Segundo alguns etimologistas a palavra cafuné, aportuguesada, é de origem africana, de uma das várias línguas bantas angolanas, um termo quimbundo.
O cafuné é o ato de coçar a cabeça de alguém com a ponta do dedo indicador e polegar de modo amoroso e delicado e produzir um estalido feito com as unhas, fato que deixa a pessoa em estado de relaxamento por esse gesto de carinho e afeto.
O cafuné provoca um estado de paz e prazer através da massagem lenta e sutil no couro cabeludo (cabeça) e provoca um deslumbramento emocionante na pessoa.
É mais comum o seu emprego nas mulheres. Elas adormeciam com esse procedimento, em geral, feitos pelas criadas escravas a sua senhora que adoravam esses afagos. Elas deitavam-se no colo das mucamas entregando-se a esse deleite. Era associado à preguiça e ao ritmo lento da vida daquela época. Há registro folclórico na seguinte quadra: “Só quero mulher/que faça café/não ronque dormindo/ e dê cafuné”.
Esse método vem de há muito tempo, desde a época da escravidão. As madames, esposas dos coronéis fazendeiros, tinham o habito de solicitar das mucamas fazer o cafuné para tirar uma soneca ou adormecer em sono profundo por se sentirem estressadas ou com insônia e/ou por motivos libidinosos não confessados, mas que provocavam sensação de êxtase.
A mulher para agradar o seu homem, que ficava cheio de dengo, quando ela fazia um cafuné caprichado, toda a raiva e contrariedade desapareciam diante desse gesto. O cupido garrava no sono.
Esse costume ainda hoje é muito frequente como gesto de carinho. As crianças adoram essa prática e tranquilos adormecem. Está presente em todas as classes sociais, principalmente na zona rural, mas é bastante empregado entre as pessoas que o fazem com o propósito de catar piolho ou lêndeas aliviando o portador desse incômodo.
Conta-se que um indivíduo português, fazendeiro, dono de muitas propriedades, era casado com uma patrícia, alva, bonita, graciosa, católica e delicada, bem cuidada, possuidora de todas as qualidades de beldade e de amor pelo marido. O indigitado abandonava a bela mulher e procurava na senzala uma escrava, simplesmente porque ela sabia fazer cafuné que lhe agradava, o cafuné o conquistou.
O cafuné não desapareceu.
CAFUNÉ
Chuva caindo, caindo lá fora. Cheiro de café pela casa. Cafuné na alma. Abgail Mendes