Por Redação
Em uma postagem, em suas redes sociais, antecipando a decretação da medida, a secretária municipal de Educação, professora Ednéia dos Santos Ataíde, anunciou a decisão do prefeito Eduardo Lima Vasconcelos (PSB) de reduzir em 50% o valor dos subsídios do prefeito, vice-prefeito e secretários municipais. A medida antecipada pela secretária – mais tarde confirmada pelo gestor – teria sido formalizada com objetivo de viabilizar a disponibilidade de mais recursos para serem destinados à Secretaria Municipal de Saúde no esforço que tem sido feito para combater a proliferação do Covid-19.
O anúncio, ainda que precipitado, a menos que tenha sido propositalmente autorizado pelo prefeito, deveria trazer a mensagem de que, considerando a gravidade do momento, os membros da estrutura administrativa do Governo Municipal oferecia sua parcela de contribuição. Mas, na verdade, passou foi uma mensagem política em um momento inoportuno.
Ao anunciar a medida, a secretária Ednéia dos Santos Ataíde, deixou evidente o viés político ao provocar, literalmente, os vereadores a adotar uma medida semelhante. Mal intencionada ou mal orientada – já existem diversas versões para a inspiração e motivação – a secretária, que demonstrou sua insatisfação em ter o trabalho que desenvolve sendo fiscalizado, destacou, na mensagem postada, que esperava uma decisão no mesmo sentido dos vereadores. “… Aos nobres vereadores, que tanto cobram atitudes de nossa parte, chegou a hora de seguir o nosso exemplo”, apontou Ednéia Ataíde.
Não satisfeita, a secretária prosseguiu questionando a atuação da Câmara Municipal, numa evidente conotação política, induzindo seus seguidores a cobrar a mesma postura (redução de salários) adotada pelo Executivo do Legislativo Municipal: “… Mas surge a pergunta: E os vereadores? O que farão pela população brumadense?”, afirmou a secretária, completando a postagem com a frase: “Unidos, venceremos!”.
A reação à postagem da secretária municipal de Educação veio do presidente da Câmara Municipal, vereador Leonardo Quinteiro Vasconcelos (Sem Partido).
Ao JS, por telefone, o presidente do Legislativo, inicialmente, lamentou que tenha sido sinalizado que o Governo Municipal, “não sabemos se à revelia do prefeito”, teria decidido mergulhar na pré-campanha eleitoral aproveitando-se de um momento de apreensão de toda a população e que todos os esforços, “inclusive o silêncio de quem não sabe se expressar”, devam ser direcionados para apoiar as ações que estão sendo competentemente conduzidas pelo secretário municipal de Saúde, Cláudio Soares Feres. “Não podemos e a população brumadense saberá, no momento oportuno, repudiar essas tentativas, aceitar que se use a gravíssima crise que enfrentamos como estratégia política”, reforçou Leonardo Vasconcelos.
O fato da secretária demonstrar não se sentir confortável com as cobranças que são feitas por vereadores, foi ironizado pelo presidente da Câmara Municipal. Segundo Leonardo Vasconcelos, quem não quer ser cobrado por sua atuação deve “trabalhar por conta própria”.
O presidente da Câmara Municipal prosseguiu ressaltando que o momento exige prudência e responsabilidade, não é de buscar ou criar confrontos que não somam esforços para atender ao combate ao Covid-19. “A quem interesse, nesse momento, esse discurso irresponsável, essa provocação rasteira. Esse não é um momento de politicagem” indignou-se o vereador Leonardo Vasconcelos, acrescentando que a secretária Ednéia Vasconcelos melhor faria se estivesse somando esforços para que o trabalho, que repetiu, vem sendo feito com excelência pelo secretário Cláudio Feres, possa continuar e chegar a bom termo.
Leonardo Vasconcelos ressaltou, em resposta ao questionamento da secretária, que nos três últimos anos, a Câmara Municipal – seus treze vereadores – devolveu cerca de R$ 1,5 milhão aos cofres da Prefeitura, graças a uma política de austeridade administrativa e comprometimento com o povo de Brumado.
Leonardo Vasconcelos aproveitou para cobrar um posicionamento do prefeito em relação à postagem da secretária e disse lamentar que em Brumado, embora reforçando aplausos à equipe do secretário Cláudio Feres e aos profissionais de Saúde que estão envolvidos no combate à Covid-19, o gestor não tenha convocado o Legislativo Municipal e as entidades representativas da sociedade civil para compor um Comitê de Crise e montar uma estrutura de comunicação que mantivesse a população informada o tempo todo. “Mas essa é uma atribuição do prefeito, eu apenas gostaria que estivesse acontecendo”, concluiu.