redacao@jornaldosudoeste.com

Caminhada

Publicado em

Agora faço caminhada.

Todas as manhãs.

De todo o meu coração, eu odeio caminhadas.

Mas, por mil e um motivos, esse é o único exercício que tenho conseguido fazer ultimamente.

E, por ser a única opção, tenho me dedicado.

Não sem reclamar.

Todo dia, acordo, visto a roupa e vou.

Ainda estou em processo de aprendizagem, mas as coisas que não me são tão caras faço nas primeiras horas do dia.

Eu poderia, como a maioria das pessoas que moram aqui “dar a volta no Guará”, mas a coragem não me deixa andar assim tão longe.

Essa “volta” é um circuito de aproximadamente 8km onde se dá a volta teoricamente no bairro inteiro.

Acontece que eu tenho preguiça, muita preguiça de chegar a um ponto do caminho e estar muito longe de casa e não ter como simplesmente voltar.

É que, quando chega a esse  ponto “longe de casa”, existem as seguintes opções: telefonar para alguém ir te resgatar ou continuar a caminhada. Não há como abortar a jornada.

Então, para evitar tal sofrimento, decidi ficar aqui perto.

Faço a caminhada matinal sem perder minha casa de vista.

É que,  aqui em frente, tem um circuito de 700m!

O que faço eu?

Fico, feito um peru bêbado, rodando esse percurso!

E, para me ajudar, eu ainda ando com uma fitinha na mão.

Para mim, a primeira volta é difícil, muito difícil.

Começo resmungando, reclamando e, na primeira vez em que passo em frente à minha casa, a vontade que tenho é declarar que já andei tudo que havia proposto para aquela manhã e entrar.

Mas aí lembro que minha fitinha não tem nenhum nó!

Para me obrigar a dar seis voltas,  a cada vez em que passo em frente de casa, dou um nó na fitinha.

Quando ela tem seis nós, dou mais uma volta.  

A última é a volta bônus. Nela passo pelos homens mais bonitos e cheirosos do Guará, vejo belas paisagens, pássaros incríveis, carros extraordinários.

Vejo mesmo?

Claro que não!

Nela nada acontece de especial, mas falo isso para dar mais uma volta e permanecer empolgada.

Empolgada sim, porque, depois da primeira metade da primeira volta, que é a parte mais chata, eu começo a aumentar o passo e, quando termino o primeiro trecho, onde corro um pedacinho e dou o primeiro nozinho na fita, começo a gostar.

Quando começo a gostar, rapidinho a fita se enche de nós.

Por isso, todas as manhãs, saio mesmo reclamando e dou o primeiro passo, por que o  muito chato fica legal ao longo do caminho!

Deixe um comentário