A nossa alma, a nossa vida, precisa de festas e celebrações. As festas trazem para nossa alma um aspecto essencial: celebra-se uma festa para destacar o que é importante em nossa vida. A festa é alimento para a vida e para a alma. Festas destacam elementos importantes da nossa fé e da cultura que marca nossa personalidade e nossos ambientes de vida. Enquanto celebramos uma festa, se move dentro de nós aspectos importantes, abre-se em nossa mente memórias positivas e alegres e, nisso, enfrentamos com confiança, possíveis ameaças e tristezas. As festas tem um efeito curador. Quando nos entregamos ao ritmo da festa, o nosso corpo e nossa alma entram num ritmo saudável.
Durante um ano e na vida da Igreja acontecem muitas festas. O ano litúrgico expressa um ritmo que atinge nossa vida em todos os aspectos. O tempo de advento é tempo de espera. Na vida precisamos também aprender a esperar. Nem tudo acontece de imediato. Esperar e manter vivo o desejo do novo. A espera comporta o desejo de transformação da vida, da cura de enfermidades, da chegada do tempo e da vitória. As festividade de final de ano tratam de um novo começo, uma nova esperança. Uma boa notícia que acontece e se concretiza como oportunidade do novo. O Novo Ano sempre comporta o luto pelo que já passou e a esperança se abre em nossa frente. Temos oportunidade de fazer mais, ser melhores e conquistar o que temos como meta. Esses ritmos nos dão noção de que não estamos fixados na história, sem possibilidades de superação. Nossas feridas, humilhações e perdas são introduzidas em um novo tempo.
Deus introduz pelo nascimento de Jesus um novo começo. Quando Jesus nasce em nós, entramos em contato com a imagem autentica e intocada de Deus em nós. Nos primeiros meses do ano acontece também a quaresma. É o tempo da purificação interior à revisão da vida. Quando conscientemente reduzimos a alimentação e jejuamos, descobrimos aquilo de que nos torna dependentes e desintoxicamos o corpo. A interiorização, a contemplação produz uma limpeza de alma. A paixão e morte de Jesus lembra a fragilidade da vida e nos da oportunidade de examinar as nossas enfermidades. Na luz de Jesus percebemos que não precisamos ficar desolados por causa da doença e nos mostra um jeito novo de encarar a doença.
A festa da ressurreição quer nos animar, nos fazer ressurgir do túmulo de nossas angústias e depressões. Diz-nos que mesmo diante da morte e da paixão, da dor, há sempre uma esperança nova. As cadeias podem se abrir, os traumas que nos mantêm presos podem ser curados e iluminados pela luz. Na festa de Pentecostes festejamos o espírito que nos enche de vida. Percebemos que não precisamos fazer tudo por nós mesmos, mas que em nós há uma força que nos sustenta e que penetra todo nosso ser. As festas nos ajudam, portanto, a entrar num ritmo de cura da alma. Por isso, não deixemos de fazer festa, de celebrar. Não deixemos as oportunidades de celebrar passar por nós. Elas nos tornam mais vivos.