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Chuva dos Umbus

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Por Antônio Novais Torres

Em Brumado, na Bahia a chuva dos umbus se precipita, geralmente, entre os meses de novembro até fevereiro. A planta pode alcançar sete metros, tem tronco curto e copa em forma de guarda-chuva. As flores são brancas, agrupadas, perfumadas, com néctar que é retirado pelas abelhas para se alimentarem e produzirem mel.

O fruto é pequeno e arredondado, de casca lisa ou com pequenos pelos, que lhe conferem uma textura levemente aveludada.  De sabor agradável, levemente azedo, o umbu tem a coloração verde-amarela. Grande parte da sua composição é aquosa e possui consideráveis propriedades nutricionais, sendo rico em vitamina C.

É muito apreciado para consumo humano in natura ou beneficiado, na produção de polpas de fruta, sorvete, geleias e doces. Vale salientar que o fruto maduro dura no máximo dois ou três dias, o que dificulta o consumo in natura. O fruto e a folha do umbuzeiro também são utilizados na alimentação animal.

Como a maioria das plantas na Caatinga, o umbuzeiro perde todas as suas folhas nos períodos de seca, mas volta a florescer assim que começam a cair as primeiras chuvas. A frutificação segue o mesmo percurso, estando os frutos maduros 60 dias após a abertura das flores.

As raízes do umbuzeiro, em formato de batatas, podem ser utilizadas na culinária popular e apresentam um sabor adocicado. As populações tradicionais utilizam o suco da raiz nos casos de escorbuto, doença que tem como sintomas hemorragias nas gengivas em decorrência de carência grave de vitamina “C”. Em períodos de estiagem forte, a água armazenada nas raízes pode ser consumida por pessoas e animais, ainda se atribui a ela propriedades medicinais antidiarreicas.

A prática de coleta dos frutos é uma atividade cultural passada de geração em geração e começa desde a infância por influência dos avós e pais. Os seus frutos são muito utilizados nas áreas rurais do Nordeste como base alimentar e econômica. Complementam a renda o cultivo de culturas como milho, feijão e mandioca, e a criação de caprinos e ovinos.

Os primeiros moradores do sertão, os índios, utilizavam as “batatas” dos umbuzeiros para curar doenças e os frutos para se alimentar. As “batatas” muitas vezes são utilizadas pelos vaqueiros do sertão para matar a sede nas suas jornadas na Caatinga. Elas possuem propriedades medicinais e são muito usadas na medicina caseira para o tratamento de diarréias e no controle de verminoses.

As queimadas devem ser muito bem planejadas e feitas com cuidado, pois podem prejudicar muito a produção dos frutos.  O extrativismo predatório, a devastação das áreas naturais e a proibição de acesso às áreas de coleta por parte dos proprietários têm causado conflitos com as comunidades locais.

Iniciativas experimentais de cultivo comercial a partir de produção de mudas com variedade de umbu gigante nos municípios baianos de Livramento de Nossa Senhora e Dom Basílio.

 A Usina de Beneficiamento de Umbu-(UBU),  na comunidade do Campo Seco, em Brumado, agora será assessorada pelo Centro Público de Economia Solidária (Cesol). Para o presidente de Associação do Campo Seco, Judi Caé, que vem mantendo a UBU em funcionamento, o momento é de muita comemoração. “A nossa dificuldade maior era em comercializar os produtos.

Em outro pronunciamento, Caé afirmou que a usina funciona de modo legalizado, inclusive, segundo ele, 22 pessoas foram capacitadas para atuar na unidade, promovendo apoio e geração de emprego e renda para a comunidade e região. Inconformado, Caé disse que a produção é comercializada fora do município, mas não consegue ser inserida na rede municipal de ensino. Eu não entendo por que se a documentação da associação está toda em dia. “Isso é uma tristeza para nossa comunidade”, lamentou.

 Existe na Prefeitura Municipal de Brumado, uma lei que trata da preservação do umbuzeiro. É de suma importância, a preservação dessa planta nativa que como disse o escritor Euclides da Cunha o imbuzeiro é o símbolo do sertão catingueiro, que infelizmente, não está sendo observada pelos predadores e, portanto, não há punição para esse delito ambiental. A prática de coleta dos frutos é uma atividade cultural passada de geração em geração e começa desde a infância por influência de pais e avós. Os seus frutos são muito utilizados nas áreas rurais do Nordeste como base alimentar e econômica.

O Projeto de Lei 31/62, proíbe em todo território do município de Brumado a destruição a ferro ou fogo dos espécimes vegetais conhecidas pelas denominações de Umbuzeiro, Coqueiro, Juazeiro, Mandacaru os quais são essencialmente úteis e necessários à alimentação do homem e de animais do reino vegetal. Ata de 14/02/1962 autoria de Paulo Afonso Valverde Chaves.

Lei 1030 de 26/06/1992 – É obrigatório a preservação do Umbuzeiro no município de Brumado e aquele que injustificadamente destruir ou contribuir com a sua ação ou omissão para a morte dessa árvore frutífera, estará sujeito às penalidades previstas na Constituição Federal, Constituição Estadual e na Lei Orgânica do Município, caso não repare o dano com a plantação de novos pés de umbuzeiro. Indicação de Aroldo Miranda Meira e Geraldo Leite Azevedo sancionado pelo prefeito Edmundo Pereira Santos.

COMENTÁRIOS:

O Umbuzeiro é a árvore sagrada do sertão. Sócio fiel das rápidas horas felizes e longos dias amargos dos vaqueiros. Representa o mais frisante exemplo de adaptação da flora sertaneja.” (Euclides da Cunha em “Os sertões”)

 Chateaubriand, Francisco de Assis Bandeira de Melo (1892-1968), jornalista e empresário brasileiro, nasceu em Umbuzeiro, na Paraíba. Enciclopédia Microsoft® Encarta.

Graciliano Ramos no seu romance Infância (1945) descreveu o imbuzeiro e a sua importância para o sertanejo.

Intitulado por Euclides da Cunha como a “árvore sagrada do sertão”, o umbuzeiro é também conhecido como imbuzeiro. O seu fruto é o umbu ou imbu. A palavra que lhe deu esse nome é o “ymbu”, de origem tupi-guarani, que significa “árvore que dá de beber”, uma referência a sua característica de armazenamento de água, especialmente da raiz, qualidade necessária para sobrevivência nos longos períodos de seca no seu habitat natural, a CAATINGA.

Fontes:

Site: cerratinga.org.br/umbu;

Enciclopédia Encarta;

Informações colhidas na Internet

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 747