipal José Maria de Magalhães Neto, prefeito grava vídeo e acusa aliados de terem sido motivados por “razões inconfessáveis” para votar contra suas propostas

Por Redação (redacao@jornaldosudoeste.com)

Durou uma chuva, como diz o adágio popular, a lua de mel do prefeito Eduardo Lima Vasconcelos (PSB), recém empossado para o quarto mandato à frente da Prefeitura de Brumado, com bancada de sustentação do Governo no Legislativo Municipal. A construção da maioria na Casa Legislativa, contrariando o resultado das urnas, vinha sendo vista pela sociedade como uma clara sinalização de que o prefeito não teria dificuldades em impor sua agenda e ressuscitar o “pacote de maldades” {conjunto de Projetos de Lei que atacavam direitos adquiridos de servidores, suprimia do calendário feriado religioso e criava impostos para a população da zona rural] rejeitado quatro antes, no início da gestão anterior. A aprovação das propostas, presumia-se, não seria dificil. Além da “maioria” na Casa, o prefeito contaria com a dificuldades para mobilização da população por conta da pandemia. Sem as galerias lotadas, como em 2017, e com a nova formatação da bancada governista, a aprovação dos Projetos era dada como certa.

E a expectativa tinha razão de ser. Afinal, se os vereadores eleitos para fazer oposição ao Governo Municipal não se constrangeram em bandear-se para a bancada situacionista, certamente, essa era a avaliação da sociedade, não teriam dificuldade em negar seus compromisso para “agradar o comandante”. No primeiro ato da nova configuração da Câmara Municipal, a eleição da Mesa Diretora, esse entendimento se confirmou. O prefeito não teve surpresas e elegeu o vereador José Carlos – Zé Carlos de Jonas – Marques Pessoa (PSB) para presidir a Câmara Municipal nos próximos dois anos, garantindo, em tese, a possibilidade de intervir e controlar a pauta do Legislativo, impondo sua agenda.

O segundo ato da nova configuração da Câmara Municipal, no entanto, frustrou o prefeito e surpreendeu a população brumadense. O “pacote de maldades”, encaminhado para aprovação do Legislativo Municipal, que “ressuscitava” propostas rejeitadas pela sociedade e reprovadas pela Câmara Municipal em 2017, também no início da gestão, foi novamente desaprovado pela Casa Legislativa. E a rejeição do “pacote de maldades”, como ficou denominado o conjunto de propostas do prefeito, embora dois vereadores da oposição [Luís Carlos – Palito – Caires da Silva (Progressistas) e Wanderlei – Nem – Amorim da Silva (DEM)] repetissem o mesmo movimento de 2017 e já sinalizassem a disposição de bandear-se para a bancada de sustentação do Governo Municipal, somente foi possível, principalmente, graças aos votos dos vereadores “governistas” Alberto Elizeu – Beto Bonelly – de Jesus e Amarildo Bonfim Oliveira, ambos do PSB.

Os votos dos vereadores Alberto Elizeu – Beto Bonelly – de Jesus e Amarildo Bonfim Oliveira, ambos do PSB, foram decisivos para que projetos polêmicos do prefeito fossem rejeitados pelo Legislativo Municipal. (Fotos: Luciano Santos/Blog 97 News).

Os dois vereadores argumentaram, ao justificar o voto contrário às propostas que previam a redução do tempo de afastamento de servidoras municipais para amamentação; que reduzia a obrigatoriedade dos alunos das Escolas de Tempo Integral a permanecer nas Unidades até as 17h30; retirava dos profissionais da Educação o direito à carga horária de 20 horas; retirava dos servidores municipais o direito a contrair empréstimos consignados; extinguia o feriado municipal consagrado ao Senhor Bom Jesus e estendia a cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (Iptu) às sedes das Vilas, Distritos e Povoados, a necessidade dos Projetos de Lei serem melhor analisados e amplamente debatidos, inclusive com os setores da sociedade que seriam mais impactados.

Se a população, em particular a parcela da sociedade que seria afetada pelas medidas, aplaudiu a decisão, a rejeição das propostas não foi bem digerida no Paço Municipal.

O líder do prefeito na Câmara Municipal, vereador Tiago de Souza Amorim (Progressistas) – adversário ferrenho do prefeito que virou as costas para o discurso de campanha e seu eleitorado – não escondeu sua decepção na primeira votação importante para o Governo Municipal que orientou a bancada situacionista. O progressista disse ter sido surpreendido, principalmente porque, segundo revelou, teria havido uma reunião e sido acordado a aprovação dos Projetos.

Enquanto o “líder” lamentava, o prefeito promoveu uma ação concreta para deixar bem claro não apenas seu descontentamento, mas, conforme avaliaram analistas políticos, “para delimitar território”, sinalizando que não serão toleradas divergências e muito menos “traições” na sua base de apoio. Menos de 24 horas após a conclusão da votação no Legislativo Municipal, Eduardo Vasconcelos assinou e foi publicada no Diário Oficial do Município a exoneração da esposa do vereador Amarildo Bonfim Oliveira (PSB), Gestora Hospitalar Lucidalva Oliveira dos Santos, que ocupava o cargo comissionado de Coordenadora da Divisão de Administração e Recursos Humanos do Hospital Municipal Professor José Maria de Magalhães Neto.

A Coordenadora da Divisão de Administração e Recursos Humanos do Hospital Municipal Professor José Maria de Magalhães Neto, Lucidalva oliveira dos Santos, foi exonerada como forma de retaliação ao voto do marido, vereador Amarildo Bonfim Oliveira (PSB), contra projetos do prefeito.  Foto: Luciano Santos/Blog 97 News)

Não satisfeito e sem esconder sua irritação com a derrota, o prefeito Eduardo Lima Vasconcelos (PSB) gravou um vídeo, publicado em suas redes sociais e repercutida por apoiadores, no qual, além de exaltar seu trabalho, atacou os vereadores que votaram pela reprovação das propostas, direcionando, embora citar nominalmente, sua hostilidade a dois vereadores especificamente: Alberto Elizeu – Beto Bonelly – de Jesus e Amarildo Bonfim Oliveira, os dois do PSB e considerados, até então, importantes aliados.

Ao disparar contra os “aliados”, o prefeito resvalou na leviandade ao fazer acusações vazias, mas que estão permitindo ilações. Disse o gestor, que suas propostas, que apontou, eram “Projetos de grande importância para a cidade”, não explicando o que representaria de melhoria para coletividade a retirada de direitos de servidores municipais, a supressão de um feriado religioso tradicional e a penalização de moradores da zona rural com a cobrança de um imposto que normalmente não oferece a contrapartida prevista, teriam esbarrado “em vaidades pessoais”.  Foi além ao sugerir, nas entrelinhas, que os vereadores [Alberto Elizeu – Beto Bonelly – de Jesus e Amarildo Bonfim Oliveira], pudessem ter sido beneficiados ilicitamente para se posicionar contra o Governo: “(…) dentro de um contexto de deturpar a razão das iniciativas ou mesmo afirmar não conhecer a proposta, ainda que claras em sua frente, achando que estavam prejudicando ou pressionando o prefeito”, [os dois vereadores do PSB] teriam sido encorajados “por motivos inconfessáveis” – que não detalhou quais seriam – e por isso mesmo, “perdido o ‘bonde da história’”.

Incomodado com a derrota na Câmara Municipal, o prefeito Eduardo Vasconcelos tratou de retaliar um dos aliados que votou contra suas propostas e usou as redes sociais para atacar, em tom raivoso, principalmente dois vereadores governistas que se juntaram à oposição. (Foto: Reprodução).

No final do vídeo, Eduardo Lima Vasconcelos abriu um parêntesis para “agradecer, penhoradamente, aos vereadores que votaram favoravelmente” e foram derrotados no plenário, citando-os nominalmente. “Vamos seguir lutando pois o tempo vai mostrando e a população avaliando os homens e mulheres que escolheram como representantes para conduzir os destinos do bem comum”, asseverou.

Outro lado

Os vereadores socialistas Alberto Elizeu – Beto Bonelly – de Jesus e Amarildo Bonfim Oliveira, alvos da reação, entendida pela sociedade como desproporcional, do prefeito Eduardo Lima Vasconcelos à reprovação de matérias que retiravam direitos adquiridos de servidores públicos municipais, instituía cobrança de imposto para moradores da zona rural e extinguia feriado religioso tradicional, na sua opinião, Projetos “de grande importância para Brumado”, reagiram às atitudes e declarações do gestor.

Foto (Amarildo): Vereador Amarildo Bonfim Oliveira (PSB). (Foto: Lay Amorim/Blog Achei Sudoeste).

Amarildo Bonfim Oliveira, aliado de longa data do prefeito, tendo ocupado, inclusive, entre julho de 2017 e fevereiro de 2019, a chefia do Gabinete Civil, que teve sua esposa exonerada do cargo de Coordenadora da Divisão de Administração e Recursos Humanos do Hospital Municipal Professor José Maria de Magalhães Neto, contrariando expectativas, embora sem deixar de transparecer sua indignação, lamentou que o desfecho de sua atuação “ética, independente e comprometida com os interesses do povo de Brumado”, tivesse motivado a retaliação adotada pelo prefeito. Apontou entender que a exoneração de sua esposa, como forma de puni-lo por não ter votado favoravelmente à matérias que reafirmou, precisam ser melhor analisadas e discutidas, atingiu muito mais o serviço público, portanto, os interesses da coletividade, elencando as qualificações técnicas da esposa. “Quem perdeu não foi Amarildo Bonfim, foi a população, porque todos reconhecem o excelente trabalho que ela realizava no Hospital”, ponderou o vereador ao repórter Lay Amorim, do blog Achei Sudoeste.

Amarildo Bonfim Oliveira reafirmou lamentar que a retaliação faça parte das consequência de posicionamentos políticos, independentemente da motivação que tenha justificado determinado ato, mas reforçou estar com a consciência tranquila e a determinação de continuar trabalhando com transparência e focado única e exclusivamente no interesse da coletividade.

Por fim, Amarildo Bonfim Oliveira descartou rótulos e tem repetido que seu mandato não tem ideologia, está e será pautado no interesse público, propondo e aprovando matérias que atendam às demandas da população brumadense e se posicionando contra àquelas que, no seu entendimento, não devam prosperar. “Não sou situação, nem oposição, mas vereador comprometido com o povo de Brumado”, tem reiterado.

Da mesma forma, o vereador Alberto Elizeu – Beto Bonelly – de Jesus (PSB), à reportagem do JS, por telefone, disse ter encarado com tranquilidade o pronunciamento do prefeito, ressaltando que se tem alguém que precisa vir a público explicar quais seriam as “razões inconfessáveis” para que tivesse votado contra Projetos que não foram discutidos, como entende deveriam ter sido, na Casa Legislativa, é Eduardo Vasconcelos. “Estou com a minha consciência tranquila de ter cumprido com o meu dever. É direito dele [Eduardo Vasconcelos] não ter ficado satisfeito com o resultado da votação. Assim como é meu dever não votar nada que não tiver conhecimento. Os quatro Projetos que entendi serem benéficos para o povo de Brumado, votei favoravelmente. Respeito muito o prefeito, caminhamos juntos na campanha, sempre que ele precisar e achar que deve, vou estar pronto para ajudar, assim como eu, quando precisar, vou bater na porta do gabinete dele. Mas não vou deixar de trabalhar para honrar o compromisso que assumi de representar o povo de Brumado na Câmara Municipal”, afirmou o vereador.

Vereador Alberto Elizeu – Beto Bonelly – de Jesus (PSB). (Foto: Lay Amorim/Blog Achei Sudoeste).

O vereador socialista lembrou que a reunião citada pelo líder do prefeito [vereador Tiago de Souza Amorim (Progressistas)], realmente ocorreu, mas ponderou que na oportunidade expos a insatisfação da sociedade (com as propostas já anunciadas) e a necessidade de aprofundar na análise, ouvir as pessoas que seriam diretamente envolvidas. “Não prometi nada. Não dei a palavra que votaria a favor, como sugeriu o líder”, sublinhou.

Segundo Alberto Elizeu – Beto Bonelly – de Jesus, muita gente tem questionado se, a partir dos desdobramentos da sessão do último dia 15, ele está contra a Administração Municipal e que tem reagido com serenidade, apontando que sua atuação legislativa é voltada para o interesse público. “Se sou situação ou oposição? A resposta é simples, de forma alguma. Sou a favor de Brumado. Da população brumadense. Estou e estarei, nos quatro anos do mandato, sempre à disposição para dialogar, contribuir para que as propostas sejam elaboradas, votadas e aprovadas na Câmara Municipal para beneficiar a população brumadense”, reforçou.

Para o vereador socialista o episódio está superado e a população brumadense pode estar certa de que cumprirá seu mandato sem abandonar as propostas e compromissos assumidos na campanha, sempre aberto para dialogar, disposto a ouvir as demandas e, sobretudo, agindo com transparência. “Não vou faltar com o meu compromisso com o povo de Brumado. A postura será de independência, até porque o mandato não é meu, não é do prefeito, é do povo de Brumado”, concluiu.

1 comentário em “Brumado: Em retaliação por derrota, Eduardo Vasconcelos demite servidora e ataca vereadores aliados”

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