Por GISELE COSTA
A chuva da madrugada do último domingo (11) provocou estragos em toda a área urbana de Brumado, afetando principalmente obras recém inauguradas e outras que ainda estão sendo executadas, expondo, mais uma vez, a fragilidade da infraestrutura urbana e colocando sob suspeita a qualidade dos serviços prestados pelas empresas contratadas pela Prefeitura Municipal para realizar os projetos. Um dos questionamentos, em razão dos estragos apontados, são em relação a efetiva participação de um profissional de engenharia no acompanhamento dos serviços.
As redes de escoamento, repetindo um problema que se renova a cada período de chuvas na cidade, não comportaram o volume de água, provocando a destruição da pavimentação e a inundação de vias e ainda, segundo relatos nas redes sociais, de alguns imóveis em Bairros periféricos e na Vila Presidente Vargas.
Na Vila Presidente Vargas, a elaboração e execução de um projeto de pavimentação que segundo foi relatado à reportagem do JS, não respeitou, além do bom senso, o direito dos moradores, causou sérios danos. Como o calçamento foi feito em um nível acima do original das vias e em muitos casos com a retirada dos passeios e sem que guias de meio fio fossem fixadas, diversas residências foram invadidas pela enxurrada.
Mas, repercutiram os moradores da cidade, a situação que melhor exemplificou a ausência de critérios técnicos, a possível negligência na fiscalização das obras pelo poder público e o descaso com o dinheiro da população, foram as do recém inaugurado sistema viário ligando os Bairros Olhos D’Água e Santa Tereza, que incluíram a pavimentação da Rua Israel Dias de Oliveira e do prolongamento da Rua Antônio Ferreira da Silva e a construção da rotatória que abrange ainda as Ruas Maria Nilza Azevedo, José Batista da Silva e Geremias Alves de Lima, onde passeios e a pista de rolamento apresentam danos causados aparentemente pela má qualidade dos serviços executados – e do trecho já concluído do Canal de Drenagem do Riacho do Sapé – muros de contenção sem ferragens desabaram e apresentam rachaduras em sua base e no piso.
Em diversas pontos da cidade o retrato é o mesmo, ruas esburacadas e pavimentações recém concluídas já danificadas, jogando por terra a técnica moderna, adotada pela gestão do prefeito do município, engenheiro Eduardo Lima Vasconcelos (PSB), de substituição do cimento por refugo de matéria calcinado em uma mineradora da cidade e, na maioria dos casos, usa-se apenas areia para fixação das pedras.
O prefeito, diante da repercussão da indignação de populares, que usaram as redes sociais para mostrar os estragos causados pela chuva, ainda na manhã do domingo (11), através de blogs, respondeu à população. Como tem feito sempre que contrariado, Vasconcelos adotou um tom arrogante e debochado ao classificar os cidadãos que mostraram os estragos e cobraram explicações do poder público como sendo “aqueles que puxam Brumado para baixo” – bordão que usa como um mantra para identificar todos que não se submetem aos seus caprichos e liderança –e citar versos do imortal sanfoneiro Luiz Gonzaga, na letra da música ‘Súplica Cearense’.
Na manhã desta segunda-feira, 12, o titular da Secretaria Municipal de Infraestruturas, Serviços Públicos e Desenvolvimento Urbano, Douglas Darlan Malheiro Leite esteve, acompanhado de técnicos da Secretaria, vistoriando os pontos considerados mais críticos após as chuvas que caíram na cidade desde a madrugada do domingo.
No início da tarde, por telefone, o secretário Douglas Darlan atendeu à reportagem do JS e apontou uma série de providências que já estariam sendo adotadas para recuperação de vias e para que a empreiteira responsável pelas obras do Canal de Drenagem do Riacho do Sapé, no trecho compreendido entre as Ruas Israel Dias (Olhos D’Água) e Teodora da Silva Leite (limite dos Bairros Olhos D’Água e Santa Teresa), execute as intervenções para correção dos problemas.
Segundo o secretário, a empreiteira responsável pelas obras do Canal de Drenagem do Riacho do Sapé que foi danificado pelas chuvas, Construtora Áurea Ltda, vencedora da Tomada de Preços nº 001/2018, cumpra a cláusula prevista no Contrato estabelecendo a obrigação de responder por eventuais danos no período de cinco anos a partir da entrega das serviços. O secretário destacou que a obra ainda não foi entregue ao município e, portanto, a responsabilidade pela correção dos danos é, independentemente do que foi acordado, responsabilidade da empreiteira.
Comentando os danos no canal do Riacho do Sapé, o secretário municipal de Infraestrutura, Serviços Públicos e Desenvolvimento Urbano, engenheiro Douglas Darlan Malheiro Leite, apontou como causa possível para os danos na estrutura “problemas na junta fria” e, também, a pressão resultante do peso de entulhos depositados na lateral do muro de contenção.
Os danos observados em outras vias da cidade, segundo análise dos dados que ainda está sendo feita por técnicos da Secretaria, o engenheiro Douglas Darlan disse que as obras emergenciais serão executadas imediatamente, observadas as condições do tempo para que não haja comprometimento dos serviços, e, posteriormente, será elaborado um estudo para adoção de medidas que possam solucionar definitivamente os problemas.
Em relação aos serviços de pavimentação executados na Vila Presidente Vargas, o engenheiro disse que foram feitos observando o Código de Obras e Posturas, tendo havido, em alguns casos, vias em que houve a necessidade de eliminação do passeio para que houvesse condições de trafegabilidade. Questionado sobre os prejuízos causados a moradores que construíram suas casas antes da aprovação do Código de Obras e Posturas e portanto não deveriam ter alterados os traçados e largura das vias, Douglas Darlan disse que um levantamento será feito para que a Administração Municipal possa adotar as medidas necessárias. O secretário não confirmou, embora também não tenha descartado, que os prejuízos causados aos moradores serão ressarcidos.