Saudoso irmão:
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Hoje, muito cedo ainda, acordei com o canto do meu Bem-te-vi, como se pretendesse me avisar de que, este 13 de abril, completa um ano da sua partida.
Ah, bem-te-vi! Como se eu pudesse esquecer dessa fatídica data, que se repete a um ano, trazendo-me a sua lembrança, para registrá-la, como sempre fiz neste transcurso, em minhas palavras, em corroída saudade, a cada mês. Mesmo assim, fico-lhe agradecido, pois, como se diz, “quem avisa, amigo é!”.
Você bem sabe, irmão, do amor que a nossa familia lhe dedicava em vida, e, agora, redobrado com a sua ausência, demonstrado pelas lágrimas que escorrem dos seus irmãos, da tia Bel, e de tantos outros que o amavam, enternecidos pela beleza das suas canções, em momentos familiares ou pelos palcos, ruas, praças, que você passou, com as suas mensagens de alegria, de paz, de sonhos e fantasias, como Pierrot apaixonado com o que fazia, e sabia fazê-lo, com plenitute artística e estonteante criatividade.
Mas, olhe, se a sua voz se calou na presença fisica, de uma figura chamativa, vistosa, autêntica e, sobretudo, empolgante, permanece audível, por esse Brasil afora, para apagar a tristeza que esse vírus maligno que nos assola a todos, e do qual se livrou em boa hora, com a exibição do seu eclético repertório musical, que em nenhum momento, irradiou “tédio”, como remédio às dores sentimentais, como bem se pode constatar na doce e romântica “Sintonia”.
Pelas emissoras radiofônicas, nos canais de televisão, no yutube e outras vias, a sua presença continua tão viva, com se não tivesse morrido, como, aliás, acredito, pela sua profecia de que “poeta não morre”.
Isso se repetirá, hoje, com mensagens vindas de todos os lados, com a singela homenagem, na voz e criação de um dos seus conterrâneos, em Ituaçu, um daqueles que mereceram a sua amizade e, até mesmo, influência nas horas das suas retretas entre amigos.
Quem, como você, deixou raízes musicais tão profundas e significativas, não pode mesmo cair na voluptuosidade do tempo, para ser esquecido tão rapidamente, passando, portanto, pelas gerações mais novas, senão pelo gosto rotineiro, mas com a respeitabilidade só merecida por seres ungidos pela virtuosidade criativa, de quem mereceu o titulo de “mensageiro da alegria” , reinando para sempre no divinal palco da glória eterna.
“A saudade me dói, camarada”, como diz o poeta Fernando Azevedo, em sua dor também sentida, como a que sinto agora, e me deixa em um misto de tristeza e e felicidade, por sabê-lo do jeito que foi, e as minhas palavras não são capazes de traduzir como meu coração de mano velho deseja.
Saudade!
José Walter Pires
[ ] 13.04.2021