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Carta aberta aos filiados e militantes do Partido dos Trabalhadores de Vitória da Conquista

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“Os poderosos podem matar uma,
duas ou três rosas, mas jamais
conseguirão deter a
primavera inteira”.
(Che Guevara)

Mais uma vez o Partido dos Trabalhadores vai para uma eleição municipal rompendo indubitavelmente com os princípios que nortearam o nascimento deste partido, passando por cima da história da luta operária dos sonhos dos movimentos sociais, rompendo com a utopia da construção de uma nova sociedade, justa, fraterna e igualitária: Socialismo!

Do mesmo modo, o campo hegemônico no afã de manter a direção do Estado burguês segue firme numa crença torpe que vislumbra a probabilidade de fazer a “transformação social” a partir da institucionalidade burguesa. Longe de quererem de fato, esta hegemonia segue na contramão do desejo da militância de esquerda por transformações necessárias para a criação de um novo paradigma político, econômico, social e cultural para a cidade, para o estado e para o país.

O campo hegemônico do Partido dos Trabalhadores resolveu numa atitude antidemocrática, atropelar as tendências internas minoritárias de esquerda e do movimento mais geral de esquerda em outras localidades da Bahia. Dispostos a mergulhar fundo em mais uma aventura eleitoral, sem projeto e sem princípios programáticos, desrespeitando a história do PT e dos movimentos sociais. Neste sentido, prossegue contradizendo o legado petista que ao longo de sua história lutou coletivamente pela construção de uma nova sociabilidade.

Claro que compreendemos que essa atitude do campo hegemônico parte da perspectiva que o caminho para a construção do novo é via institucionalidade burguesa. Até acreditamos nas boas intenções destes companheiros. Mas, não podemos deixar de afirmar o quão grande é o equívoco político e quanto à história tem mostrado ao PT pelos caminhos mais tortuosos possíveis como está prerrogativa é errada.

Nos últimos pleitos eleitorais em nossa região, vimos o governo do Estado cometer ingerências em vários diretórios municipais, apontando candidaturas, cerceando outras de valorosos companheiras e companheiros orgânicos do partido, impondo alianças que se mostraram nocivas a estrutura partidária. Trazendo figurões locais para as fileiras partidárias, que contaminaram nossa história, destruindo-a e empurrando-nos para a vala comum dá política burguesa.

O processo do “Mensalão”, o processo da Lava Jato, o impeachment da companheira Dilma Rousseff, companheiros importantes, como José Dirceu, José Genuíno, Luís Inácio Lula da Silva, mergulhados em um mar de lama, tudo por que resolveram marchar por dentro da institucionalidade burguesa, utilizar dos mesmos métodos para manter uma famigerada governabilidade, que está destruindo o partido.

A ampliação do leque de alianças, que trouxe para a base do Partido dos Trabalhadores, partidos que nunca tiveram compromisso com a legalidade política, partidos que se utilizaram dos recursos públicos para enriquecimento ilícito de figuras deploráveis que agora são chamados de nossos aliados. Tudo em nome desta famigerada governabilidade burguesa.

Ao mesmo tempo, este nosso partido dos trabalhadores e trabalhadoras deste país, abandonou as lutas sociais, atraiu para os gabinetes lideranças populares, abandonou aqueles que se negaram a capitular a lógica eleitoreira. Isto tudo nos transformou em um partido cartorial, capaz de “tudo” para garantir sucesso em processos eleitorais, que muito mais contribuiu para nos tornarmos iguais a vários outros partidos desta direita sinistra que domina o país e o Estado desde a colonização.

Na Bahia e no Brasil, todas as correntes internas advindas da antiga Articulação Unidade na Luta, hoje conhecida como CNB e outras tendências dissidentes, porem nem tanto, que formam o campo hegemônico do PT, dirigentes do Estado e numericamente dominantes nos diretórios municipais. Vem mais uma vez, atuando contra a história do partido, impondo candidaturas alinhadas com o projeto do PRC (Partido Republicano Central), parafraseando um valoroso companheiro partidário.

Não é por coincidência que em Jequié, as candidaturas à esquerda, foram implodidas, dando espaço para uma frente partidária constituída por partidecos de direita. Ou, no caso de Brumado, onde o diretório municipal foi dilacerado pelo PRC em defesa do nocivo PMDB, que trabalhou lado a lado com a burguesia, contra o governo do nosso partido no cenário nacional. O Partido dos Trabalhadores foi destruído nas cidades vizinhas, com candidaturas que não representam a história do PT, com figuras vindas das elites mais autoritárias de suas regiões. Tudo em nome da governabilidade.

E aqui em Vitória da Conquista, onde governamos há 20 anos, lamentamos que eles tenham rompido com o paradigma da transformação, trocando nosso projeto, nossa história e nossos sonhos, por uma gestão pública eficiente, porem, despolitizada e distante dos anseios e da história da militância orgânica, excluída do processo político.

Diante do exposto, o COESO (Coletivo Ética Socialista), que há 26 anos vem buscando devolver o Partido dos Trabalhadores aos trilhos da história dos movimentos de esquerda em nosso município, apresenta este documento, reafirmando nosso posicionamento contrario a este processo de degeneração política que o campo hegemônico liderado pela tendência REENCANTAR, a mesma do governador da Bahia, impõem ao partido, afirmando nossa postura na crítica contumaz a todo este processo, que para nós significa um passo largo a destruição definitiva do PT, enquanto partido de esquerda, representante das classes que vivem do trabalho neste país.

Ao mesmo tempo, comunicamos nosso afastamento do processo político eleitoral em 2016, mesmo reafirmando que temos uma candidatura a vice do companheiro Zé Raimundo. Mas, mediante a postura hegemonista dos dois campos majoritários do partido no município e ciente de que estes grupos não terão escrúpulo algum em utilizar do poder numérico empregando o uso indiscriminado das cadeiras para passar por cima do estatuto partidário. Deixamos esse processo, afirmando que não abandonaremos a luta, pela reconstrução do Partido dos Trabalhadores e pela manutenção da utopia de uma sociedade justa, fraterna e igualitária, o SOCIALISMO.

COESO
Coletivo Ética Socialista
Vitória da Conquista – Bahia
Inverno, 03 de agosto de 2016

 

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 744